Capítulo Vinte- Segunda Parte

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Antes de começar a história, quero fazer um adendo. Tentem não julgar os personagens pelo que aconteceu nesse período da história. São fatos nada honrosos, mas fazem parte da vida dela, então tem que ser contados.

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Quando me efetivaram na empresa, eu comecei com salário, razoável, mas não alto. Precisava pagar as contas que fizemos enquanto estávamos desempregados. E eram muitas. Principalmente os cheques das roupas que vendíamos. Além de um dinheiro que pegamos emprestado de um amigo.

Nesse período, eu passei da extrema depressão para a exacerbada euforia. Não tinha limites. Tudo parecia bem. Aparentemente, era a extrema felicidade. Tudo parecia maravilhoso e colorido. Mas, minha relação com o Davi ia de mal a pior. O distanciamento dele me afetava. Principalmente porque nessa fase em que eu me encontrava, sentia- me muito sensual. E ele não correspondia. Era uma contradição total a nossa vida. Na minha cabeça doentia, todos os homens estavam aos meus pés. E tinha uma energia fora do comum. Mas, achava que tudo estava normal. Não tinha consciência do que estava acontecendo de verdade.

Aos poucos, fui desenvolvendo um sentimento platônico por um colega meu. Não tinha planos de ficar com ele, mas achava que estava apaixonada. Falei para ele o que sentia e ele ficou cheio de si. Então, contei para uma amiga íntima o que estava acontecendo. Ela insistiu incessantemente comigo que eu tinha que contar para o Davi. Só assim resolveríamos as coisas entre nós. Discordei dela. Mas, ela me fez contar.

Foi uma das piores coisas que eu fiz na vida. Primeiro, ele ficou desesperado. Dizia que eu era dele. Que meu corpo era dele. Surtou. Passado um tempo, ele passou a ter raiva de mim. Pisava em mim. Gritava comigo. Humilhava-me. Gritava tanto comigo, que os vizinhos ouviam.

Caí na depressão novamente. E aquele sentimento pelo colega como veio, foi embora. Eu fiquei anestesiada. Assim como eu aceitei calada os abusos da minha mãe, eu reproduzi os mesmos sentimentos. Achava que eu merecia aquele tratamento abusivo. Ele não queria se separar, só queria me humilhar.

Nesse período, ele começou a andar para lá e para cá com a filha da minha melhor amiga, a mesma amiga. Eu, na época, achava que era uma amizade inocente. Ele a buscava na escola, ia na casa delas todos os dias. Ela ia lá em casa quando eu estava trabalhando. Iam juntos me buscar no trabalho.

Até que um dia li a agenda dela que estava aberta em cima da mesa e eu estava lá e li, quase sem querer, pois estava escancarada para quem quisesse ver uma poesia de amor para o Davi. Fiquei achando que fosse delírio da cabeça dela, porque eles estavam sempre juntos.

Ledo engano. Bem mais tarde, ele me contou que eles se beijavam. Mas, não houve o ato. Eu não sei até que ponto que foi, só sei que ela era virgem quando casou. Inclusive, houve um dia em que ela foi à minha casa e ele fechou a porta, então a mãe dela foi atrás e deu um jeito para que parassem aqueles encontros. No entanto, ela falava para todo mundo que eles namoravam e, para a mãe dela, que ela era apaixonada por outro Davi, não ele. Tem mãe que é cega, ou finge.

E eu nessa história toda? Achava que merecia o castigo.

IsadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora