dia seguinte...
- As malas estão todas no carro - Philippe avisou, encostando a porta principal da nossa casa atrás de si e vindo até mim.
Olhei pra ele, com uma expressão de tristeza no rosto, mas tratei de desfazê-la rapidamente.
- Vou sentir sua falta - murmurei, olhando para o carpete no chão.
Ele pegou minhas mãos.
- Eu também vou - um dos cantos de sua boca se elevou - mais do que você imagina...
Ele não iria sentir tanta saudade como eu. Por que eu sei disso? Porque ontem eu tive certeza de que o amava. E uma pessoa que ama a outra não consegue ficar muito tempo distante. Eu já estava sentindo saudades antes mesmo de ele partir.
O celular de Philippe vibrou no seu bolso. Ele pediu licença e se afastou para atender.
- Era minha mãe - disse ele, após encerrar a ligação - ela disse que já está saindo de casa para ir ao aeroporto.
- Nós devemos ir também - suspirei.
- Antes que eu me esqueça - ele tirou uma caixinha preta do bolso, aquelas de aliança. Olhei para a caixa curiosa e ele a abriu, tirando de lá uma corrente de ouro com um pingente - é pra você.
- Ah, Philippe, obrigada, mas eu não posso aceitar - sorri de leve.
- Pode sim. E deve - ele sorriu, fazendo um sinal para que eu me virasse de costas. Assim o fiz - é uma corrente de Nossa Senhora Aparecida. Lembrei que uma vez você me disse que era devota e comprei pra você.
Ele terminou de amarrá-la em volta do meu pescoço e eu me virei de frente pra ele.
- Philippe, ela é... - tentei procurar palavras que demonstrassem o quão linda era ela e também para agradecer o suficiente pelo presente, mas desisti - obrigada.
- Quando você sentir saudades, você vai ter a correntinha pra se lembrar de mim - ele deu um sorriso singelo.
Eu não disse nada, apenas o abracei forte, sentindo meu olho já se encher de lágrimas.
- Acho que nós realmente já devemos ir - ele disse, visivelmente abalado.
- É, devemos - tornei a olhar para baixo, a fim de que ele não me visse chorar.
Philippe narrando:
Chegamos no aeroporto trinta minutos depois, onde minha mãe e meu pai já nos esperavam. Minha primeira reação ao vê-los foi abraçar minha mãe.
- Filho, eu vou sentir tanto a sua falta - ela também me abraçou.
- Eu também, mãe - dei um beijo em sua testa - e fica tranquila que eu vou te ligar assim que chegar.
Ela deu um sorriso amarelo, enxugando uma lágrima que acabara de cair. Fui ao encontro de meu pai.
- Tchau, filho, vai com Deus - nos abraçamos.
- Amém, pai - sorri de leve, e me aproximei de Ainê.
Eu a olhava sem dizer nada, tentando decorar cada parte sua para me lembrar quando estivéssemos separados por um oceano.
- Nós vamos ali na lanchonete pra vocês se despedirem - minha mãe disse. Assenti com a cabeça e dei um pequeno sorriso para dona Dina.
Passei a mão pelos seus cabelos morenos, os acariciando.
- Eu vou sentir sua falta - falou pela segunda vez ao dia.
- Não tanto quanto eu - tentei não demonstrar o quão triste eu estava naquele momento.
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two hearts
FanfictionAinê já sofreu muito no passado por amor. Após sair de um relacionamento conturbado, encontra Philippe por acaso. Os dois viram melhores amigos, mas um sentimento forte de ambas as partes fala mais alto. "sou seu confidente não vai ser pecado seu...