➵ 54 | Pedido

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Hoje, dia 25 de junho, é o aniversário de Ryven. Passamos o dia na casa da mãe dele comemorando a data especial com Marise e o banquete que ela fez.

Ryven curtiu com os amigos por uma boa parte da tarde e marquei de pegá-lo por volta das oito horas para sairmos — é óbvio que tenho uma surpresa. Opto por usar um vestido azul-escuro curto e decotado, botas de cano longo, jaqueta e meus acessórios — além da maquiagem divina. Como minhas amigas saíram para a casa dos namorados, estou sozinha. Passo a última camada do batom vermelho e... ta-dã! Prontíssima! Vinte minutos depois estaciono diante o Blackthorn que me aguardando na calçada em jeans rasgados nos joelhos, camiseta branca e a familiar jaqueta de couro.

— Agora vai me dizer aonde vamos? — ele bate a porta.

— Primeiramente, oi.

— Desculpe, e oi. Vai me dizer?

— Você vai saber quando chegarmos. Aguenta só mais um pouco.

Minutos e minutos nós chegamos à cidade de Jhun'Nipper Hills. Eu acho uma vaga de estacionamento no meio daquele mar de carros que estão na rua.

— Beverly, não estamos indo...?

— Se você está falando do show dos Coldplay, sim. Estamos indo pra lá.

— Não acredito! — o sorrisão dele é contagiante. — Eu achei que os ingressos estavam esgotados!

— Estavam, mas comprei faz meses. — Tudo para a surpresa de aniversário dele.

Recebo um abraço que me rodopia no ar.

— Você é a melhor namorada do mundo!

— Bom mesmo, não quero ouvir você falando isso para nenhuma outra garota.

— Meus olhos são só para você, gatinha.

Me derreto.

— Vem, eu quero ficar perto do palco. — Claro que há mais uma surpresa por vir. Ele mal pode esperar para ver.

Conseguimos ficar em frente ao palco como o planejado. A surpresa que não conto a Ryven é que meses antes conversei com a mãe dele e ela conseguiu falar com o empresário da banda e pedir um pequeno favorzinho. Ontem, quando eles chegaram na cidade, conversamos por telefone — e quase morri do coração de tanta emoção, obviamente.

— Eu estou ansioso!

— Eu também!

— Obrigado por me trazer, amor.

Após mais meia hora a música de fundo repentinamente cessa e outra banda menor — Scorpions Reckless — abre o show. Eles são bons e o vocalista é um colírio para os olhos. As músicas puxadas pra uma temática rock romântico são gostosas de se ouvir, me fazem escrever uma anotação mental de pesquisá-los mais tarde. Mas o que me interessa mesmo é quando eles se despedem e a coloração do palco muda, então Coldplay começa um dos melhores shows que já presenciei na minha vida.

As músicas estão incríveis e a voz de Chris Martin nem se compara. Eu aguardo ansiosamente até ouvi-lo:

— Galera, eu gostaria de chamar uma pessoa aqui. Me disseram que é um aniversariante. — A multidão urra. — Ryven Blackthorn, venha aqui no palco.

— Aqui! — berro, acenando do meio da multidão.

Demora alguns segundos para Chris notar. Ao meu lado Blackthorn está sem acreditar no que acontece.

— Você armou tudo isso? — me acusa.

— Talvez... — Lhe empurro como incentivo. — Vai lá, se divirta.

— Eu te amo. — Sibila.

Ryven sobe no palco e cumprimenta os músicos, deslumbrado.

— Então você é o aniversariante de hoje? — Martin pergunta.

— Parece que sim. — Ryven responde, enfiando as mãos nos bolsos da calça.

Chris puxa um pequeno Parabéns Para Você e Ryven cora no coro da plateia.

— Feliz aniversário, cara. — Chris o abraça.

— Caramba, obrigado... — Ryven sorri, encantado, então se toca de algo e diz: — Eu quero chamar a responsável por tudo isso aqui rapidinho, posso?

— À vontade.

Ryven segura mais firme o microfone e aponta para mim.

— Vem aqui, Beverly.

Balanço a cabeça fazendo não.

— Quê isso, sobe aqui. — O vocalista me convida.

Os seguranças já estão vindo me levar lá para cima. Ryven cochicha algo no ouvido do cantor quando começo a ir timidamente para as escadinhas. Sou aplaudida. Eu coloco as mãos no rosto conforme caminho para abraçar Guy, Phill, Jonny, Will e Chris.

— Você tem muita sorte de ter uma namorada que faz isso tudo isso por você. Dê valor a ela. — O artista segura-o no ombro.

Há algo a mais na expressão o meu namorado. Meu coração acelera.

— Sim, eu tenho, e dou muito valor. E eu quero agradecer por tudo... — céus, por que sinto que algo está prestes a acontecer? Por que esse brilho no olhar? Por que meu coração está acelerado assim? — Obrigado por fazer isso tudo por mim. Obrigado por estar na minha vida. Obrigado por ser minha namorada. Eu te amo, e por isso quero te perguntar algo muito importante... — ele abre um sorriso branco ao se abaixar, dobrando os joelhos no palco. — Beverly Anderson... — e tira uma caixinha preta aveludada do bolso da jaqueta. Eu sinto a boca secar. Quase deixo as lágrimas presas caírem. Ele não pode estar fazendo isso comigo justo agora. Ryven abre a caixinha, revelando o anel dourado magnífico. Ouço as palavras vindo da boca e são o bastante para me fazer chorar: — Você aceita se casar comigo?

Ponho as mãos a boca, minha visão fica embaçada e o peito cheio de alegria. Eu acho que irei explodir de tanta felicidade.

— Beverly?

Só quando ouço a voz tensa de Ryven noto que ainda não respondi.

— Sim, sim, sim! Eu aceito! É claro que eu aceito! Eu sempre aceitaria!

Ryven expele uma onda de respiração aliviada, se levanta, pega minha mão, retira o anel de namoro e deposita o de noivado no meu dedo anelar.

— Ufa, achei que ia levar um não logo no meu aniversário.

A plateia ri em resposta. Sou a mulher mais feliz do mundo.

— Eu nunca te diria não. Eu te amo, Ryven Blackthorn.

— E eu te amo, Beverly Anderson.

Quando ouvimos uma onda de gritos e aplausos, Coldplay dá início a Yellow — os primeiros acordes me deixam arrepiada. Ryven me puxa pela cintura no instante e cola nossos lábios. Lágrimas saem dos meus olhos — são de felicidade e amor. Afundo meus dedos nos fios escuros sedosos e macios enquanto gravo o momento inesquecível. É a melhor coisa que já senti na vida... É a sensação de amar e de ser amada de volta. Não há nada melhor. 

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