➵ 49 | Nem tudo está perdido

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Acordo na segunda ao primeiro toque do despertador, alegre e cheia de energia.

— Ei, qual o motivo dessa cantoria? — Naomi entra em meu quarto enquanto eu me arrumo com uma xícara de café com leite nas mãos.

— Acordei de bom humor. — Respondo ao esfregar uma camada extra de batom na boca.

— E por acaso o nome desse bom humor é Ryven Blackthorn? — ela levanta uma das sobrancelhas.

— Não sei, talvez. — Mordo o lábio.

— Você não contou como foi o beijo de vocês.

— Não foi nada demais, como eu disse. Só um selinho na bochecha.

— Só isso?

— Sim.

Rachel salta pela porta e me abraça por trás.

— Eu sabia que vocês iam voltar!

— Rachel, o que é isso?

— Vocês se beijaram, não foi? Isso é um sinal de que o amor não morreu!

— Rach, pare de ser escandalosa. Foi um beijo na bochecha, ok? Não é como se fôssemos voltar a namorar nem nada. E afinal, vocês não vão terminar de se arrumar não?

— Já vou. — Naomi sai.

— Eu também já vou, mas ainda não terminamos essa conversa.

Reviro os olhos. Já arrumada, sento ao lado de Olívia no sofá para esperar minhas duas outras. Depois que ficam prontas nós vamos para faculdade — aliás eu estou tendo muito custo em me atualizar agora que destranquei a matéria. Ao descermos do carro, encontramos nossos amigos esperando como de costume. Ryven está junto. A imagem me traz lembranças de outros tempos, de quando tudo era divertido e leve; da época que estávamos nos conhecendo. É um dejavi gostoso de se ter.

— Oi. — Ele me recebe com um sorriso brilhante.

— Como é estar de volta aqui depois de três meses?

— É como se fosse o meu primeiro dia. — Confessa. — De qualquer jeito, eu estava com saudades daqui.

— Fico feliz por você ter voltado.

— Fico feliz por estar de volta.

Depois da aula vamos para uma sorveteria, exceto Morgan que arrumou um novo trabalho, que por acaso é na oficina que Carter e Mason trabalham, então eles não nos acompanham. Encontramos Bonnie e Genevieve. Eu mesma as convido para se juntarem as nós.

— Ryven, você arrumou alguma namorada enquanto estava fora. — Gen quer saber.

Minhas orelhas dobram de tamanho para saber a resposta.

— Não, nenhuma, Gen.

Enfio um punhado de massa gelada na boca pra evitar dar um gritinho de felicidade.

— Isso é um bom sinal. — Ela pisca pra mim e leva um cutucão de Bonnie para que pare de se meter nos assuntos alheios.

— Então você ainda gosta da Beverly. — Rachel especula.

Dou uma crise de tosse repentina. Por debaixo da mesa chuto a canela de Reynolds.

— Rachel, vem comigo ao banheiro. — Saio a puxando da mesa para o banheiro feminino.

— Você também vem. — Bonnie repete com a namorada.

Gen e Rach ficam perto da pia lado a lado como meliantes culpadas.

— O que foi aquilo?

— Foram só perguntas. — Rachel se defende.

— É óbvio que Ryven ainda gosta de você, Beverly. Como consideração pelo que meu primo Flynn fez no passado, pode ter certeza que eu farei de tudo que estiver ao meu alcance pra te unir com Ryven. Ele te faz bem.

— Bem, você poderia ter sido mais discreta, sabia? — Bonnie reprova.

— Pare de drama. Eu sei que você também está morrendo de vontade de saber. — Rachel revira os olhos. — E um empurrãozinho não faz mal, não é?

— Rachel, da próxima vez que quiser saber alguma coisa, fique só na vontade. Agora vamos voltar pra lá e você não vai fazer nenhuma pergunta como aquela, ok?

— E você também, Gen. Nada de mais perguntas.

As duas bufam, mas se conformam.

— O que vocês estavam conversando? — Ryven ergue uma das sobrancelhas.

— Nada, nada. Eu só estava falando pra nossa amiga que ela precisa aprender a fechar o bico as vezes.

— E não apenas ela. — Bon murmura.

— Concordo. — Olívia se vira para Rachel, que grita:

— Agora todos estão contra mim?

— Pare de drama, Rachel. — Sibilo.

Enquanto Rachel dramatiza, percebo que do outro lado da mesa Ryven está tentando conter a risada. Os olhos encontram os meus e desvio o olhar para o relógio da sorveteria.

— Ah, gente, eu vou ter que ir agora. Preciso trabalhar daqui a pouco.

— Eu vou com você. — Olívia diz.

— Eu também. — Rachel e Naomi saem da mesa.

— Nos vemos logo mais. — Bonnie acena.

— Até mais, Anderson. — Ryven se despede.

— Até mais, Blackthorn.

Meu chefe me recebeu de braços abertos. Voltei ao trabalho na semana passada no Rockye's e fui recepcionada extremamente bem pelos clientes, que me desejaram tudo de bom. Trabalhar ocupa minha mente e aumenta a conta bancária, além do mais o bar não anda muito tumultuado — o movimento está ótimo. Quando acabo de fazer um certo coquetel, me viro e encontro Ryven escorado no balcão. Ele não diz nada. Só o fato de estar aqui melhora minha noite em cem graus diferentes.

— Ei, o que você faz aqui?

— Eu estava com uma enorme vontade de beber o melhor drink da cidade e ouvi falar que encontro todos aqui. — Meu sorriso bobo é devolvido.

— Um drink no capricho saindo.

Ele aqui me faz pensar em todas as noites que veio me fazer companhia e me deu carona pra casa, das nossas conversas intermináveis e as sessões de beijos no carro. Um passado que eu daria tudo para ter de volta. 

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