Almas Dançando ( TRANS/BI/POLI)

Capítulo 54.

*** Esse capítulo não tem compromisso com fatos

(Maria)

O destino resolveu colocar Yan no meu caminho novamente. Eu nunca imaginei que a psicológa que as mães da Brianna me indicaram pudesse ser a mesma que ele faz terapia. Era algo completamente improvável. Uma chance em cem, com tantos psicológos nesta cidade. Era mais provável que Melany o fizesse uma proposta para ficar no lugar do Edward até ele se recuperar. Quando ela me contou, confesso que me surpreendi, mas não fiquei chateada em momento algum. Afinal, quem desistiu do campeonato após nosso término fui eu. Não soube separar as coisas, e eu no lugar da Melany também o teria convidado para a substituição. Yan é um ótimo dançarino, o que o falta é um propósito. Ele não reconhece e nem explora o próprio talento, apenas trata tudo como uma brincadeira, pensando mais em se distrair e relaxar. Não que isto seja ruim, mas ele poderia chegar muito longe neste ramo.

- Eu não sei como você deixou esse homem escapar... - Melany comenta assim que Yan atendeu um telefonema e saiu visivelmente preocupado. - Porquê, com todo respeito, ele é um pedaço de mau caminho. - abana-se e me arranca uma gargalhada totalmente espontânea.

- Nem eu sei onde estava com a cabeça... - suspiro pesarosa.

- Ele ainda gosta de você... - observa com um olhar perscrutador.

- Como pode ter tanta certeza? - me animo.

Melany revira os olhos.

- Ah, pelo amor de Deus, Maria. Achei que você fosse mais esperta. Só um cego, não querendo ofender os cegos, não veria a cara de bobo que ele faz quando te vê. Ele te vigia com os olhos. Os olhos dele brilham. Seja lá o que for que aconteceu, que os levou a separação, ainda tem tempo de ser resolvido.

- Eu não sei... Ele já deve estar com alguém.

- Unun... Te garanto que não. E mesmo que tivesse ele ainda te ama, então não seria um empecilho. Pelo menos não de certa forma.

- É melhor eu ir... Preciso comprar os tecidos.

- Ok... Continua ignorando seus sentimentos, é sempre mais fácil fugir, não é?

- Eu não estou fugindo. Preciso mesmo comprar os tecidos, certo?

- Anram. Vai lá. Até amanhã.

- Amanhã eu não venho, preciso adiantar a costura. Quando tiver algo pronto eu apareço...

- Eu sei, só disse isso para caso você queira dar uma passadinha aqui para espiar o chinês - pisca marota.

- Ah, Melany... - dou um beijo na sua bochecha e saio rindo.

{...} Compro tudo de que preciso para começar a costurar os figurinos e decido tomar um sorvete. Estou mesmo mudada. A Maria de antigamente se recriminaria por sentir vontade de comer um simples doce numa tarde quente e agora me sinto confiante o bastante para ingeri-lo sem cogitar em ir para o banheiro vomitar logo depois. Não que eu tenha me tornado uma pessoa que não se preocupa com sua própria saúde, é só que estou me libertando de toda essa negatividade sem sofrimento e levando a vida com mais leveza, afinal, se eu não estiver bem comigo mesma, nada valerá à pena. Eu quero ser feliz, obter paz de espírito e ser saudável em todos os aspectos.

Quando estou adentrando a sorveteria, sou puxada pelo braço.

- Maria, nós precisamos conversar.

É Rick. Paraliso. Meu estômago embrulha.

- Está me seguindo? - pergunto quando finalmente consigo reagir.