Capítulo XLV

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***Thales

Já era bastante tarde... Eu e Beatriz já havíamos dado um jeito de acomodar a todos confortavelmente, na medida do possível, para que pudessem ter uma boa noite de sono, pois era o mínimo que mereciam depois de tudo que passaram.

Eu estava deitado na companhia de Miguel, mas sequer conseguia pregar o olho. A situação estava ficando cada vez mais complicada para todos nós e meu medo do que poderia acontecer em seguida só fazia aumentar.

- Não consegue dormir, baixinho? - Miguel perguntou me abraçando por trás carinhosamente.

- Eu estou com tanto medo. - Confessei.

- Eu te entendo. Depois de tudo que aconteceu essa noite tenho que ser sincero com você. Também estou bastante preocupado com o que pode vir acontecer com a gente.

Eu suspirei fundo e lentamente me virei de frente para encará-lo nos olhos. De certa forma, olhar o rosto dele ali próximo ao meu, me transmitia uma paz enorme.

- Miguel... - Sussurrei.

- Pode falar. - Disse ele me olhando nos olhos. Seu olhar parecia enxergar minha alma.

- Eu não sei mais o que fazer, o que pensar... Eu estou com tanto medo. Não aguento mais toda essa situação. Muitos estão morrendo e isso tudo é culpa minha.

- Não diga isso, Thales. - Ele me repreendeu colocando seu dedo indicador sobre meus lábios. - Você não tem culpa de nada disso. Se existe um culpado, esse alguém é esse louco que está disposto a matar todos nós só pra pôr as mãos em você.

- É isso que eu não consigo entender. Quantas vidas a minha vale? E pra quê? Nada disso faz sentido pra mim... - Eu agora sentia vontade de começar a chorar.

- Ei... - Miguel segurou meu queixo com dois dedos. - Nem pense em começar a chorar! Uma coisa eu te prometo de coração, eu não vou deixar que nada de mal te aconteça. E seja lá quem quer que seja que está por trás disso tudo, ele vai pagar por estar te fazendo sofrer, vai pagar pelo que fez ao meu Clã.

- Eu não quero que você se machuque, Miguel... Eu tenho tanto medo de te perder. Eu não conseguiria viver sem você. - Uma lágrima silenciosa escapou de meu olhar que mantinha-se fixo em Miguel.

- O que mais importa agora é sua segurança. Eu não ligo que algo aconteça comigo, desde que você fique bem, pra mim está ótimo.

- Não. Eu não quero que você ou nossos amigos se arrisquem por minha causa. Eu não quero perder nenhum de vocês. E principalmente você, que eu tanto amo. - Dizendo isso eu o abracei fortemente.

Miguel retribuiu meu abraço e ficamos em silêncio por alguns instantes. Ele acariciava minha nuca com uma de suas mãos.

- Eu te prometo que vamos ficar bem. Eu demorei muito pra me apegar a alguém novamente e agora que isso aconteceu, eu não quero que isso acabe tão cedo. - Sussurrou ele em meu ouvido.

- Eu te amo tanto, Miguel... Você não faz idéia. - Sussurrei de volta.

- Ah eu faço sim... Eu sei sim... Eu vejo nos seus olhos o quanto você me ama. E te agradeço por sentir isso por mim. Eu nunca pensei que alguém pudesse me amar desse jeito, isso me deixa muito feliz meu baixinho... Muito obrigado.

Miguel terminou de dizer aquelas lindas palavras e me beijou carinhosamente. Sentir seu beijo e seus carinhos era tudo que eu mais precisava naquele momento de fragilidade. Eu me sentia como se fosse mais forte.

Estar com ele me fazia esquecer de todos os problemas externos, era como se ficássemos presos em um mundo só nosso. Um mundo de paz, amor, carinho...

Embora Miguel jamais tivesse dito que me amava, eu conseguia sentir através de seus beijos, seu toque, suas ações... Sim! Eu sei que ele sentia o mesmo por mim, embora ele não conseguisse dizer em palavras. Mas palavras são apenas palavras, seus atos me revelavam muito mais.

Seu beijo foi se tornando mais feroz, seus toques mais atrevidos... Eu conseguia sentir a tensão sexual tomando conta do ambiente. Ao mesmo tempo em que eu queria que aquilo fosse adiante e tomasse um rumo desconhecido pra mim, eu tinha receio. Eu não tinha qualquer experiência e um certo medo começava a tomar conta de mim.

Miguel afastou-se de mim alguns centímetros, sua respiração estava ofegante. Ele me encarou com seu olhar profundo e disse:

- Acho melhor parar, não sei se posso me controlar muito mais tempo. - Ele se virou para o outro lado.

Um sorriso escapou de meus lábios naquele momento. Então eu me aproximei dele lentamente o abraçando por trás e apoiei meu rosto sobre o dele os mantendo colados. Eu amava a sensação da pele fria de Miguel tocando-me.

- Miguel... - Sussurrei. - Do que você tem medo?

- Eu tenho medo de te machucar, pois sei que nunca fez isso antes, e também tenho ainda mais medo de te decepcionar, eu não quero nunca fazer alguma coisa que você não queira. Me envolver com alguém do mesmo sexo é novo pra mim... Então... E se eu fizer alguma coisa errada?! - Eu podia sentir a insegurança em suas palavras.

- Você não tem que ter medo... Lembra de quando eu te disse que você deve fazer o que tiver vontade? Nunca exite. É errando que se aprende. E se for pra eu aprender uma coisa tão especial assim, quero que seja com você, o garoto que eu mais amo nesse mundo! Vamos aprender juntos. Eu confesso que tenho um certo medo também, porque não sei como é, não sei o que fazer... Mas se eu tiver que aprender, que seja com o amor da minha vida. E não há nada que eu queira mais nessa vida do que ser seu por inteiro, Miguel. - Confessei. Eu podia sentir meu rosto arder em chamas. Jamais imaginei em toda a minha vida que eu fosse capaz de dizer algo assim para um garoto. Mas Miguel conseguia fazer com que eu quisesse enfrentar todos os meus demônios interiores.

- Eu não sei, baixinho... - Disse ele se virando novamente para mim. - Tenho muito medo de te machucar.

- Miguel... Eu não sou um boneco de porcelana. Eu entendo seus cuidados comigo, mas... Eu não vou quebrar. - Meu olhar se mantinha fixo ao dele.

Os olhos de Miguel brilhavam ao ouvir cada palavra que saía de minha boca. Eu já não conseguia mais esconder meu desejo por aquele garoto. Tudo que eu mais queria naquele momento era que ele deixasse de ser tão cuidadoso e me possuísse como o mais feroz dos animais. Como o animal que eu sei que ele era.

- Eu... - Ele engoliu em seco. - Esse seu olhar me deixa ainda mais louco sabia?

Eu dei um sorriso tímido e desviei meus olhos dos dele. Só aí então tive coragem de dizer:

- Essa é a intenção! Quero ver a fera que habita seu interior se libertar, agora!

- Quer saber?... Eu não aguento mais!

Miguel parou de resistir e subiu em cima de mim me beijando como se nossa existência dependesse daquele momento. Suas mãos deslizavam por todas as partes do meu corpo, por um instante eu sentia como se um polvo estivesse me agarrando e removendo cada peça de roupa que eu vestia.

Eu senti meu corpo se incendiar, também despi Miguel por completo. Comecei a descobrir toques e sensações nunca antes imaginados.

O beijo gelado e ao mesmo tempo ardente de Miguel me transportava para um universo novo, um universo que só pertencia a nós dois. Agora sentindo o corpo totalmente nu e gelado dele junto ao meu, eu tinha certeza do que eu realmente queria.

O corpo desprovido de calor dele, era minha perdição e minha redenção. Me entreguei por completo a ele naquela noite. Queria ser seu objeto de desejo e realização sexual... Queria ser dele pra sempre. Eternizar aquele sentimento de amor sob aquele edredom e encima daqueles lençóis era tudo que eu precisava fazer, era tudo que eu mais queria.

O Belo e O Fera [Livro 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora