capítulo 38

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Philippe narrando:

Eu e Ainê não nos desgrudavámos mais desde que eu falei o que sentia. Em parte, isso é bem ruim, já que em um mês e alguns dias nós teríamos que nos separar com a minha volta pra Munique.

- Bom dia - desci as escadas correndo e dei um selinho em Ainê, que estava na mesa lendo o jornal enquanto comia uma fatia de bolo.

- Bom dia - Ainê sorriu - comprei pão na padaria aqui perto de casa e fiz café.

- Hum, que delícia - fui até a cozinha e peguei uma xícara de café.

- Sua mãe ligou - avisou - ela queria falar algo sobre a sua passagem pra Alemanha.

Suspirei.

- Depois eu ligo de volta - derramei o café quente na xícara e adicionei um pouco de adoçante.

Ela largou o jornal e o copo de suco sobre a mesa e me olhou.

- Você também disse isso antes de ontem.

- Eu sei, mas... - não completei a frase.

- Por que você não quer ir? - insistiu - Philippe, você foi emprestado a esse time difícil de pronunciar por um ano.

- Bayern - a corrigi, rindo.

- Que seja - continuou - você mal jogou lá. Eles não compraram um jogador pra ele não jogar. Fala pra mim o porquê de você não querer ir. Eu vou fazer tudo que estiver ao meu alcance pra te ajudar.

Me direcionei até a mesa e sentei ao seu lado.

- Vai comigo pra lá - peço - pelo menos por um tempo.

- Tá louco? - ela ri - a gente nem tem nada, Philippe.

- Não seja por isso - recuei um pouco e abaixei em sua frente - Ainê Maria, você aceita namorar comigo? - brinquei, rindo.

- Eu tô falando sério, seu bobo - ela ri - levanta daí vai.

Voltei a sentar na cadeira e, ao ver que eu não iria falar nada, ela continuou:

- Eu tenho um trabalho aqui - argumentou - conseguir me formar na faculdade sempre foi meu sonho e, graças a Deus, eu consegui realizá-lo.

- Eu sei - abaixei a cabeça - mas eu não tô tão acostumado a acordar com você na minha cama todos os dias, de você ficar fazendo cafuné em mim até eu dormir, de nós ficarmos com preguiça de cozinhar e pedirmos qualquer porcaria na rua pra jantar, de quando nós saímos juntos... Eu gosto pra caralho de você, princesa.

- Para que assim eu choro - ela me abraçou e eu a abracei forte também - mas você tem que entender que trabalho é trabalho. Você não gosta de jogar futebol? - me olhou.

- Eu amo - respondi.

- Então. Eu também adoro exercer a minha profissão. Não dá pra simplesmente mudar de país e deixar tudo pra trás.

- Enfim, depois eu ligo pra minha mãe - voltei a tomar o café.

Ela se aproximou de mim e começou a distribuir alguns beijos pelo meu pescoço.

- Eu não quero que você fique boladinho assim, não - me olhou - a gente vai aproveitar muito antes de você ir embora, tá?

- Tá bom - dei um sorriso meio amarelo.

- Vou me arrumar - se levantou e colocou a louça na pia.

- Vai sair? - perguntei.

- Vou visitar meu pai. Quer ir?

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