Capítulo 32.

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Me ponho a esfregar o rosto nervosamente. Não era assim que eu gostaria que Maria soubesse sobre a liberação da cirurgia e a retificação do meu nome. Porém, eu sou o único responsável pelas coisas terem chegado nesse ponto.

- Me perdoa, cara! Eu pensei que ela soubesse! Não queria causar isso! - este é J.j já de pé ao meu lado, alisando meu ombro amigavelmente.

- Você não tem culpa J.j. A responsabilidade é toda minha. Isto ia acabar acontecendo mesmo! Não tive coragem de contar para ela. Mais cedo ou mais tarde a verdade acaba aparecendo não é? - o reconforto, visto que não o crucifico por um ato que é de inteiro compromisso meu.

- Desculpa, - Keyla interfere educadamente. Gostaria que minha namorada tivesse essa mesma elegância, no entanto, é uma desequilibrada. Abro um sorrisinho mental sarcástico. Nem sei se continuaremos juntos depois dessa, então, talvez este título não exista mais. - mas, o que causou esta reação na Maria? Não que justifique, porém ela ficou descontrolada!

- Minha cirurgia foi liberada e só estou esperando o retorno do plano. Ela simplesmente não aceita - cuido de resumir somente para atualizá-la.

- Ah... Mas, essa é uma ótima notícia! Quer que eu vá atrás dela? Talvez ela me escute... Não entendo porque ela não é a favor de algo que é de suma importância para você.

- Não Keyla. Obrigado, mas é um problema nosso! Vou resolver isso. Desculpem por tudo! - peço pegando minha mochila no braço da cadeira.

- Não esquenta... Vai lá, e mande notícias assim que der. - J.j tranquiliza.

- Espero que tudo se acerte -Keyla completa.

Chego a abrir minha mochila para pegar a carteira e deixar pelo menos uma quantia razoável para ajudar nas despesas, mas meu amigo me impede.

- Deixa comigo... Se manda!

Me limito a assentir e saio do estabelecimento sem pressa alguma. Sei que a noite vai ser longa, então o quanto eu puder evitar o momento em que terei que encarar Maria e enfrentar esta situação de uma vez por todas, eu o farei.

Prefiro ir caminhando, afinal meu apartamento não fica muito longe daqui, e assim poderei pensar no que dizer para convencer Maria do que eu realmente preciso.

Quando chego, encontro-a em posição fetal chorando rios, como se o mundo tivesse desabado na sua cabeça. Céus, como ela é dramática!

Deixo a mochila num canto do quarto e me aproximo. Sento ao seu lado na cama, e passo delicadamente as mãos por seu cabelo. Ela, entretanto, mantém-se paralisada, ignorando-me com sucesso.

- Maria meu amor... Vamos conversar! - arrisco com a preocupação e a ansiedade bem disfarçadas.

Levo um pequeno susto quando ela se levanta abruptamente e vocifera:

- Você me enganou Yan! Até quando achou que sustentaria essa mentira?

- Não te contei por causa desta reação! Você não me compreende! É egoísta e por vezes imatura e caprichosa - retruco um tanto quanto alterado.

- Se sou tudo isto por que está comigo, hã?

- Porque te amo! Mas que pergunta, hein? Ninguém é perfeito, o amor consiste em aceitar a pessoa da forma que ela é. Eu também tenho muitos defeitos...

- Eu também te amo, mas -esse além me congela. Tenho medo do que virá a seguir. - não posso aceitar isto...

- O quê? - me indigno. - O fato de eu ter conflito com meu corpo, de desejar sentir-me realizado?

Almas Dançando ( TRANS/BI/POLI)Onde histórias criam vida. Descubra agora