capítulo 47

750 41 0
                                    

No momento em que Ainê abriu a boca para falar, a porta dos fundos foi aberta, revelando um homem alto, devia ter sessenta anos e vestia uma camisa xadrez com uma calça jeans.

- Com licença - ele deu duas batidas fracas na porta, colocando apenas a cabeça para dentro - bom dia, dona Ainê - cumprimentou minha amiga.

- Bom dia - ela deu um sorriso simpático.

- Lúcia, daqui a pouco eu já estou indo embora - ele avisou - vai querer carona?

- Vou sim, Flávio - confirmou - vou terminar de arrumar a cozinha e já vou.

- Ok - ele fechou a porta novamente.

Finalmente sai da escada e me juntei a elas, como se eu não tivesse escutado nada da conversa.

- Philippe! - Lúcia exclamou ao me ver - faz tempo que você tá aqui?

Olhei de soslaio para Ainê, notando que seu rosto ficou vermelho.

- Não - menti - acabei de sair do banho e já desci.

- Hum - a mulher resmungou, meio desconfiada.

- Sendo assim, eu vou tomar um banho antes de almoçar - Ainê se levantou e foi até Lúcia.

- Tchau, querida. Venha para a fazenda mais vezes pra me visitar.

- Pode deixar - elas se despediram com um abraço e um beijo na bochecha e Ainê subiu as escadas, indo em direção ao banheiro.

No meu bolso, meu celular começou a vibrar. Pedi licença a Maria Lúcia e fui atender lá fora.

início de ligação

- Alô?
- Filho, que bom que você atendeu!
- Mãe? Aconteceu alguma coisa?
- Não, nada demais. O seu vôo vai sair mais cedo na segunda. Ao invés de sair às 17 horas, vai sair às 14 horas.
- Mudaram agora?
- Sim, recebi uma mensagem da companhia área. Aliás, que horas vocês voltam daí?
- Vamos sair amanhã, umas 18 horas.
- Aproveitem bastante.
- Obrigado, mãe. Um beijo.
- Beijo, filho.

final de ligação

Coloquei o celular novamente no bolso e andei um pouco pela grama, vendo algumas galinhas andando pelo local. Fui andando devagar até o carro, até que sinto duas mãos envolvendo minha cintura por trás.

- Qualquer dia você me mata com esses sustos - acabei rindo.

- Eu sei - Ainê riu e me deu um selinho em seguida.

- Por que a Lúcia foi embora? - perguntei.

- Ela não passa sábado nem domingo aqui.

- E quem tá comida para os animais?

- O caseiro da fazenda ao lado - ela disse - ele vem aos domingos de manhã.

Ficamos abraçados, apenas olhando um para o outro.

- A Lucia deixou toda o nosso almoço pronto - ela comentou.

- Que bom - suspirei - eu só quero comer e cair na cama.

- Só não dorme muito - ela disse - ainda tenho muito o que te mostrar por aqui.

Entramos em casa e fomos direto para a cozinha. Ela tirou dois pratos e dois copos do armário, os colocando sobre a mesa. Nós dois pegamos o prato para colocar o arroz, o feijão e o frango. As panelas estavam no fogão.

- Precisa esquentar? - ela perguntou logo que nós terminamos de fazer o prato e nos sentamos a mesa.

- Não - neguei - ainda tá um pouco quente.

two hearts Onde histórias criam vida. Descubra agora