Logo no início da gravidez, eu e Philippe combinamos que o parto seria cesárea, com dia e hora marcada. Em uma consulta ao médico, marcamos a data pro dia 5 de janeiro, logo depois das festas para nos estabilizarmos melhor. Tínhamos certeza que essa seria a data, inclusive já havíamos bordado em uma pequena toalha essa data. Porém, para nossa surpresa, comecei a sentir fortes dores pela madrugada, vinte dias antes do esperado.
- Maria não pode nascer hoje, Philippe! - falei, andando até o carro. Meu noivo andava com passos apertados enquanto carregava a bolsa e oferecia a mão para eu apertar ao mesmo tempo.
- Por que não? - questionou, sem parar de olhar um segundo para frente.
- Porque eu não tô preparada - falei. O desespero era notável em minha voz - nós já marcamos de fazer cesária pra eu não sentir nenhum tipo de dor. Essas contrações são um inferno!
Ele me ajudou a entrar no banco do motorista e deu a volta no carro, entrando no veículo e colocando a bolsa de maternidade no banco em seguida.
- Melhor do que dez dedos de dilatação pro bebê sair.
- Você acha pouco, é? Vou te dar vários chutes no saco com um intervalo de dois em dois minutos pra você ver.
Ele ligou o carro e me deu um beijo na bochecha.
- Por favor, não faça isso - pediu, me fazendo rir.
O caminho até o hospital não foi tão demorado e as dores não estavam tão fortes como antes. Assim que chegamos, Philippe novamente me ajudou a andar até o interior do hospital e me deixou sentada na sala de espera enquanto preenchia o cadastro.
- Ainê Maria Noel de Sousa? - uma mulher de jaleco apareceu em minha frente.
- Opa - levantei, mas, ao perceber que havia falado em português, tornei a falar em inglês - olá.
- Me acompanhem, por favor - falou para nós. Eu e Philippe a seguimos até seu consultório, onde ela me mandou deitar em uma maca. Fiz o que ela mandou e ela me examinou - fiquem tranquilos, não vai nascer hoje.
- Mas eu senti as contrações - falei.
- É normal sentir a partir dos sete meses, mas não são tão fortes como na hora do parto mesmo - disse ela, retirando as luvas que usou para me examinar e as jogou no lixo - na hora que for, você saberá.
- Obrigada, doutora - agradeci, pensando no quão forte seria a dor.
- Repouso total, hein? Quanto mais tempo você ficar deitada, melhor! - ela disse quando nós já estávamos na porta do consultório.
- Obrigado - Philippe disse, e, em seguida, voltou a andar comigo pelo corredor - seria melhor se já tivesse nascido.
- Ué, por que? - perguntei.
- Você não aguenta ficar um minuto parada, Ainê.
- Que mentira - parei de andar e ele me olhou - tá vendo? Eu consigo ficar parada...
Ele riu, passando o braço em volta de minha cintura e andando novamente comigo até a saída.
- Consegue, minha vida. Agora vamos.
- Agora que nós já estamos acordados mesmo, bem que podíamos parar em algum lugar pra tomar um sorvete, né? - fiz beicinho.
- É, não consegue...
5 dias depois...
- Vamos, vida, você vai ficar sofrendo de dor pra quê?
- Não adianta, Philippe. Até parece que você não conhece essa cabeça dura - Larissa falou.
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two hearts
FanfictionAinê já sofreu muito no passado por amor. Após sair de um relacionamento conturbado, encontra Philippe por acaso. Os dois viram melhores amigos, mas um sentimento forte de ambas as partes fala mais alto. "sou seu confidente não vai ser pecado seu...