Capítulo Dezesseis - primeira parte

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E chegou dezembro. Mandei fazer um conjunto branco para o casamento e comprei uma roupa social para o Davi, com gravata e tudo. Comprei umas lingeries novas, pensando na lua de mel, que seria na nossa nova casa, pois não tínhamos condições de viajar.

Minha tia paterna pagou o casamento. Meu tio materno deu o bolo. E uma coisa incrível que aconteceu: várias vezes, eu cheguei em casa e na porta havia presentes de casamento, tais com toalha de mesa, várias tupperwares e outros utensílios. Na primeira vez, fiquei muito intrigada. Quem seria? Perguntei para a minha tia e me disseram que tinha sido a minha mãe. Fiquei achando muito estranho.

Uma das irmãs de minha mãe tinha continuado minha amiga e eu sempre a visitava e um dia ela me chamou para um encontro na casa dela. Estavam lá minha mãe, minha tia Graça, minha tia Nice e minha avó materna.

Aparentemente, minha mãe queria fazer as pazes, pois soube do casamento; no entanto, ela estava fria como sempre, parecia meio grogue pelos remédios que estava tomando, que soube serem  fortes.

Fiquei feliz de ver minhas tias e minha vó. Ninguém havia me procurado até então e eu estava carente de família.

Mas só conversamos. Nada ficou decidido nesse encontro. Se continuaríamos a nos ver, ou se iriam para o meu casamento. Também não explicaram por que queriam me ver naquele dia. Talvez para saber se eu queria pedir alguma coisa para casar, mas eu não mendiguei. Se quisessem dar algo, que fosse amor.

Os dias voaram...

No dia vinte e um de dezembro, minha melhor amiga nos levou para outra cidade, a mim e ao Davi, onde morava minha tia paterna que daria a festa e o casamento no cartório. Até o último momento, fiquei com esperança de que minha família fosse ao casamento, mas foram apenas meu tio materno e sua esposa.

Da família do Davi, foram vários membros. Todos os nossos parentes e minha amiga Lily seriam testemunhas.

Casamos na casa da minha tia Eron. Fizeram um churrasco para nós. Eu, vestida com um conjunto branco e ele, lindo, todo de roupa social. Não quis me vestir de noiva, porque não era uma cerimônia religiosa. Mas, arrependo-me até hoje.

O Davi estava muito feliz. Nunca o tinha visto tão solto, tão alegre. A minha felicidade estava um pouco ofuscada pela decepção de realmente não ser importante para a minha família. Se é que eu poderia chamá-los de família, pois família é quem dá amor. (Pelo menos, foi a mensagem que eles me passaram com essa atitude).

Então, o juiz de paz fez um discurso falando sobre a importância do matrimônio. O que nos deixou emocionados.

____ Coloquem as alianças, que será um símbolo do seu amor. ____ disse o juiz de paz ____ Agora sim, eu os declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.

Ficamos alegres com essa expressão "marido e mulher". Ficou retumbando em nossa mente. Era um mundo novo a ser explorado. E eu esperava imensamente que fôssemos felizes.

Nosso casamento não teve o glamour com o qual eu havia sonhado. Não iria morar na casa dos meus sonhos. Mas, eu estava feliz, porque havia esperança de uma vida com muito menos sofrimento.

IsadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora