Tudo Por Você

➵ 11 | Luta Livre

O gancho de direita que acerto no queixo de Bettany a deixa tonta. Não tenho muito jeito para brigar de tapinha e puxão de cabelo. Meu negócio é partir direto pra porrada.

Bettany segura o queixo dolorido e cambaleia. Quando me vê chegando perto, age no desespero e tira o próprio sapato. Ela o atira e a sola atinge meu nariz. Não o quebra, só deixa minha pele dolorida. A adrenalina domina. Bettany joga o outro salto no mesmo lugar de antes. De novo, dói. Eu grunho. Minha raiva é tanta que corro e minhas mãos encontram seu pescoço fino. Bettany dá um grito agudo quando a enforco e arranha minhas mãos com as unhas pontudas. Irritada, dou uma joelhada no umbigo dela. Marsh meio que desfalece por um instante. Caímos no chão. Ela me chuta nas costelas e engatinha para longe. Ignoro a dor e a puxo pelo pé. Bettany se desequilibra e caí de cara no chão. É um baque feio. Ela parece notar o estrago quando tateia o rosto e retorna com os dedos molhados de vermelho.

— Meu Deus, você quebrou o meu nariz! — grita, olhando pra mim por cima do ombro.

Vou pra cima dela, enrolo os cabelos na minha mão e bato a cabeça de Marsh no chão. Bettany chora um pouco.

— Retire o que você disse! — exijo.

Ela não se pronuncia, então a acerto uma segunda vez.

— Retira!

— Tá bom! Eu retiro o que eu disse!

Afrouxo a mão. O gostinho de vê-la rendida não tem preço.

— Diga que eu não sou uma piranha e que você é. Diga que é uma vadia louca e invejosa! — prossigo. Bettany fecha os olhos, determinada a não dizer nada. Puxo o cabelo dela até o couro cabeludo resmungar. Ela xinga alguma coisa. Não gosto disso. — Mais alto, Bettany!

— Ok, ok! Você não é uma piranha! Eu quem sou uma louca invejosa! Agora me deixa em paz, Beverly!

— Boa menina. — Me dou por satisfeita.

Lentamente eu rolo para o lado. Estou cansada. Exausta. Ryven surge no meu campo de visão com a mão estendida. Aceito de bom grado e fico de pé. Perdi meus sapatos nessa brincadeira, devo estar descabelada e sangue escorre do meu nariz. Duas meninas surgem para ajudar Bettany, que chora pelo rosto machucado. Nem preciso pedir, as pessoas tumultuadas abrem caminho para que eu possa passar. Só me deixo respirar livremente quando não há mais ninguém além de meus amigos perto de mim.

— O que foi aquilo?! — Olívia está prestes a ter um de seus ataques histéricos de preocupação.

— Beverly, você arrebentou a cachorra da Bettany! — Rachel bate palminhas. — Foi demais!

— Não foi demais! Brigar não nada demais! — Ol a repreende.

— Você está bem? — Ryven pergunta num quase sussurro. — Sabe, eu iria interromper, Rachel não deixou. Ela garantiu que se sairia bem.

Limpo o sangue no meu nariz e sorrio.

— Obrigada por se preocupar. E Rachel estava certa. Você não deve nunca se meter em uma briga de garotas à não ser que esteja injusta ou que veja que podem se matar.

Já estamos no estacionamento a essa altura. Ryven limpa meu rosto como pode e diz que nos veremos mais tarde. Agradeço mentalmente. Pelo menos terei tempo de recuperar minhas costelas e a beleza outra vez. E principalmente a energia.

➵

— Então você e Ryv é sério?

— Parece que sim. — Respondo Naomi. Ela ainda está elétrica pelos relatos de minha briga com Bettany, mas resolveu finalmente mudar de assunto. — Me conta como foi la no méxico. — peço, olhando-a pelo espelho enquanto visto minha blusa do Rockye's.

Ela o faz. Conta seus relatos de uma viagem emocionante com o namorado. Meu celular vibra. É uma mensagem de Ryven avisando que está me esperando lá embaixo. Corro para passar pelo menos um pouco de rímel e batom no rosto. Rapidamente me despeço de minhas amigas e vou com meu pa quera para o trabalho.

➵

Minha noite é pouco agitada. Ryven vem me buscar, como de costume.

— Oi — a recepção é pura alegria.

— Oi... — já a minha está mais para um beijo.

Minutos depois paramos em frente ao meu apartamento. Mal o espero desligar o carro. Ryven levanta um pouco da minha blusa enquanto distribui beijos por meu pescoço nu agora que me sentei em seu colo, arrepiando-me dos pés a cabeça. É delicioso, excitante... até ouvirmos uma batida no vidro do carro. Eu dou um pulo. Olívia Blackthorn está do outro lado do vidro do carro, carregando sacolas e uma testa franzida. Ryven desce o vidro lentamente.

— Hum... oi, Ol.

— Eu acho que um motel seria o local mais adequado para vocês dois.

É questão de um minuto para eu descer do carro, me despedir de Ryven e ele sumir.

— O que estava fazendo aqui? — pergunto finalmente.

Ela ergue as sacolas com macarrão e refrigerante.

— Eu estava voltando do mercado e vi você e o meu irmão se engolindo. Sabe, eu acho que se uma criança passasse por aqui não veria uma cena muito adequada.

— Acho melhor subimos, né? Eu estou com fome gigantesca. — Não quero continuar esse papo.

Olívia me segue.

— Sei qual é a sua pressa, Beverly Anderson... Sei qual é...