Um mês depois...
Ainê narrando:
Surpreendentemente, naquela manhã acordei antes do alarme. Levantei da cama sentindo-me ainda cansada e calcei minhas pantufas, indo em direção as janelas para abri-las. Pequenos pingos de chuvas caíram sobre mim quando as abri, mas não me importei. Fechei os olhos e suspirei, deixando a brisa doce da manhã junto com o delicioso cheiro de terra molhada entrar em contato com meu rosto, enquanto milhares de pensamentos invadiam minha mente.
Fechei novamente as janelas e parei meu olhar sobre o criado-mudo, onde estava o porta-retrato com uma foto minha e de Philippe. Quando me dei conta, eu já estava sentada na beira da cama, segurando o porta-retrato em minhas mãos e pensando novamente em todos os momentos que nós passamos juntos.
Infelizmente, hoje o que resta é a saudade desse tempo.
Eu e Philippe ainda nos falávamos, claro. A melhor parte do meu dia passou a ser quando chegava em casa depois de um dia cansativo de trabalho e pegava meu notebook para ligar para ele. Ele também dizia que era de longe a parte preferida do seu dia.
Senti meu celular vibrar em cima da cama, indicando que eu já deveria me arrumar para mais um dia de trabalho. Coloquei a foto delicadamente sobre o criado mudo e fui em direção a cozinha para preparar meu café e minhas torradas.
Comi em silêncio no sofá do meu pequeno apartamento em Angra - que continha apenas dois quartos, uma sala de tv e a cozinha - enquanto assistia o noticiário. Peguei meu celular e sorri ao ver uma nova mensagem de Philippe me desejando "bom dia". O meu desejo agora é que esse "bom dia" não fosse por mensagem...
Terminei meu café e deixei a louça na pia, sem me preocupar em lavá-la agora. Entrei no banho e deixei a água quente se chocar contra meu corpo, pensando em Philippe, como sempre. Às vezes me irritava o fato de eu não conseguir tirá-lo da minha cabeça nem se quer por um segundo.
Sai do banho com os cabelos molhados e os sequei com o secador rapidamente, fazendo escova para ele não embaraçar tanto. Vesti uma calça jeans e uma blusa preta qualquer, calçando um tênis preto simples.
Olhei o relógio e vi que eu estava atrasada. Coloquei alguns poucos acessórios e passei perfume antes de pegar minha bolsa e sair correndo de casa.
Me dirigi a garagem do prédio e entrei em meu carro, jogando minha bolsa no banco do passageiro. Virei a chave para o carro ligar e nada. Tentei de novo, mas não obtive sucesso novamente.
- Droga - bati no volante.
Ao ver que não adiantaria ficar batendo no volante, chamei um Uber e fiquei esperando em um lugar coberto na calçada do prédio até ele chegar.
Acabei por chegar no consultório exatamente treze minutos atrasada. Parei na recepção e Aline, minha secretária, veio ao meu encontro:
- Senhorita Ainê, você está bem? - me analisou.
- Estou, Aline - respirei com mais calma - e não me chame de "senhorita", por favor. Me sinto estranha - fiz uma careta e ela riu.
- Tudo bem, sen... Ainê - a secretária poucos anos mais velha que eu se corrigiu.
- O paciente das 9 horas já chegou? - perguntei.
- Chegou há uns minutinhos - me informou.
- Mande ele entrar daqui a cinco minutos - ela apenas assentiu com a cabeça e eu fui até minha sala.

VOCÊ ESTÁ LENDO
two hearts
FanfictionAinê já sofreu muito no passado por amor. Após sair de um relacionamento conturbado, encontra Philippe por acaso. Os dois viram melhores amigos, mas um sentimento forte de ambas as partes fala mais alto. "sou seu confidente não vai ser pecado seu...