➵ 34 | Um show incomparável

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Aí, meu Deus! Aí, meu Deus! Aí, meu Deus! É a Alaska Willson! ALASKA WILLSON! Ela é tão linda e maravilhosa e perfeita e... Eu não acredito que a estou vendo em minha frente! Deus, eu vivi por este momento!

Alaska é a mulher mais linda que já vi: tem uma estatura de um metro e sessenta, pele levemente amorenada num marrom bem clarinho, um rosto bonito e maxilar bem-marcado, lábios carnudos, nariz perfeito, olhos amendoados e os cabelos — que mudam de coloração constantemente — hoje estão num tom castanho caindo em cascatas onduladas até a metade das costas. Ela usa uma meia-calça arrastão branca, um vestido justo preto e uma blusa solta que acaba abaixo dos seios por cima. Fica linda em qualquer roupa, sapato ou acessório. Alaska abre o show cantando Almost Cliché, a minha música preferida. Eu nem acredito que somos da mesma cidade, que alguns anos atrás eu ela ainda morava em Skarye Fall antes de se mudar para a Califórnia.

— Gostou? — Ryven pergunta.

— EU AMEI! — sinto cada célula do meu coração lotada de energia e emoção. A música para.

— Boa noite, gente. Vocês estão bem? — Alaska cumprimenta o público animado, a voz carismática. Há uma chuva de gritos eufóricos. — Quando me fizeram o convite de cantar aqui, não pude recusar. Espero que curtam o show tanto quanto eu vou curtir. Já estou amando essa energia! Preparados para uma noite inesquecível?! — o povo urra novamente, e eu também. Alaska ri e acena enquanto ajusta o ponto no ouvido. Tem um bocado de câmeras e as lanternas acesas. Eu não quero perder meu tempo fazendo isso, porque tudo que eu puder tirar de proveito desse evento vou tirar vivenciando. Alaska volta até o centro do palco. — Me disseram que uma pessoa muito especial está fazendo aniversário hoje! Beverly Anderson tá aqui?

Arregalo os olhos, meu sistema respiratório para e quase tenho a certeza de que irei desfalecer. Beverly Anderson? Esse é o meu nome! É O MEU NOME! Alaska sabe o meu nome? Como é possível?

— SIM! — Rachel grita por mim. — ELA ESTÁ AQUI!

Alaska vira o rosto e os olhares se viram para nós.

— É alguma de vocês? — pergunta a cantora. Levanto uma das mãos, trêmula. — Você é Beverly?

— É ela! — Olívia bate palmas.

— Venha aqui, Beverly! — Alaska pede, abrindo um belíssimo sorriso.

— O quê!? — só pode ser um sonho.

— Ela quer que você suba no palco! — Rachel me cutuca nas costelas. — Vai lá!

Ryven está sorrindo para mim — o único rosto que eu consigo focar no momento. É um sorriso que diz "gostou-da-surpresa?".

— Você armou tudo isso? — meus olhos marejam quando ele assente. Eu o beijo apaixonadamente. — Obrigada, obrigada, obrigada.

Ryven devolve com:

— Vá curtir seu momento.

Uns seguranças aparecem na frente da grade e abrem uma portinha para eu passar, impedindo qualquer um que não seja a mim de ir também. Eu subo no palco pela escadinha lateral e agradeço aos céus por não tropeçar e cair feito uma tonta. Os holofotes me cegam, e então a vejo. Alaska Willson parece uma deusa vindo em minha direção. Os saltos da bota com amarração na frente fazem um barulho alto. Ela tem o sorriso, o andar gracioso, a animação contagiante, é auge da perfeição! E quando menos espero ela está me abraçando. Choro igual uma idiota adolescente. O perfume dela é delicioso. Me lembra morangos. Ao se afastar, fala comigo:

— Então você é a aniversariante de hoje? 

— S-Sim. — O nervosismo por estar em frente a milhares de pessoas nem se compara a eu estar perto dela. — Céus, eu te amo tanto, Alaska! Te escuto desde o começo! Minha Nossa Senhora, acho que vou desmaiar...

— Se você desmaiar não vai poder cantar comigo!  

Não pode ser, não pode ser, não pode ser! Ela quer mesmo que eu cante? Alaska Willson quer que uma reles mortal como eu cante uma música com ela?

— O quê?

— Feliz aniversário, Beverly. — Ela vira para a plateia. — Galera, vamos cantar para Beverly? Parabéns pra você... Parabéns pra você... — a multidão emenda. Pela primeira vez em muito tempo eu fico envergonhada. — Beverly, eu espero que esse seja um dos seus melhores aniversários! — Willson segura na minha mão quando uma melodia tem início. A multidão vibra. — It's perfection. It's the temptation. Is my friend, in a friendly relationship.

E quando ela põe o microfone em frente minha boca eu gelo um segundo até enfim ter coragem para continuar:

It's my boy... Is my friend... Is my athletic boyfriend.

Depois de cantar My (Not) Athletic Boyfriend e Blonde Or Redhead? com a Alaska eu desço do palco e volto para baixo — ainda não crendo totalmente no que aconteceu. Meus amigos querem saber como foi desesperadamente. Afirmo que depois conto, quero apenas terminar de curti o show agora que ela começou Perfect Bother Friend, então eles não insistem muito. Alaska é simplesmente maravilhosa. Durante o show beijo Ryven diversas vezes — ele é o melhor, o motivo por eu estar aqui— e choro com In The Alaska-Sky, minha segunda preferida. Quando acaba, Alaska se despede com um discurso amorzinho, um beijo e sae do palco. Ficamos mais um pouco no parque, dançando e bebendo e voltamos para hotel horas depois. Voo pelo céu americano com as memórias do melhor dia da minha vida.

Deixamos Naomi e Morgan na casa da mãe dele, Carter e Mason dizem que dormirão lá em casa — provavelmente Rachel os convenceu a deixarem eu e Ryven sozinhos no apartmento dos meninos.

— Ryven, eu amei tudo! Caramba, deve ter custado uma nota preta! — chuto meus sapatos.

— Não se preocupa, eu tenho dinheiro para esbanjar. Vou morrer e deixar uma herança bem gorda pros nossos filhos. Além disso, minha namorada merece tudo e um pouco mais.

Agarro-o pelo pescoço.

— Você é o melhor namorado do mundo, sabia?

— Repete mais uma vez e talvez eu acredite.

Eu o faço.

— Você. É. O. Melhor. Namorado. Do. Mundo.

Ryven me leva até seu colo, nos livramos do meu casaco e recuamos para o sofá. Eu interrompo o momento, o segurando pelas bochechas.

— Espere, você por acaso disse "nossos filhos"?

—  Sim, porque eu quero me casar e ter muitos filhos com você um dia.

—  Isso mesmo, "um dia", longe do "hoje" ou "amanhã". Quem sabe daqui uma década. — Sou muito nova para engravidar e não está nos meus planos dos próximos sete anos.

— Óbvio. — O olhar se transforma em pura malícia. — Nesse meio tempo podemos praticar, não é?

— Com certeza... e vamos começar hoje.

Quando sou levada para a cama no colo, estou rindo. 

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