capítulo 21

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Os bandidos se misturaram entre as pessoas, fazendo com que todos começassem a gritar e se abaixar para tentarem se proteger dos tiros. Eu e Philippe fizemos o mesmo. Alguns policiais entraram logo em seguida e começaram a vasculhar o local.

- Ainê? - Philippe passou a mão pelo meu braço. Assustei com o seu toque em minha pele e me virei para vê-lo - respira fundo. Nós vamos conseguir sair daqui - disse ao perceber que eu estava chorando.

- Por que isso tá acontecendo? - encosto na parede, abraçando os joelhos.

- Vem cá - me envolveu em um abraço. Cheguei mais perto e encostei minha cabeça em seu ombro. Mais policiais chegaram ao local. Alguns ficaram na porta vigiando enquanto outros entraram e foram até os quartos.

- Ei, vocês dois - um policial sussurrou para mim e para Philippe - podem ir saindo. Saiam agachados.

- Obrigado - Philippe começou a engatinhar até a saída. Eu não conseguia sair do lugar. Estava em estado de pânico. O policial fez sinal para que eu saísse logo, mas não consegui me mover. Meu corpo todo estava tremendo. Philippe voltou e começou a me puxar - se você não sair agora, pode piorar - ao ouvir o mesmo falar isso, sai de lá engatinhando atrás dele. Ao chegar a calçada, nos levantamos e fomos correndo até o carro. Meu amigo abriu a porta do carro para mim e entrou logo em seguida - calma. Já tá tudo bem - me abraçou. O abracei também e comecei a chorar mais ainda - eu tô aqui.

Ficamos assim pelo que pareceu uma eternidade. Philippe em instante algum me soltou ou parou de passar a mão pelas minhas costas.

- Vamos embora? - pedi entre soluços.

- Claro - colocou a chave na ignição e saímos de lá. Ao olhar de relance para a boate, vi que algumas pessoas estavam saindo aos poucos, assim como nós fizemos. Passei a mão no rosto e coloquei o cinto. Philippe logo parou o carro e olhei ao redor para ver onde estávamos. Era um posto de gasolina bem iluminado - o frentista vai abastecer o carro enquanto eu vou ali na loja de conveniência pagar.

- Eu vou com você - digo - não quero ficar sozinha.

- Então, vem - descemos do carro e fomos até a loja - vou pegar uma água pra você.

- Tá - fiquei ali na frente do balcão esperando.

- Tá tudo bem? - a atendente me pergunta - ele tá fazendo alguma coisa contigo?

- Não, moça - forcei um sorriso - nós dois acabamos de sair do meio de um tiroteio - suspirei.

- Eu sinto muito - passou a mão pelo meu braço.

- Pronto - Philippe entregou a garrafinha de água na minha mão e dá um beijo em minha testa. Logo em seguida, Philippe pagou pela gasolina e pela água para sairmos logo dali. Me despedi da mulher simpática com um aceno de mão e segui de mãos dadas com Philippe até o carro - pra onde você quer ir? - perguntou após adentrarmos o carro.

- Pra minha casa - bebi um gole da garrafinha de água que o mesmo havia me dado. Philippe ligou o rádio na nossa playlist. Eu não estava com ânimo pra cantar, então simplesmente fiquei encolhida no banco olhando os carros passarem.

- Chegamos - avisou depois de uns 20 minutos - você vai ficar bem?

- Não - fui sincera.

- Poxa, Nê. Pra mim também foi horrível. Eu também estava lá, mas já passou. Agora nós estamos seguros - tentou me acalmar.

- Fica aqui comigo? - pedi - eu não quero ficar sozinha. Todo mundo já deve estar dormindo.

- Sua mãe não vê problema nisso?

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