➵ 50 | Retorno aguardado

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— Você já voltou a trabalhar. Não deveria estar de repouso? — Ryven questiona.

Ele se ofereceu para vir comigo até em casa — no meu carro, já que pediu a Carter para levá-lo até o Rockye's. No meu subconsciente eu acredito que tenha agido por impulso e incentivo dos amigos.

— Pelo amor de Deus, não me diga que eu deveria estar descansando porque eu já estava exausta de ficar em casa o tempo todo.

Ryven afunda mais no encosto do banco.

— Falando nisso, nunca vi seu chefe.

— Ele fica mais no escritório nos fundos e de vez enquanto nos faz companhia. É um cara muito reservado.

— E o bar tem escritório?

Eu rio.

— Tem. Ele...

— Eu sinto sua falta... — a frase que interrompe me pega tão de surpresa que freio o carro no mesmo instante. Blackthorn vai pra frente devido o tranco e volta. — O que foi isso? — Arfa.

— O que você disse?

— "O que foi isso"?

— Antes.

— Que sinto sua falta?

Fico desarmada. Estávamos falando do meu chefe a tipo alguns segundos atrás e sem mais nem menos ele soltou que sente minha falta. Meu coração não esperava por isso.

— Sente? Em que sentido?

— Eu te falo se você sair daqui. Caramba, estamos parados no meio da rua!

— Ah, ok, ok. — Capto as buzinadas e manobro para estacionar do outro lado da rua. Fico com o corpo voltado para ele. — Pode dizer agora em que sentido?

Ryven nivela nosso olhar.

— Acho que... em todos os sentidos...

— Como pessoa, amiga ou...? — não completo, deixo subentendido.

— Em todos, como eu disse.

Não consigo evitar o sorriso que estampa meu rosto. Meu coração quase salta pela boca. Obrigo-o a continuar em seu lugar, quieto.

— Também sinto sua falta... Sinto muito sua falta. — Nunca uma frase teve tanto significado na minha boca.

Ligo o carro. Acabo de ter uma ideia.

Estaciono no meio da floresta.

— Agora sabe onde estamos indo? — desato o cinto.

— Sim, eu sei. — Ele sai do carro, contente.

Caminhamos até chegar na clareira — nossa clareira. É a primeira vez que venho aqui desde nosso término. A lembrança me deixa estremecida. Diferente daquele momento frio e escuro, agora está claro e muito belo. Por um segundo eu paro por receio. Ryven segura minha mão e andamos até o centro do gramado. Ele se deita ao meu lado e juntos olhamos o céu. É tão estranho e natural ao mesmo tempo quando nossos dedos se tocam e uma onda elétrica transpassa por eles... Nossos dedos mindinhos se enroscam.

— Desculpe...

— Pelo quê?

— Por tudo. Eu não devia ter te afastado... Eu só... não queria te fazer sofrer mais...

Ryven fica silencioso. Tenho medo do que virá a seguir.

— Tudo bem, Beverly. — Finalmente diz. — Você só achou que era o certo e... eu não devia ter me afastado. Eu tinha que ter ficado com você. Quer dizer, era o momento que mais precisava de mim e eu simplesmente aceitei a decisão.

Meu peito aperta.

— E era o certo. Eu quis.

— E eu não devia, deveria ter ficado ao seu lado. Às vezes você não sabe o que é melhor para si mesmo... Me desculpe.

Mordo o lábio. Não quero conversar sobre o assunto, mas acho que é verdadeiramente necessário.

— No final nós dois erramos.

Nos viramos, frente a frente.

— Nós...

— Devíamos voltar? Também acho.

Oh, céus. Bato os cílios.

— Eu ia dizer que nós precisamos ir embora porque está ficando tarde..., mas isso também serve.

— Ah, foi mal. — Ele mostra os dentes.

— Eu também estava pensando no que você disse, mas você falou primeiro, então...

Ryven faz careta.

— Na-hã, você que vai pedir para voltar.

— Ok.

Enquanto saio da posição, Ryven se senta na grama. Ajoelho-me.

— Vai mesmo fazer isso?

— Ryven Blackthorn. — Dou início, respirando fundo. Não tenho dúvidas de que é o que tenho que fazer e não posso ficar nem mais um dia sem ele na minha vida como meu fiel parceiro. — Você me daria a honra de voltar a ser meu namorado?

Ryven fica surpreso. Eu percebo o que fiz e desejo com todas as forças voltar um minuto atrás. Ele arqueia uma das sobrancelhas. Oh, não... Isso não é bom. Não é bom, certo? Eu botei tudo a perder?

— Isso é sério mesmo?

Penso em rir e dizer que é brincadeira, mas não é. O quero de volta.

— Seríssimo.

— Deixa eu pensar... — ah, pronto. Ele não vai aceitar e eu vou desabar no chão e chorar litros. Não posso aguentar isso. — Meu Deus, não faça essa cara. — Ele segura meu maxilar na ponta dos dedos. — Eu quero voltar com você, bobinha. Não tem como recusar.

O quê? Sim? Ele disse sim? Somos namorados outra vez? Demoro para finalmente processar a informação. É... uau. Somos namorados de novo. Somos namorados! Eu me aproximo, toco a lateral do rosto e o olho para ter a certeza que não é um truque. Sei pela seriedade de nas íris negras que não. Ele falou sério. Essa é a minha deixa para selar nossos lábios em um beijo que no mínimo significa o retorno do compromisso.

— Chegamos.

— Você bem que podia dormir aqui comigo, no meu quarto... Acho que eu não te deixaria dormir, mas podemos tentar.

Mordo o lábio inferior, tentada a aceitar. Ao olhá-lo, decido que não quero apressar nada.

— Não vai rolar. Acabamos de voltar, gatinho. Quero ir com calma.

Ele faz careta.

— Posso te beijar ao menos?

Digo que sim. Ele o faz. Retribuo. Mais alguns minutos de beijos intensos e eu já estou no colo do homem, suas mãos grossas descendo pelas costas até a bunda. As minhas percorrem todo o abdômen definido e bronzeado por debaixo da camisa dele. Blackthorn toca meu umbigo e estremeço.

— Quer saber? — paro, buscando falar e pegar fôlego. — Vamos deixar isso de ir devagar para lá?

— Acho que não vai fazer mal. — Ryven puxa a barra da minha camiseta pra cima.

— É, não faz mal. — E eu o ajudo a retirá-la por completo. 

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