capítulo 53

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Ainê narrando:

Senti saudades do meu carro quando desembarquei em Munique e não conseguia pegar um táxi. Graças ao pouco de inglês que eu falava e a mímica, consegui dizer para o taxista me levar ao endereço de Philippe, que sua mãe me passara horas antes.

Quando finalmente o carro parou, o motorista me ajudou a tirar minhas malas do carro. Entreguei dinheiro o suficiente para pagar a corrida e ele apenas disse alguma palavra que eu pensei ser "obrigado" em alemão.

Meu coração saltou dentro do peito assim que avistei a casa grande, com as paredes pintadas de uma cor branca misturada com creme, ainda sem nenhum desgaste. Tudo estava exatamente igual a foto que Philippe me mandou assim que chegou aqui mês passado, o que comprovava que essa realmente era sua casa. Peguei minhas duas malas e andei até a porta da frente. Respirei fundo e toquei a campainha. Esperei dois minutos e nada. Olhei para minhas mãos, já suadas de tanto nervosismo e toquei novamente. Em seguida, ouvi passos vindo em direção a porta.

- Já vai, porra - ele gritou lá de dentro.

Meu corpo todo estremeceu ao ouvir sua voz, mesmo ela estando mais rude que de costume. Bati novamente na porta com força.

- Eu já disse para ir embo... - ele parou de falar assim que abriu a porta e me viu. Seus olhos furiosos se arregalaram, depois ficaram confusos.

Meu coração batia rápido dentro do peito. Ele estava ali, bem na minha frente!

- Tem certeza? Eu vim de tão longe! Mas se quiser que eu vá emb... - não pude terminar, pois seus braços me puxaram para si e os lábios esmagaram o meu com desespero.

Larguei minhas malas no chão e o apertei muito, num abraço quase insuportável, mas eu não pretendia o soltar por nada nesse mundo. Minhas mãos tocaram o máximo dele que conseguiram: o cabelo, o pescoço, o rosto, os ombros.

- O que você está fazendo aqui? - ele sussurrou, tocando sua testa na minha.

- Muitas coisas mudaram depois que eu te conheci. E foram precisos milhões de quilômetros nos separando para eu perceber que não consigo viver sem você. Nenhum emprego dos sonhos vai me fazer feliz, porque a minha felicidade está aqui - apontei para o seu coração - a minha felicidade está onde você está.

Seu rosto se iluminou, o brilho prateado que senti tanta falta no último mês apareceu em seus olhos.

- Certeza que é isso que você quer pra sua vida? - perguntou, com o sorriso mais lindo que eu já vi na minha vida.

- Você é minha vida, Philippe - sorri. Acariciei seu rosto e olhei bem no fundo de seus olhos - desculpa por ter sido tola e não ter percebido isso antes. Eu te amo.

- O que você disse? - seus olhos se arregalaram, surpresos com o que eu acabara de falar.

- Que eu te amo - abri um sorriso de orelha a orelha.

- Eu também te amo - ele também sorriu - até mais do que deveria - completou.

Philippe envolveu suas mãos em volta da minha cintura e me beijou, ainda na porta da frente da casa. Enquanto nossas línguas se entrelaçavam, meu coração batia tão forte que, por um segundo, achei que ele fosse sair pela boca. Separamos nossos lábios e eu levei minha mão direita até sua nuca, enquanto a esquerda ainda estava em seu peito.

- Então aquele convite que você me fez de vir morar aqui ainda tá de pé? - perguntei, tentando parecer séria, mas não obtive sucesso.

Seus braços apertaram minha cintura com mais força.

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