➵ 31 | Grana extra

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Ryven e Olívia voltarão na quarta-feira da Austrália. Durante todo o tempo em que estiveram fora eu mantive contato por SMS e ligações.

— A mãe deles também está vindo? — Rachel pergunta da cozinha.

— Não, ela vai passar uns dias por lá num trabalho de caridade, eu acho.

— Ryven e Ol perderam muita matéria, vão ficar um pouco ocupados nos próximos dias. Vai ser bom para esquecerem um pouco da morte da vó. — Fala Naomi do sofá.

Tamborizo os dedos na coxa.

— Tomara que você esteja certa.

Chegamos no aeroporto por volta das cinco e quarenta e oito. Mason nos encontra lá com os amigos. Seis e quinze Ryven e Olívia aparecem no portão de desembarque. Assim que os vejo, minhas pernas ganham vida inconscientemente numa corrida até meu namorado, que por sua vez solta as malas no chão e espera que eu chegue. Pulo no moreno com os braços abertos e Ryv me segura num abraço protetor repleto de saudade e amor. Deposito um grande beijo nem sua boca, atracando nossas línguas para matar a saudade.

— O que fiz para merecer tamanha recepção? — brinca ele.

— Me fez sentir saudades por dias longos e chatos.

Ryven me beija novamente.

— Também estava com saudades, minha loirinha.

Cumprimento Olívia, dando-lhe um abraço apertado e demorado. Paramos numa lanchonete para comer e depois passeamos um pouco pela cidade. Compro um sorvete grande para dividir com Ryven — embora eu tenha comido oitenta e cinco por cento dele. Combinamos que passaremos a noite lá em casa em uma sessão de filmes, então Blackthorn passa em casa para trocar de roupa, deixa as malas e segue ao meu apartamento. Rachel faz pipoca e divide em quatro potes distintos para que os casais compartilhem. Assistimos Spirit, o filme de um cavalo indomável que eu amava uns anos atrás. É um programa de amigos — e casais — perfeito e leve para quem está passando por um luto doloroso. Depois de algumas horas os meninos partem.

— Esses porcos fizeram uma bagunça danada no nosso banheiro! — Rachel grita. — Por acaso não sabem mirar esses pintos tortos? Que merda, olha o tamanho da boca do vazo!

Faço careta de nojo. Garotos... Ninguém merece. Naomi repete a careta, mas Olívia parece estar alheia à situação, imersa em algo profundo. A cutuco.

— O que foi, Ol?

Ela mexe o rosto.

— Eu só estava pensando...

— No quê?

— Algo que descobri na Austrália.

— Deixe de ser misteriosa e fale logo, Olívia. — Rachel vem do corredor e para no centro da sala.

— É que... — a voz de Ol ainda está pensativa. Ela analisa bem antes de dar início. — Depois do funeral da vovó, um advogado veio falar comigo e com Ryven. Ele tinha o testamento que nosso avô deixou antes de morrer e deveria ser lido apenas após a partida da esposa. Uma série de documentos com a assinatura de vovô foram apresentados como prova.

— Um testamento? — Naomi instiga.

— E o que dizia nele? — Rachel corre para um espaço vago ao meu lado no sofá.

Olívia alterna o rosto entre nós três.

— Dizia que vovô tinha deixado uma empresa pra mim, Ryven e tia Margot. Seria do meu pai também, mas como ele morreu e Margot não tem filhos...

— Céus...

— O seu vô tinha empresa? De quê?

— Sim, ele tinha. Enfim, posso continuar? — assentimos. — Era uma empresa de extração de ouro na américa do sul. Vovô era um acionista majoritário por ter setenta por cento das ações da empresa. Ele dirigia tudo por telefone, tinha pessoas lá pra cuidar de tudo. Funciona até hoje, inclusive. Com a morte de nosso pai, eu e Ryven ficamos cada um com vinte por cento das ações, tia Margot com mais vinte e o advogado comprou os outros dez por cento quando vovô ainda era vivo. Ele ajuda na direção do negócio, foi para a Austrália só para falar conosco.

Caramba, é uma reviravolta e tanto. Eu não esperava por algo assim. É tão surreal que parece fanfic escrita por um garotinho de quinze anos num aplicativo de leituras online.

— Isso quer dizer que estão ricos... — assimilo. ainda abismada.

Olívia nega.

— Não, Bev. Estamos bi-lho-ná-ri-os! Bilhonários!

Rachel pula em cima dela e todas nós comemoramos, entusiasmadas. Não sinto inveja, somente uma alegria imensa. Ainda assim, não posso deixar de comentar:

— Agora que tá melhor ainda de grana, espero que me dê um presente bom... porque meu aniversário tá chegando!  

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