capítulo 8

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Me virei e vi Bruno com uma bermuda e uma prancha embaixo do braço.

- Nós não temos mais nada pra conversar - respondi com ignorância.

- Eu já me desculpei milhares de vezes, Ainê. O que mais você precisa pra gente voltar? - perguntou, se sentando ao meu lado.

Automaticamente, me afastei dele.

- Não preciso de nada porque não vamos voltar.

Ele bufou e levantou, já sem paciência.

- Tá bom, Ainê. Você é minha, ouviu? E eu vou conseguir te ter de volta - apontou o dedo para mim - E ser minha te inclui a não ficar com ninguém.

- A vida é minha e eu faço o que eu quiser. Eu não tenho que te dar satisfação - falei, firme.

- Você ainda vai se arrepender dessa sua atitude, Ainê - ele disse saindo de perto.

- Você tá me ameaçando? - gritei pra ele ouvir - olha que eu vou meter o processo, hein?

Ele deu o dedo e foi conversar com uns amigos dele. Já tava cheia de macho escroto na minha vida.

Depois de uns 5 minutos, Larissa e Natália voltaram da água.

- A água tá muito boa, ami - Natália disse - topa entrar comigo lá agora? Larissa já tá cansada.

- Vamos - levantei da areia e prendi o cabelo com um coque.

- Você vai querer ir lá pro fundão? - ela perguntou quando saímos de perto da Larissa.

- Melhor não. Tenho um pouco de medo.

- Então tá.

A água estava batendo no meu ombro e eu tava ali conversando com a Nat de boa.

- Mentira que você vai almoçar com ele - ela quase gritou - como você não me contou isso antes?

- Não contei porque ele me chamou há duas horas atrás - ri de seu desespero.

- Imagina você começa a namorar com ele? - ela disse animada - AI, MEU DEUS. Daí a gente pode sair em casal, né? Eu e o Alisson, você e o Philippe.

- Ele namora, nanat - eu disse enquanto via um peixe nadando rápido - ele tem uns rolos com a namorada dele, mas eles não vão terminar.

- Que carinha é essa, Ainê? - ela me analisou - você tá longe desde a hora que eu e a Lari saímos do mar.

- Deve ser impressão sua - menti.

- Eu sei que você não tá bem, Nê. Me conta o que aconteceu, vai.

- Não quero falar sobre isso.

- Tá bom. Qualquer coisa eu tô aqui, tá?

Natália é uma das únicas pessoas que sabem que se eu não quero falar sobre o assunto, não adianta insistir. Eu sempre preciso de um tempo pra pensar.

- É sério, Natália. Vamos voltar? - mudei de assunto - tá um solzão aqui e eu quero tomar uma skol.

- Vamos que eu também quero.

Nós saímos da água e Natália foi comprar as cervejas. Eu nem vou contar pra ela do que aconteceu hoje com o Bruno porque ela vai ficar preocupada a toa.

Ficamos mais algumas horinhas na praia até o sol se pôr.

- Aí, gente, eu vou sentir tanta falta de vocês! - Larissa nos abraçou.

Como Firmino joga no Liverpool, ele, a Lari e o Mateus vieram passar um tempo aqui com a família da Larissa, já que os familiares dele são do nordeste. Depois de saírem do Rio, vão pro Nordeste e depois voltam pra Liverpool.

- Eu também vou sentir muito sua falta - eu disse.

- Eu também, amiga - Nat disse com os olhos cheios d'água.

- Você não vai chorar, né, Natália? - perguntei rindo de sua expressão.

- Aí, Ainê, deixa de ser insensível - ela disse enxugando as lágrimas.

- Assim eu tbm choro - Larissa disse e as duas se abraçaram.

- Aff - bufei - vocês vão ficar chorando mesmo?

- Vem aqui também - elas me puxaram pro abraço.

Ficamos ali por uns segundos e eu já estava cansada demais.

- Agora nós podemos voltar pra casa? - perguntei.

- Vamos logo, estressadinha - Natália disse e começou a arrumar as coisas.

Minutos depois, nos despedimos de Larissa e fomos pro carro.

A viagem até minha casa foi bem rápida.

Me despedi de Natália e entrei em casa. Já se passavam das 19 horas. Senti um cheiro forte de bife e encontrei Carol cozinhando.

- Cheguei, gata - disse jogando a chave na mesa e dando um beijo na cabeça de Carol.

- Oie - ela disse - acordei faz um tempo só pra fazer a janta. Mamãe não acordou ainda e meu pai tá tomando banho.

- Hm - roubei uma rodela de tomate que ela estava cortando - o que você tá fazendo de bom?

- Sobrou bastante arroz do almoço então é só esquentar, descongelei o feijão, fritei um bife, tô cortando o tomate pra colocar na salada junto com alface e assei umas batatas. E de sobremesa eu fiz arroz doce - ela sorriu.

- E o que você quer com tudo isso? - perguntei rindo.

- Eu não quero nada - ela continuou cortando o tomate - não posso mais fazer um agrado pra minha família?

- Depois eu descubro o que você tá aprontando - falei saindo da cozinha - eu vou tomar banho pra sair com a Nat e a Larissa. Eu lavo a louça depois.

- Não precisa, maninha. Eu lavo.

- Tem caroço nesse angu.

- Vai tomar banho logo e para de me encher o saco, Ainê.

Entrei no meu quarto e aproveitei pra olhar o celular. Tinha uma mensagem de Philippe perguntando se eu ia no almoço amanhã. Expliquei que minha família estaria ocupada, mas que eu iria sim.

Tomei um banho e tive que lavar o cabelo por causa da água do mar. Ainda de toalha, passei um secador e fiz cachos no cabelo. Passei hidratante, coloquei minha lingerie preta (vai saber o que pode acontecer até o final da noite), vesti um vestido vermelho, dei umas duas borrifadas de perfume e escolhi alguns acessórios. Calcei um salto nude bem bonito que eu comprei em New York. Falei pra Carol que não ia dar tempo de jantar porque eu já estava atrasada. Mandei mensagem pra Nat avisando que eu estava pronta. Iríamos dividir um uber pra ir e Larissa nos traria de volta, já que ela não ia beber.

Quando chegamos no barzinho, tava tudo lotado. Só tinha lugar no balcão. Então resolvemos ir a um restaurante italiano que era o meu preferido. Ficamos comendo e conversando a noite inteira. Claro que Natália chorou no final. Se ela não tivesse chorado, não seria a Natália.

Larissa deixou Natália na casa dela primeiro. Elas começaram a chorar e se abraçar, mas eu entendo. Larissa só vem pra cá nas férias, mês de dezembro ou janeiro. De vez eu quando eu ia com Bruno visitá-los em Liverpool, então eu não ficava com tanta saudade. Mas a Nat só via ela no Brasil mesmo.

Depois delas se despedirem, Larissa me levou pra casa. Ficou combinado que amanhã 8h eu iria me despedir deles no aeroporto.

Depois de sair do carro, entrei em casa e fui direto pro quarto. Amanhã seria um dia cansativo.

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