"quando é pra acontecer,
tem dia, lugar e tem hora"Assim que as portas do avião se abriram, agradeci mentalmente a Deus por estar livre daquele cúbiculo. Meu enjôo de viagens de avião vem de berço e, pode acreditar, eu não desejo isso pra ninguém.
- Como foi a viagem, senhorita? - a aeromoça perguntou com um sorriso no rosto enquanto eu saia do avião.
Dez horas em um avião de New York ao Rio de Janeiro com o meu estômago inquieto o percurso inteiro. Estava bem longe da viagem ter sido boa. A culpa não havia sido da companhia aérea, porém.
- Foi ótima, obrigada - sorri de volta, saindo do avião com a minha pequena mala de mão.
Peguei o celular no bolso da minha calça jeans e telefonei pra minha prima, Larissa, pra ver se ela já havia chegado ao aeroporto. A ligação caiu na caixa postal três vezes. Talvez ela tivesse deixado o celular em casa. Era a sua cara fazer isso.
Enquanto eu guardava o celular no bolso novamente, uma mulher passou ao meu lado e esbarrou em mim.
Ela deu uma olhada rápida em minha direção e bufou, se virando novamente para o homem ao lado dela que parou ao me ver:
- Vamos, Philippe, você sabe que eu não posso me atrasar!
Ele a ignorou totalmente e veio até mim.
- Me desculpa por isso - o mesmo se agachou em minha frente e pegou meu celular, que havia caído no chão quando nos esbarramos.
O encarei por alguns segundos. Tentei lembrar de onde o conhecia, mas foi em vão. Provavelmente eu o vi no avião em uma das inúmeras vezes que eu havia levantado para ir ao banheiro e não estava lembrada.
- Imagina - sorri - e obrigada pelo celular... Philippe, certo?
- Isso - ele também sorriu. E que sorriso! - até mais - se despediu com um aceno de mão. Fiz o mesmo.
Guardei o celular no bolso e segui as placas que indicavam onde minhas malas estariam. Depois de passar por todo o processo de segurança, me dirigi a saída do aeroporto. Avistei de longe Larissa e um pequeno menino com cabelos escuros, que, logo quando me viu, veio correndo ao meu encontro.
- Titia, que saudade! - Mateus, filho da minha prima e meu afilhado, foi o primeiro a vir até mim e me abraçar. Me agachei para ficar da mesma altura que ele.
- Eu também estava morrendo de saudades, meu amor - sorri, o enchendo de beijos na bochecha.
Levantei e dei um abraço apertado em Larissa.
- A viagem foi tranquila, prima? Você demorou pra chegar aqui - ela perguntou.
- Não via a hora de sair daquele cubículo Tiveram que conferir minha mala - expliquei.
- Como se você fosse capaz de transportar droga ou algo inapropriado dentro dela!
Nós duas rimos. Mesmo sendo três anos mais velha, Larissa sempre soube que eu era a mais certinha do meu grupo de amigos.
Ela me ajudou a levar as malas até seu carro no estacionamento enquanto eu levava Mateus no meu colo.
- E como tá o Firmino? - perguntei, colocando o cinto de segurança do banco da frente do passageiro.
Ela deu partida no carro.
- Tá bem - minha prima respondeu - vamos voltar pra Liverpool daqui a um mês.
Larissa, Firmino e Mateus viviam na cidade inglesa, onde Bobby jogava. Mês passado, uns dias antes de eu viajar, ele sofreu uma lesão no joelho e estava andando de muletas.
Como sou fisioterapeuta, dei uma olhada no joelho dele. Não parecia ser muito grave, mas ele teve que fazer uma bateria de exames do mesmo jeito.
- Um mês? Eu nem vou poder passar tanto tempo com o Mateus - suspirei.
- Um mês é bastante coisa - ela riu.
Olhei para o banco de trás e fiz uma careta para o meu afilhado. Ele fez o mesmo, segurando na minha mão e dando um beijo nela. Não sei onde ele tinha aprendido a fazer isso, mas eu achava graça toda vez que ele fazia.
![](https://img.wattpad.com/cover/200826512-288-k708329.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
two hearts
Hayran KurguAinê já sofreu muito no passado por amor. Após sair de um relacionamento conturbado, encontra Philippe por acaso. Os dois viram melhores amigos, mas um sentimento forte de ambas as partes fala mais alto. "sou seu confidente não vai ser pecado seu...