Capítulo Vinte e Nove

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"A adversidade desperta em nós capacidades que, em circunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas."

Eleanor Roosevelt

Senti uma dor intensa vindo do coração para todo o braço e estourava a dor na mão. A dor era muito intensa. Parecia que um líquido muito muito quente corria pelo braço, causando uma dor lancinante. Davi não estava. Era uma sexta-feira à noite. A minha sorte é que minha massoterapeuta e amiga estava comigo. Eu falei os sintomas e ela começou a me massagear. A dor era forte, mas a massagem me acalmava. Cada vez que a dor parava na mão, esta ficava preta e inchava. Olhei para minha mão e fiquei assustada.

____ Está vendo, Iva? ____ perguntei angustiada, olhando para a minha mão.

___ Sim. Estou vendo. Sua mão está um bolo de inchada e muito preta. ____ Falou, tentando aparentar calma. Mas, com certeza, estava nervosa.

____ Iva, por favor, pegue na minha gaveta um ansiolítico. Vou tomar para ver se passa essa dor angustiante.  _____ falei muito asustada.

Ela me alcançou o remédio e a água e eu tomei. E quando fez efeito, dormi profundamente. Não vi quando eles chegaram, nem quando ela foi embora.

Acordei no dia seguinte com muito sono e falei para o Davi me levar ao hospital. Fizeram exame no coração, mas não tinha sido enfarto.  Foi uma crise tão violenta de ansiedade, que deu um derrame, só que na mão. Graças a Deus!

Esse episódio ocorreu no mesmo dia em que a gerente geral, que me assediou moralmente, tirou-me o cargo de supervisão. Foi a resposta do organismo ao choque que eu levei naquele dia.

Conforme o tempo foi passando, fiquei mais e mais deprimida. Fui até o fundo do poço, pelas coisas que aqueles chefes me faziam passar.

A uma certa altura do tratamento, o meu médico chegou à conclusão que eu deveria ser afastada do trabalho. Eu resisti e pedi apenas quinze dias, pois não admitia ficar longe e perder mais alguma coisa. Tinha medo. Entretanto, ele insistiu e me deu um mês de licença.

Aí, longe do olho do furacão, a doença veio com tudo em forma de Síndrome do Pânico. Eu tinha medo de sair, para não encontrar ninguém do meu trabalho. Além disso, eu perdia a força nas pernas quando estava na rua e tinha que forçosamente voltar para casa.

Naquela tarde preguiçosa, eu estava ainda me acostumando a ficar em casa durante o dia. Estava tranquila, por fim, e resolvi sentar na sala e relaxar um pouco. Assistir a um filme. O telefone tocou.

____ Alô ____ Atendeu a minha secretária do lar.

____ Poderia falar com a Isadora? ____ Falou uma voz masculina do outro lado da linha.

____ E quem quer falar? ____ eu fiz que não com o dedo e minha secretária, que já era estressada, ficou nervosa.

____ É do trabalho dela. ____ falou meu chefe, ao telefone.

A Leila tampou o telefone e perguntou o que ela dizia. Como eu não queria mentir, disse:

____ Fale para ele que não posso atender. Que não estou bem. ____ falei muito angustiada e assustada, com voz apertada.

____ Olha, senhor, ela não está podendo falar agora. Poderia ligar em outro momento? Ela não está bem.

____ Tudo bem, obrigado. Tchau. ____ Desligou.

A Leila tremia de nervosismo. Eu havia passado para ela o meu medo de ser encontrada por eles.

____ Por favor, Leila, não os receba nunca, por favor. Não deixe eles virem aqui. Não quero atender ao telefonema deles, por favor, prometa-me.

____ Eu prometo, dona Isadora. Mas eu fiquei muito nervosa. Meu coração está pulando no peito.

____ Não precisa ficar assim você também. Eles só querem me incomodar. Eles querem roubar minha paz.  ____ eu estava completamente arrasada por um simples telefonema e fora de mim. Estava desenvolvendo sub-doenças. Doenças que se somavam à principal, mas que arrasavam comigo da mesma maneira.

Deixei a coitada da moça assustada. Mas minhas pernas cambalearam, eu não tinha mais forças para nada naquele dia. Perdi todo o prazer de estar tranquila.

Fui ao meu médico novamente e ele me encheu de antidepressivos e ansiolíticos.

Com os antidepressivos em alta dosagem, de três tipos diferentes, eu passei a ciclar mais. Ora, mais eufórica e ora, mais depressiva. Mas, o médico continuava com os olhos vendados para a minha doença. E eu não tinha consciência das coisas que estavam acontecendo comigo.  Só sofria, mas não sabia definir o que era.

À noitinha, naquele dia, deitei no sofá junto com a família, o Davi e os meninos e comecei a me sentir estranha.

____ Davi, eu não estou me sentindo bem.

____ O que você está sentindo?

____ Estão  me sufocando, por favor, ajude-me. ____ falei com voz esganiçada.

____ Ninguém está te sufocando. Fique calma! Estou aqui. _____ Ficou nervoso, pois não entendia bem o que estava acontecendo.

____ Vou morrer!  Tenho certeza! Estão me matando! ___ senti medo, muita tontura, mal estar geral e muita náusea. A sensação é de morte iminente. Esses são alguns dos sintomas da famosa Síndrome do Pânico.

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Meninas, não se desesperem, a dor e a angústia vão passar. Para tudo nesta história haverá um tempo certo.

Beijo enorme para cada querida que está aí do outro lado lendo. Amo vocês.




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