capítulo 50

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dia seguinte...

- As malas estão todas no carro - Philippe avisou, encostando a porta principal da nossa casa atrás de si e vindo até mim.

Olhei pra ele, com uma expressão de tristeza no rosto, mas tratei de desfazê-la rapidamente.

- Vou sentir sua falta - murmurei, olhando para o carpete no chão.

Ele pegou minhas mãos.

- Eu também vou - um dos cantos de sua boca se elevou - mais do que você imagina...

Ele não iria sentir tanta saudade como eu. Por que eu sei disso? Porque ontem eu tive certeza de que o amava. E uma pessoa que ama a outra não consegue ficar muito tempo distante. Eu já estava sentindo saudades antes mesmo de ele partir.

O celular de Philippe vibrou no seu bolso. Ele pediu licença e se afastou para atender.

- Era minha mãe - disse ele, após encerrar a ligação - ela disse que já está saindo de casa para ir ao aeroporto.

- Nós devemos ir também - suspirei.

- Antes que eu me esqueça - ele tirou uma caixinha preta do bolso, aquelas de aliança. Olhei para a caixa curiosa e ele a abriu, tirando de lá uma corrente de ouro com um pingente - é pra você.

- Ah, Philippe, obrigada, mas eu não posso aceitar - sorri de leve.

- Pode sim. E deve - ele sorriu, fazendo um sinal para que eu me virasse de costas. Assim o fiz - é uma corrente de Nossa Senhora Aparecida. Lembrei que uma vez você me disse que era devota e comprei pra você.

Ele terminou de amarrá-la em volta do meu pescoço e eu me virei de frente pra ele.

- Philippe, ela é... - tentei procurar palavras que demonstrassem o quão linda era ela e também para agradecer o suficiente pelo presente, mas desisti - obrigada.

- Quando você sentir saudades, você vai ter a correntinha pra se lembrar de mim - ele deu um sorriso singelo.

Eu não disse nada, apenas o abracei forte, sentindo meu olho já se encher de lágrimas.

- Acho que nós realmente já devemos ir - ele disse, visivelmente abalado.

- É, devemos - tornei a olhar para baixo, a fim de que ele não me visse chorar.

Philippe narrando:

Chegamos no aeroporto trinta minutos depois, onde minha mãe e meu pai já nos esperavam. Minha primeira reação ao vê-los foi abraçar minha mãe.

- Filho, eu vou sentir tanto a sua falta - ela também me abraçou.

- Eu também, mãe - dei um beijo em sua testa - e fica tranquila que eu vou te ligar assim que chegar.

Ela deu um sorriso amarelo, enxugando uma lágrima que acabara de cair. Fui ao encontro de meu pai.

- Tchau, filho, vai com Deus - nos abraçamos.

- Amém, pai - sorri de leve, e me aproximei de Ainê.

Eu a olhava sem dizer nada, tentando decorar cada parte sua para me lembrar quando estivéssemos separados por um oceano.

- Nós vamos ali na lanchonete pra vocês se despedirem - minha mãe disse. Assenti com a cabeça e dei um pequeno sorriso para dona Dina.

Passei a mão pelos seus cabelos morenos, os acariciando.

- Eu vou sentir sua falta - falou pela segunda vez ao dia.

- Não tanto quanto eu - tentei não demonstrar o quão triste eu estava naquele momento.

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