Capítulo Vinte e Oito - Parte Dois

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No segundo semestre de 2007, tive que enfrentar  outra ameaça - o novo supervisor - eu, na minha inocência, achava que ele me compreenderia melhor por ter sido meu substituto; no entanto, ele sentiu-se orgulhoso pela nova função e começou a me perseguir.

Certo dia, disse-me:

____ Quero que me ajude a conferir os bens da empresa, um por um. Cada número de série.

____ Tenho coisas urgentes para fazer. Tenho inúmeras coisas que estão acumuladas, mas depois eu vou ajudá-lo.

Ele ficou quieto, mas não gostou. Ignorei-o e continuei a fazer o meu serviço que, no momento, era urgente. Tinha data para entregar.

No dia seguinte, a gerente geral me chamou e disse-me:

____ O seu supervisor me disse que você não quer atendê-lo. Que está se rebelando contra ele.

____ Não foi bem assim que aconteceu. Eu disse a ele que tinha coisas urgentes para fazer. Que depois eu o ajudaria.

____ Você deve atendê-lo, pois ele é seu supervisor e, além disso, ele me pediu que eu tirasse você da sua função.

____ Eu não acredito que ele disse uma coisa dessas. Eu não estou me negando a ajudá-lo, apenas não poderia no momento.

Desci da sala dela chorando, pois ela havia me dado a função de supervisora-assistente, como um prêmio de consolação por ter me tirado o outro cargo.

Cheguei na minha sala chorando. E falei para ele:

____ Não acredito que você fez isso. Agir dessa forma pelas costas.

Ele não respondeu. Eu passei a tarde toda chorando. E no dia seguinte, quando eu não estava, ele teve a pachorra de fazer uma reunião com os colegas, dizendo que não seria o perfil dele agir pelas costas. Que ele não agiria assim com mais ninguém. Fez isso para não desestabilizar o setor, pois viram eu chorando a tarde toda e, provavelmente, chegaram à conclusão do que poderia ter acontecido.

Minha saúde se deteriorou dali para frente e meu médico continuava me tratando como eu estando com depressão e ansiedade, mas eu estava cada vez pior.

Meu estado de um humor era misto, isso quer dizer em psiquiatria uma doença de transtorno bipolar caracterizada pela presença de episódios contrastantes, que são a mania/hipomania e depressão. A mania cursa com humor eufórico, autoestima e autoconfiança muito elevadas, enquanto a depressão consiste em humor deprimido, perda de interesse em atividades antes prazerosas, alterações no sono e apetite, cansaço. Normalmente esses episódios são alternados, mas eles eventualmente podem acontecer de forma mista, alguns dos episódios de cada fase podem ficar misturados.

Corre-se um risco muito grande nessa fase de um a pessoa cometer suicídio, pois ela está com autoestima baixa/depressiva, mas tem energia para fazê-lo.

O pior de tudo era que o médico não conseguia enxergar essas mudanças que ocorriam em mim. Ele não mudava o seu diagnóstico, apesar de a situação estar muito clara para um profissional habilitado.

Continuei sendo tratada com antidepressivos e ansiolíticos. Mas o meio social em que eu estava vivendo naquele momento não contribuía para uma melhora.

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