Capítulo 36.

265 33 61
                                    

Acabo de receber alta e estou me preparando para ir embora. Fiquei na expectativa de que Megan viesse me visitar, mas isso não aconteceu. Eu sei que é uma mulher muito ocupada, e que simplesmente não deu para ela vir. Quero agradecê-la pessoalmente por estar sendo tão amável comigo, embora eu tenha certeza de que não mereço.

Eu havia esquecido o quão gostoso é saber que tem alguém que se importa sinceramente conosco.

Termino de arrumar meus pertences — estes que Frank trouxera para mim — dentro da mochila e saio do quarto.

Falando em Frank, ele tem sido um grande amigo e saber que seu interesse por mim vai além disso, me deixa um pouco constrangido. Pelo menos ele não avançou o sinal em nenhum momento, tem me respeitado como uma pessoa de caráter que ele é. Confesso que me sinto meio balançado quando ele está por perto. Porém, ainda não sei definir meus sentimentos por ele, e enquanto isto não acontece, prefiro evitar falar sobre. Também não dará para ele vir me buscar, e eu terei que pegar uma condução para ir para casa.

Tenho uma surpresa agradável assim que cruzo o corredor. Me deparo com a ruiva, que ao me ver abre um largo sorriso e me abraça calorosamente.

Correspondo e brinco:

— Calma! Estou vivo... Vaso ruim não quebra fácil.

Megan me solta e me fuzila.

— Isto não é brincadeira Yan Wang. Faz ideia da besteira que cometeu? Poderia estar morto agora!

— Eu sei... mas graças a você e ao Frank tudo terminou bem. Isto não vai voltar a acontecer.

— Está prestes a realizar seu maior anseio, não faça isto com você! A vida é tão boa. Não vale à pena desistir.

— Desculpe-me... Eu deveria ser forte, mas tem sido muito difícil. Além do mais, o plano não liberou minhas cirurgias por falta de pagamento. Meu patrão está com problemas de dinheiro, enfim...

— Oh, Deus. Por que não me procurou para conversar? — Megan se compadece do meu infortúnio e me comove com sua genuinidade.

— Na hora não pensei em nada, nem ninguém... — confesso cabisbaixo.

— Eu te compreendo. Mas me prometa que vai ser forte daqui para frente? Não que não estava sendo até agora, no entanto, você não está sozinho. Eu estou ao seu lado. Nós vamos encontrar uma maneira de resolver este problema. Nada na vida é definitivo.

— Eu prometo... — concordo com um sorrisinho bobo.

— Desculpa, — pede notando que eu estou de saída — não consegui vir antes.

— Tudo bem. Eu imaginei que estivesse ocupada.

— Pensou em mim?

— Claro. Nunca imaginei que você me procuraria...

— Eu te disse que estava disposta a ser sua amiga além das paredes da sala de terapia. Achou que eu estava brincando?

Ilustro um sorriso de lado, constrangido.

— Não é como se eu tivesse sempre alguém para se importar comigo, então... — dou com os ombros.

— Oh, mas eu me importo, e Frank também... — sorri insinuativa.

— Ah, não, não, não... Frank e eu somos apenas amigos — nego entendendo o sentido por detrás das suas palavras.

— Eu sei. Mas é bem óbvio que ele te adora.

— Sim, ele é um cara bacana.

Antes que Megan possa responder, uma enfermeira passa e esbarra nela sem querer, pede desculpas e se vai.

Almas Dançando ( TRANS/BI/POLI)Onde histórias criam vida. Descubra agora