➵ 25 | Questões familiares

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— Quanto tempo! — retribuo o abraço da minha nova sogra.

Eu não vejo Marise Jefferson faz um bom tempo. Nos últimos anos ela passou a vida viajando por vários lugares do mundo com seu trabalho de ajudar refugiados, nações com fome e trabalhos sociais num geral voluntariamente. Ela está linda e cheia de cor.

— Está vindo de onde? — pergunto.

— México. — Responde ela. — Estou de férias e decidi que vou ficar aqui um tempo. Quero aproveitar minhas crianças pelo menos um pouquinho. — Ela beija Ryven e Olívia de novo no rosto. — Só dei uma passadinha rápida aqui. Preciso ir em casa descansar um pouco e guardar as malas.

Olívia se anima.

— Vou com a senhora.

As duas saem, eufóricas pelo reencontro. O casarão dos Blackthorn fica nos arredores da cidade — Olívia preferiu morar em um apartamento no centro por ser mais perto da faculdade. Pela primeira vez, paro para reparar em Ryven e seu maxilar tenso. Tenho um pressentimento que há algo de errado. Ele acabou de rever a mãe depois de anos e não parece nem um pouco feliz.

— Ryven, vamos ali comigo?

Ele pisca.

— Onde...?

— No mercado.

Ryven aceita. Nós saímos e, quando estamos no saguão do meu prédio, faço-o parar.

— O que foi?

— Eu quem pergunto. O que foi aquilo?

— Aquilo o quê?

— Você não tá normal, parece chateado e com raiva. Achei que quebraria as coisas lá dentro.

Ele desvia o rosto do meu.

— Não é nada.

Suspeito. Muito suspeito.

— Ryven, você sabe que pode me contar qualquer coisa, não sabe? — entrelaço nossos dedos, tentando passar confiança. — Namorados são para isso.

Blackthorn suspira.

— São problemas antigos de família... — o timbre é quase doloroso. — Não quero falar disso agora.

Fico angustiada.

— Você tem certeza?

— Tenho. — Afirma. A expressão dele suaviza devagar. — Você me chamou aqui só pra isso?

Dou de ombros.

— Não. Eu preciso ir na farmácia. Meu absorvente acabou.

— E pra isso precisava de mim?

— Digamos que eu tenha pensado em fazermos outra coisa também... Como dar muitos e muitos beijos no carro... — um brilho malicioso brota nas pupilas ao me ouvir. O impeço de me beijar. — Primeiro eu preciso de absorvente. Anda, vem comigo.

Meu namorado rola os olhos, mas obedece. Bom garoto.

— Sabe, Bev, acho que agora eu quero falar com você... sabe, dos problemas que eu não quis dizer mais cedo.

Nós estamos na clareira. Agora que a neve derreteu mais encontramos um espaço verde e vago em meio ao branco. Trouxemos um cobertor para nos sentarmos. A paisagem de inverno é de tirar o fôlego.

— Pode falar. — Viro-me, escorando os cotovelos nos joelhos e queixo na palma da mão de forma que minha atenção se volte apenas para ele. É a minha forma de incentivá-lo.

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