Capítulo Trinta e Dois

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"Seja cortês com todos, sociável com muitos, íntimo de poucos, amigo de um e inimigo de nenhum."
Benjamin Franklin

Voltei da viagdm à região serrana, sabendo agora onde iríamos morar. Tive que ir ao Psiquiatra para me consultar. No final da consulta, ele tocou no assunto já comentado várias vezes.

____ Isadora, será bom para você! Acredite! Vai fazer você querer mudar algumas coisas em você. ____ animou-me o doutor Charles, convicto.

____ Não sei, doutor. Eu já tentei fazer e não deu certo. ____ falei duvidando dd suas convicções.

___ Tente! Não custa! Depois disso, você saberá se é interessante, ou não. ____ Deu mais um empurrãozinho.

____ Vou pensar, doutor. ____ falei louca para dizer que não iria, mas concordei em pensar.

Encerrada a consulta, fui para o trabalho. Lá, muitas coisas haviam mudado. Eu continuava na mesma função, mas agora havia respeito e dignidade. Eu, normalmente, ia trabalhar feliz e ocupava-me com muitas tarefas durante o dia. Nem via as horas passarem.

Como prometi ao doutor Charles, fui procurar uma Psicóloga. Já havia tentado antes. Mas não tinha gostado da pessoa. Não me identifiquei com ela. Agora, teria que dar certo.

Como eu tenho plano de saúde, fui procurar na lista, alguém que atendesse pelo plano, porque se eu fosse pagar cada sessão particular, uma vez por semana, sairia mais ou menos uns quinhentos reais. Todo mês, mais um peso, além do que já gasto com os medicamentos, que não são baratos.

Encontrei, por fim, a Cristina. Gente finíssima. Uma moça muito bonita, que trata com a abordagem  de terapia cognitivo-comportamental.

"Terapia  cognitivo-comportamental é uma forma de psicoterapia que se baseia no conhecimento empírico da psicologia. Ela abrange métodos específicos e não-específicos (com relação aos transtornos mentais) que, com base em comprovado saber específico sobre os diferentes transtornos e em conhecimento psicológico a respeito da maneira como seres humanos modificam seus pensamentos, emoções e comportamentos, têm por fim uma melhoria sistemática dos problemas tratados.

Tais técnicas perseguem objetivos concretos e operacionalizados (ou seja, claramente definidos e observáveis) nos diferentes níveis do comportamento e da experiência pessoal e são guiadas tanto pelo diagnóstico específico do transtorno mental como por uma análise do problema individual (ou seja, uma descrição das particularidades do paciente). Nesse contexto representa um papel importante uma análise aprofundada dos fatores de vulnerabilidade (predisposições), dos fatores desencadeadores e mantenedores do problema. A combinação dessas duas vias permite atingir um relativo equilíbrio entre o método padronizado (determinado pelo diagnóstico) e as características individuais do paciente (que determinam a análise do problema). A terapia cognitivo-comportamental encontra-se em constante desenvolvimento e exige de si mesma uma comprovação empírica (vivida e presenciada) da sua efetividade." ¹

Depois de saber de tudo isso, comecei devagar a apresentar-me a ela, ou seja, mostrar quem eu realmente sou.

Mostrei meus tons mais sombrios e os mais leves. Comecei pela minha infância e fui discorrendo. Ela era persistente. Não tinha como não dar uma resposta exata às suas perguntas. Não valia dizer mais ou menos, ou não sei, ou dar outra evasiva. Era importante eu ser intensa e realmente mostrar o que estava sentindo. 

O problema mais sério é que eu me acostumei a ser uma garota boazinha, que faz tudo como os outros querem, para não levar nem surras, nem sermões. Então, estava difícil convencê-la de que eu não tinha coragem para ser diferente, neste momento. Principalmente, por que eu já tinha sido diferente e só tinha me lascado. Como convencer alguém sobre isso? Difícil!

Bom, resolvi contar tudo o que tinha acontecido na minha vida e,  quando chegamos à décima sessão, ela pediu para falar com o Davi. Queria entender como ele me enxergava.

Ele foi a uma sessão e respondeu tudo o que ela perguntou, depois me contou o que tinha dito. Não achou bom relembrar certas coisas do passado. Ficou deprimido, mas ela solicitou que ele fosse novamente. Dessa vez, ele não quis comentar o que conversaram. Disse que não valia a pena. Fiquei intrigada, mas deixei para lá. Toquei o barco.

Na próxima sessão, eu cheguei decidida a falar algo que eu não havia comentado ainda. Mas, era muito importante. Não poderia passar batido.

____ Cristina, eu já te contei que fui para Dubai, em 2009? ____ perguntei decidida, mas corada de vergonha.

___Contou alguma coisa por alto. Mas, por quê?____ consegui deixá-la curiosa.

____ Porque são fatos dos quais eu me envergonho muito. ____ soltei, completamente sem graça.

____ Então, conte o porquê. ____ ficou com os olhos mais abertos atentos.

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Meninas, não me matem pelo suspense. O assunto é importante e precisa de um capítulo só dele.

Não se esqueçam de votar e de comentar. Amo vocês.

Muitos beijos.



IsadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora