➵ 13 | Inacreditável

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Só saio da clareira próximo do meu horário de trabalho. Ryven pede desculpas por ter ocasionado um atraso meu, mas não me importo.

O expediente é monótono. Sem ele pra me acompanhar, fico entretida fazendo bebidas, conversando com Bonnie e ouvindo canções da Alaska Willson, minha cantora favorita, no som do Rockye's. Ryven também gosta dela. Escolhi All for love como nossa canção. Agora ela está tão gravada na memória do meu telefone quanto no meu coração.

— Oi. — Blackthorn me cumprimenta.

Eu bato a porta e me acomodo no banco.

— Oi. — Dou-lhe um beijo na bochecha. Ele sorri. Já não está tão mal quanto hoje mais cedo, embora seu estado astral pareça ter decaído.

— Como foi o trabalho?

— Bom. — Boto o meu cinto. — E como você conseguiu sobreviver a todo esse tempo sem mim?

Ryven mostra os dentes.

— Foi bem difícil, sabe?

— Eu sei. Eu não conseguiria ficar longe de mim por muito tempo também.

O sorriso dele aumenta. Conversamos sobre coisas triviais no caminho. Quando estamos na frente do meu apartamento, Ryven desliga o carro. Ele me olha nos olhos, grava todos os pequenos detalhes na memória e me beija. Não é um beijo feroz e quente; é delicado, suave e calmo... Sinto que está entregando uma parte sua à mim. Tento evitar me emocionar muito para não fazer papel de boba. Não adianta, claro.

— O que foi? Você parece que quer chorar... — Ryven franze os lábios, preocupados.

Bato os cílios e olho para o teto, afastando as lágrimas.

— Eu choro por tudo. É patético, eu sei.

Ryven faz que não.

— Você nunca vai ser patética. — Dedos encontram os meus. Suspiro apaixonadamente. Ele se vira para o para-brisa. — Obrigado por estar ao meu lado, Beverly.

Aliso as costas de sua mão.

— Ryven, eu faria tudo por você.

— Eu também, Bevs... Tudo por você.

Antes mesmo de abrir os olhos eu percebo que meu crânio está encostado em algo firme, quente... e vivo. Parece um peitoral. Não, é um peitoral. Acordo de uma vez, sobressaltada. Provavelmente devemos ter adormecido em algum momento da noite anterior, quando Ryven deitou o banco do carro para que ficássemos conversando um pouco antes de eu descer.

— Ryven? — chamo. — Ryven! Acorda! Estamos atrasados! 

Ele acorda assustado.

— O que foi? O que houve?

— Pegamos no sono. — Mostro a tela do celular para ele. Ele vê o quão ferrados estamos. — Acho melhor você ir devolver o carro de Carter ou ele nunca mais vai te emprestar.

Ryven bate na própria testa.

— Ah, merda.

Dou-lhe um último selinho e saio correndo. Entro em meu apartamento feito um furacão.

O dia passa tão depressa que mal vejo as horas passando. Quando o sinal da última aula toca, nem acredito que venci mais um dia. Eu e Rachel saímos da sala. Encontramos nossos amigos no corredor ao lado.

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