Capítulo 49.

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Frank e eu estamos cada vez mais próximos - se é que isso é possível. O pai dele, o senhor Greg e a esposa Malu são uns amores de pessoas. Assim como Frank, eu estou adorando a visita de ambos. Conhecê-los tem sido uma vivência imensamente agradável.

A terceira fase da competição foi um verdadeiro sucesso, pelo menos para mim e Melany. Falando nela, nos tornamos bons amigos e depois das críticas dos jurados, que por pouco não nos eliminou, ela decidiu seguir meus conselhos e inovar na coreografia e nas roupas.

Elena achou que eu não iria comparecer ao aeroporto, porque marquei de encontrá-los em seu apartamento, me enrolei no restaurante e não consegui chegar a tempo. Corri e apareci no último momento. Ela deixou saudades, mas continuamos nos falando por telefone. A modelo está bastante empolgada com a nova fase de sua vida e compartilhamos tudo por chamadas de vídeo, mensagens e ligações quando dá, relembrando os intensos encontros que tivemos antes do dia da viagem, e me divertindo muito porque Elena tem um ótimo humor e essa sua alegria me contagia.

O relacionamento do meu amigo com Keyla está indo de vento em popa. Porém, infelizmente, como nada nessa vida é perfeito, eles encontraram barreiras. Os pais de Keyla não aprovaram o namoro e sabe por quê? Pelo simples fato de J.j ser negro. Isso mesmo. Ambos são uns putos de uns racistas, só pra variar, dar emoção nesse romance. Espero que eles sejam fortes e superem essa situação sem deixarem se abalar. Eles têm o amor como arma e duvido que sejam vencidos.

A reforma do restaurante está no fim, e Frank me acompanha quando não tem nada para fazer.

Hoje é mais um dia desses.

- Eu adoraria ficar mais um pouco... - comunica me prensando na parede. - Mas tenho que ir... Meu pai vai visitar um antigo amigo e quer que eu vá junto.

- Ok... Eu te vejo a noite?

- Claro. Até porquê eu não tenho aonde dormir, lembra?

Rio como se não estivéssemos adorando acordar juntos.

Ele me beija.

- Até mais tarde... Boa sorte no ensaio.

- Obrigado - o observo se afastar e suspiro sorridente. Frank é apaixonável. Me viro e me deparo com Chang me encarando com uma expressão horrorizada. Ele nos flagrou ou chegou numa péssima hora. - Eu posso te explicar... - me apresso até meu irmão.

- Explicar? Você acha que pode me explicar essa cena ridícula? - esbraveja com sangue nos olhos.

Engulo em seco. Eu não queria que ele descobrisse meu envolvimento com Frank dessa maneira, mas não tinha encontrado coragem de contar antes, exatamente por saber qual seria sua reação.

- Você fugiu de casa para ser homem, nossa mãe morreu, nosso pai virou um bêbado chato, para no fim você transar com outro homem? É isso mesmo? Porque eu não estou acreditando no que acabei de ver. Eu já estava desconfiado, mas nunca imaginei que pudesse ser real!

- Por isso não te falei. Você é um machista, homofóbico da porra.

- Machista? Homofóbico? Para de falar merda, Yan. Eu sou a pessoa que venceu as próprias limitações mentais e preconceitos para te apoiar. Mas, não me peça para entender essa porcaria, é demais para mim.

Meu irmão não me deixa falar mais nada, e simplesmente me dá às costas balançando a cabeça negativamente.

Bufo. Eu sabia que iria dar nisso. Chang não sabe a diferença entre identidade de gênero e sexualidade ou não quer compreender.

{...}

- Você acha que vai dar certo? - Melany indaga assim que terminamos a coreografia.

- O quê? - questiono, estou um pouco distraído pensando em Chang e sua péssima reação. Queria que ele entendesse que a forma como me reconheço não implica na minha vida sexual/afetiva. Além do mais, eu não sei se me interessaria por outro homem. Frank é um caso extremamente peculiar, e inexplicável.

Almas Dançando ( TRANS/BI/POLI)Onde histórias criam vida. Descubra agora