capítulo 31

1K 52 3
                                        

Ainê narrando:

- Pronta? - perguntou, dando um beijo em minha testa.

Ontem, fez um mês da morte da minha mãe. Já estávamos em um novo ano, em uma nova década. Algumas semanas após a tragédia, Pedro sentou comigo para nós conversarmos. Ele disse que iria mudar para um apartamento, com o argumento de que a nossa casa trazia muitas lembranças dolorosas. Eu o entendo. Aquele lugar também me trazia várias lembranças da minha mãe, mas achei que mudar de casa era um tanto precipitado. Ele deixou bem claro que eu era totalmente bem vinda na casa, até me convidou para morar lá pois me considera como uma filha, já que me conhecia desce pequena. Eu acabei negando.

Meu pai também me chamou pra morar com ele. Minhas irmãs mais velhas, Aira e Íris praticamente suplicaram pra eu morar lá, argumentando que nós nos divertiríamos muito juntas tanto lá quanto nas baladas. Mesmo com tanta insistência, eu também neguei. Porém, o último convite eu aceitei. E era exatamente essa pessoa que com quem eu iria morar que viera me buscar ali, para irmos a nossa nova casa.

Olhei minha casa uma última vez, eu havia passado minha infância inteira ali. Me doía ter que me despedir desse lugar.

- Claro, Philippe - dei um sorriso fraco.

- Já coloquei suas malas no carro - apontou para o porta-malas.

- Agora? - perguntei, um pouco confusa.

- Sim - abriu a porta de seu carro para mim - enquanto você olhava pra casa.

- Ah - adentrei ao carro e ele entrou logo depois.

- Tá tudo bem? - me olhou, colocando a mão em meu braço.

- Tá sim - tentei dar um sorriso - é normal eu ficar assim. Afinal, passei muitas coisas aqui, não é?

- É - sorriu - eu tava pensando, que tal nós passarmos no shopping pra comprar umas coisas pra casa mais tarde?

- Claro - nem prestei muita atenção no que ele disse.

O caminho até a nossa casa foi silencioso. "Nossa casa". Não sei se me acostumaria com isso tão rápido.

Ao chegarmos no condomínio, Philippe abriu o portão com um controle automático. As ruas de lá são bem silenciosas, com algumas crianças brincando por lá.

- É aqui - ele estacionou o carro em frente a uma casa enorme de dois andares.

Desci do carro e tirei os óculos de sol para observá-la melhor. As paredes eram brancas, a porta devia ter uns 4 metros de altura e um lindo jardim enfeitava a parte de fora. Uma janela grande dava de cara pra esse jardim, e várias outras janelas se encontravam no segundo andar.

- Meu Deus! - exclamei, sem tirar os olhos da casa.

- Gostou? - sorriu.

- Eu amei - o abracei e ficamos olhando para a casa - talvez eu compre uma casa nesse condomínio depois que eu me estabilizar.

- Não vamos tocar nesse assunto agora, beleza? - se desviou do abraço e foi abrir a porta.

- Por que você não quer falar disso? - fui atrás dele.

- Depois a gente conversa sobre isso, tá?

- Como quiser - ergo as mãos para o alto em sinal de rendição.

- Deixa eu te mostrar a casa - depois de acionar o alarme do carro, pegar as malas na calçada e fechar a porta, nós dois fomos até a cozinha, que é bem grande por sinal.

- Cadê a comida? - perguntei.

- Nós temos que comprar - deu de ombros - não entendo nada disso.

two hearts Onde histórias criam vida. Descubra agora