capítulo 19

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Philippe narrando:

Por sorte, consegui segurar Ainê quando ela pulou em meu colo e envolveu as pernas em volta da minha cintura.

- O que foi? - perguntei, preocupado.

Ela respirou fundo antes de responder.

- Acho que um rato acabou de passar pelo meu pé - falou, por fim.

Ri da confusão, a colocando no chão novamente.

- É o pipoca - expliquei a ela.

- Você deu um nome pra um rato? - perguntou, confusa.

- Não - ri mais ainda - é o cachorro das crianças. Ele fica aqui de vez em quando. Não sei a raça, mas é bem pequena. Quer vê-la?

- Claro.

Chamei o cachorro, que veio correndo ao nosso encontro.

- Ei, cara, vem aqui - abaixei e peguei o pequeno cachorro branco no colo.

- É um Spitz alemão - ela sorriu, pegando Pipoca do meu colo e fazendo carinho no mesmo.

- Mas então, você tem medo de ratos? - perguntei, pressionando os lábios para não rir.

- Vai me dizer que você não tem?

- Nunca vi um pra saber - fui sincero.

- Sorte sua.

- Por que esse medo todo? .

- Um dia eu estava brincando na garagem da minha antiga casa e confundi um rato com minha boneca - contou e eu comecei a rir - para de rir, Philippe!

- Sua boneca não se depilava? - brinquei.

- Escuta, eu só não te bato porque o pipoca tá no meu colo - pude ver que ela estava falando a verdade.

- Tenho mais medo de quando você fala isso do que de ratos.

- Idiota - revirou os olhos - acho que ele está com sono.

Ela colocou o cachorro no chão. Pipoca foi andando até sua pequena cama na cozinha.

- Eu também tô com sono - a lembrei.

- Por isso você está chato - ela disse e eu ri. Subimos as escadas, indo até o quarto.

Abracei Ainê por conta do frio e ela novamente coloquei a coberta sobre nós. Ela aninhou a cabeça em meu peito antes de fechar os olhos.

- Boa noite, Philippinho - sorriu.

- Boa noite.

Fiquei a analisando por um tempo, até ouvir sua respiração ficar leve, sinal de que ela havia dormido. Sorri com a cena e também fechei os olhos, tendo certeza que eu teria uma ótima noite de sono.

manhã seguinte:

Acordei meio desnorteado, olhando para os lados e não avistando Ainê. Fiz minhas higienes matinais e fui até o andar de baixo, me deparando com ela e minha mãe assistindo televisão juntas enquanto conversavam.

- Bom dia - ouço Ainê me cumprimentar, sorrindo como sempre.

- Bom dia - sorri também. Fui até lá e dei um beijo em sua testa - bom dia, mãe.

- Bom dia, filho - deu um beijo em minha bochecha.

- Faz tempo que você tá acordada, Nê? - pergunto.

- Um pouco, mas sua mãe está me fazendo companhia - respondeu.

- Ainê não tomou café da manhã - minha mãe comentou - ela estava te esperando.

- Vamos à cozinha - digo e a mesma me acompanha até lá.

- Antes que eu esqueça de te dizer, a festa do Alisson vai ser na casa dele.

- Tenho que pedir para ele me mandar o endereço - comentei enquanto despejava o café na xícara.

Ela tomou um gole de seu café e fez uma careta.

- Porra, está quente - reclamou.

- Você achava que iria estar frio? - debochei.

Ela mostrou a língua.

- Quer que eu te dê uma carona até a festa? - pergunto.

- Que horas você passa pra me pegar?

- 19 horas - respondo - tá bom pra você?

Ela assentiu com a cabeça.

- Eu queria ir à praia hoje - suspirou e olhou o céu pela porta de vidro. O tempo estava nublado e chovia muito. Provavelmente, vários pontos do Rio já estavam alagados.

- Praia? - perguntei.

- É - volta a comer - queria pegar uma cor para ir viajar.

- Falando nisso, vou te buscar segunda a noite. Você dorme aqui e nós vamos pro aeroporto às 4 horas da manhã com o meu carro, ok?

- Estarei pronta - terminamos de comer e colocamos os pratos na pia - eu lavo a louça.

- Pode ir lá na sala com a minha mãe - digo - eu lavo isso aqui.

- Se você insiste... - saiu da cozinha, rindo. Terminei de lavar a louça e sequei as mãos no pano de prato.

- Cadê a Ainê? - perguntei para minha mãe.

- Ela foi pro quarto - avisou sem tirar os olhos da televisão.

Subi as escadas e a porta do quarto estava entreaberta. Dei duas batidas por precaução.

- Posso entrar? - perguntei ainda do lado de fora.

- Sim - respondeu. Ainê estava deitada na cama mexendo no celular. Me aproximei e deitei ao seu lado.

- O que você está vendo? - dei uma espiada no celular e vi que a mesma estava conversando com um cara - quem é Daniel?

- Um cara aí com quem tenho encontro - deu de ombros.

- Eu conheço? - perguntei por curiosidade.

Ela me olhou confusa por alguns instantes e logo voltou a atenção para o celular, digitando rapidamente um "Te vejo lá!!!".

Sim, com três pontos de exclamação.

Três.

- Vocês se conhecem faz tempo? - continuei a perguntar.

- Não muito - pensou um pouco - peguei o contato dele através de uma amiga.

Apenas assenti com a cabeça, com um sentimento meio estranho de... ciúmes? Não, não podia ser.

- Está pensando em que? - olhou para mim.

- Em onde nós podemos almoçar - inventei uma desculpa qualquer, mas mesmo assim percebi ela me olhava desconfiada.

two hearts Onde histórias criam vida. Descubra agora