➵ 10 | Surpresa

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A noite é proveitosa. Nossos amigos passam o resto do tempo ao nosso lado, dançando e tirando proveito. Quando chego em casa, afundo no colchão e durmo.

Acordo no dia seguinte com Olívia me chamando. Nós nos sentamos à mesa e apreciamos de uma refeição preparada por Rachel. Quando alguém bate na porta, Olívia corre para atender. Uma chuva de gritinhos animados percorrerem a sala. Eu e Rachel corremos para especular o que está acontecendo. Além de Ol, há mais duas pessoas conhecidas na sala. Um casal. O rapaz tem olhos claros, lábios inchados e topete; já uma menina claramente é de descendência asiática. Não posso acreditar que Morgan McCall, o primo bastardo de Rachel, e Naomi Tanaka, uma colega da época do colegial que tivemos em comum, estão aqui. Eles começaram o namoro a três anos atrás e passaram o último fazendo intercâmbio juntos no México.

— Meu Deus! — meu super-abraço-da-saudade é esmagador.

— Nós estávamos morrendo de saudade! — Naomi bate palmas.

— Por favor, digam que vocês vieram para ficar. — A expectativa de Rachel fala por nós três.

— Sim, nós viemos. — Morgan abraça a prima.

Dou um gritinho.

— Sabe, no México era legal... — comenta Naomi. — Mas cá entre nós, a vida é muito mais divertida quando se está com os amigos em Skarye Fall.

Propomos para Naomi passar um tempo conosco no apartamento. Ela não recusa. Pega as malas na casa da mãe e alerta a senhora Tanaka que será bom passar uma temporada com as amigas.

— Me digam as novidades, meninas. — Naomi arrumando as roupas no armário. Ela vai dividir o quarto com Olívia, já que Rachel não cede o seu nem sob ameaça de morte e de todas Ol é a melhor para se conviver.

— Eu e Carter namorando. Ol e Michael ficando...

— Ei!

— Todo mundo sabe, Ol. Nós percebermos o que se é óbvio. 

— Vocês fazem um par bonito. — Elogia Naomi.

Olívia cora.

— Agora que vocês voltaram, precisamos comemorar. — e muda de assunto.

Uma ideia me surge.

— Eu já sei! — exclamo. — Se preparem, meninas. Nós vamos pra Falls Night.

Falls Night é uma boate recém-criada por Nathaly Willson, uma modelo famosa que nasceu em Skarye Fall e gerência tudo de Miami. Coloco um vestido justo e preto com zíper frontal que ressalta meus seios. É bem sexy e o tecido parece jeans fosco. Obviamente os rapazes compram nossos ingressos na entrada. Ryven não consegue parar de dizer a quão gostosa estou. Os elogios dele são um banho de carinho no meu ego. O interior da boate é chique e cheio de neon com um fundo azul-escuro; os letreiros no bar, pinturas na parede e tudo mais. A primeira coisa que fazemos é correr para a pista. Apenas as meninas. Juntas, dançamos agarradas umas às outras. Quem assiste pode até pensar que somos um quarteto de lésbicas. Quando a música termina, reparamos que Ryven, Carter, Michael e Morgan, todos no bar, têm as bocas escancaradas. Nós rimos, e então eles vêm se unir ao grupo.

Me certifico de que não tem ninguém no banheiro destinado a pessoas sem gênero – ou pessoas que não se sintam bem indo nos demais – no fim da boate. Apesar de um pouco menor, não deixa de ser organizado e muito bonito. Faço sinal para que Ryven me siga. Ele o faz. Tranco a porta e avanço, sedenta por ele. Ryven de devolve o beijo feroz, segura minhas coxas e me bota sentada na pia de pedra preta. Minha saia à essa altura subiu à ponto de quase mostrar a calcinha. Não quero abaixá-la. Empurro a jaqueta de couro para longe dos ombros másculos. Ele usa uma camiseta de mangas curtas por baixo. A puxo para cima. Seu peitoral é definido, nada exagerado como Dwayne Johnson. O bom de seu tamanho superior é que não tenho dificuldade em beijá-lo na barriga despida. Esfrego minha língua no alto dos gominhos, perto da manchinha marrom de nascença que ele tem. Ryven geme. Sorrio internamente. Volto aao pescoço e a clavícula, então o peito. Desço mais, empurrando meu corpo para trás. Quando estou perto do umbigo, Ryven enfia as mãos no meu cabelo com gosto e puxa minha cabeça para trás. Mordo o lábio e o encaro, rendida. Tenho a certeza de que minhas pupilas estão tão dilatadas quanto as suas. Blackthorn me encara com pura luxúria e desejo. A mão livre percorre minha coxa, devagar. Numa lentidão dolorosa ultrapassa a barra da minha saia. O polegar explora a região até encontrar minha calcinha meio úmida e alisa a frágil região íntima.

— Eu quem te deixei assim...? — pronuncia em volume baixo, rouco e cínico. Sinto que vou desmaiar a qualquer momento se ele não...

Toc, toc, toc!

Só pode ser brincadeira, grasno na minha cabeça. Como assim batem na porta justo no melhor momento da minha noite? Isso me enfurece e frustra Ryven. Relutante, ele afasta as mãos de mim e captura a jaqueta caída. Salto da pia, irritadíssima, e abaixo a saia. Isso simplesmente não pode estar acontecendo. Agora imagino o quão chateada Olívia deve ter ficado quando interrompi seu momento com Michael no Rockye's. Do lado de fora, um grupo de garotas altas com ombros largos e peito inexistente esperam na entrada. Passo por elas batendo o pé. Independente de não ser lugar para aquilo, não posso deixar minha repentina irritação não manipular meus sentimentos.

Morgan vai cursar geografia e Naomi cinema, respectivamente. Eles ficaram de cuidar da transferência na manhã. O dia se estende até o limite do possível. Rachel e Carter mataam a última aula para ficarem juntos, então vamos só eu, Olívia, Ryven e Michael no último horário. Estamos indo embora agora. Rachel não respondeu minhas mensagens se vai conosco pra casa, e o motivo eu estou prestes a descobrir. Tem um aglomerado de alunos em um dos lados do campus, cercando uma menina com rabo-de-cavalo castanho. Quando nos aproximamos, percebo que é Rachel Reynolds batendo boca com Emily Júnior. Carter Murphynson olha a situação.

— O que aconteceu?

Murphy suspira.

— Eu e Rachel estávamos aqui quando Emily derramou "sem querer" uma garrafa d'água em nós.

— E por que você não para a discussão? — Ryven franze a testa.

— Rach ameaçou terminar comigo se eu me intrometesse. Também não duvido muito que ela me bata. Não posso fazer muito mais que olhar e tomar cuidado pra que nenhum cara venha meter no meio em defesa da Emily.

Elas discutem mais. Rachel é boa com as palavras. Rebate todas as ofensas de Emily com o dobro de maldade. É óbvio que a Júnior não tem chance. Mas então, Bettany Marsh e suas pernas finas se metem ao lado de Emily. Eu me vejo na obrigação de intrometer também para nivelar os números.

— Bettany, isso é entre elas. Não se meta.

Bettany imediatamente usa a voz de apito pra me contrapor.

— Cala e boca, sua vagabunda. Eu entro onde eu quiser. Não é uma prostituta qualquer que vai me dizer o que devo fazer.

O meu sangue ferve. Cerro os olhos para ela. Minha paciência foi embora.

— Repita o que disse.

Bettany ri.

— O que? Que você é uma cadela rodada? Com todo prazer, Beverly. O que vai fazer a respeito disso? Tirar a roupa e começar a dançar?

Olha, eu nunca fui de me importar com ofensas. Não me rebaixei ao nível de Bettany além de poucas ocasiões, mas isso é demais. Não posso admitir que ela aja com tamanho ultraje e saia livre. Além do mais, já a aguentei por muito tempo. Não vou aturá-la nenhum segundo mais. Sob essa perspectiva, parto para cima. Bettany Marsh mal tem tempo de se defender quando recebe o primeiro soco. 

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