Capítulo 53.

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Passam-se intensos segundos de silêncio, com um olhando para a face do outro, até que Melany finalmente se manifesta, após limpar a garganta.

- Era isso que eu estava tentando te dizer, Yan. Maria está trabalhando comigo. Ela vai fazer nossos figurinos daqui pra frente. Tudo bem para você? Eu contei para ela que o Edward quebrou a perna e que você aceitou minha proposta de entrar no lugar dele... Enfim... Espero que não haja problemas...

- Não... Claro que não... Não tem problema algum - garanto assim que consigo reagir, ainda um tanto quanto desnorteado, tentando lidar com tantas coincidências, apesar de agora crer que nada acontece por acaso.

- Ótimo! O que você estava dizendo mesmo, Maria? - minha parceira a fita.

- Preciso de mais tecido pro seu vestido.

- Ok, aproveita e já tira as medidas do Yan. Aí você já compra o tecido pra roupa dele também.

- Não precisa... Eu já sei as medidas dele de cor e salteado - assegura e eu devo ter corado.

Melany compartilha uma risadinha insinuativa.

- É... - gaguejo. - Eu emagreci desde a última vez que nos vimos - ao contrário dela que parece ter ganhado mais gordura. Suas pernas e os glúteos estão mais vistosos. As bochechas também estão mais salientes. Fico feliz de vê-la bem, e espero que esteja vencendo seus transtornos alimentares. Talvez seja exatamente por isso que a vi no consultório da Doutora Phillips. Se realmente for, eu tenho certeza absoluta que ela vai sair vitoriosa com a ajuda da minha médica. Posso dizer que me tornei outra pessoa depois das terapias com ela.

- Então é melhor você conferir as medidas dele, Maria. Só para você ter certeza - Melany pisca para Maria e ela ri. Em que planeta eu estava? O que foi que perdi? Essas duas estão amigas ou é impressão minha?! Como isso aconteceu tão rápido ou eu é que me distraí a tal ponto? - Vou preparar um lanche para nós. Fiquem à vontade... - e dá às costas sumindo em direção da cozinha.

Maria olha para mim e pigarreia.

- Meu caderno de anotações está na varanda, então se você quiser, podemos ir lá pra fora...

- Sim, claro - concordo e a acompanho.

Observo-a ajeitar suas acessórios e me encarar.

- Licença... - pede, eu assinto e ela começa a tirar minhas medidas.

Ter Maria tão perto de mim e suas mãos percorrendo meu corpo me causa arrepios e uma vontade insana de abraçá-la, cheirá-la e beijá-la. Essas reações só me fazem ter certeza que eu não a superei, que ainda a quero e a amo sobretudo.

Meu coração está acelerado, estou suando e minha temperatura varia de frio para quente em questões de milésimos. Maria me deixa febril. A situação só vem a piorar quando ela mede meu quadril e sem querer - ou não - ela roça no meu packer. Solto um longo suspiro e meu celular me salva, vibrando no meu bolso.

Eu não me importo dela ter percebido o efeito que ainda consegue causar em mim como antes, de saber que nada mudou para mim, mas eu não sei por quanto tempo mais eu conseguiria me controlar. Não quero que ela se sinta assediada.

- Terminou?

- Sim. Pode atender.

- Obrigado - fixo a tela do celular. É um número desconhecido. Não costumo atender ligações de números que não conheço, mas resolvo abrir uma exceção, vai que é algo importante? - Alô?

- Alô, falo com o Yan?

- Sim, quem quer falar? - pergunto prestando atenção em cada detalhe dessa nova Maria. Ela me flagra analisando-a e eu abro um sorrisinho.

Almas Dançando ( TRANS/BI/POLI)Onde histórias criam vida. Descubra agora