Capítulo 7

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Beloveds, eu sei que eu preciso me desculpar pela falta de capítulos, mas meu semestre ainda não terminou. 

E vocês me perguntam: E o que tem isso? 

Eu sempre fico DESTRUÍDO quando o semestre escolar está terminando. Sem coragem pra NADA! 

Mas sem mais enrolação, podem ler. E se possível compartilhem com amigos que gostem de histórias com esse tema, pra me dar uma forcinha! <3

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LEONARDA

Era difícil passar a manhã estudando com todos os olhos das pessoas vidrados em você e em todos os passos que se dá por essa escola, visando o lucro, claro. Até porque os fotógrafos de revistas estão pagando as pessoas por fotos minhas, enquanto faço coisas comprometedoras e que rendam uma capa.

É triste me pegar pensando nisso, porque o que eu pensava que seria o paraíso pra mim, está se transformando em um inferno, pouco a pouco. Minha vida que antes era calma, está agitada; minhas amigas parecem ter afastaram de mim gradativamente, as duas e eu nem mesmo sei o motivo para isso; minhas notas, por incrível que pareça, aumentaram, já que eu passava o dia, basicamente, deitado em casa estudando. Meus pais, coitados, não aguentam mais entrarem em uma rede social e ver os comentários dos tais amigos deles me difamando a todo instante e me xingando sem o mínimo embasamento.

Coitados! Mal sabem eles que os mesmos só me xingavam na minha presença.

O único que não está sendo afetado até agora é o meu irmão, que continua levando sua vida comumente, sem muitas paranoias ou até mesmo fotógrafos em cima de si. Nesse pouquinho de tempo, onde mal entrei nessa vida de "fama", já piorei da minha ansiedade, que antes pelo menos conseguia controlar. Descrever como me sinto todos os dias ao sair de casa, pode não ser fácil e muito menos fácil de ler, porém, pode ser necessário.

O que antes era motivo de alegria, hoje já não me deixa mais tão alegre assim, como por exemplo, a maquiagem que eu fazia antes de ir para o colégio. Roupas? Agora eu tenho das melhores marcas, mas mesmo assim elas parecem não me vestir e sempre que coloco os meus pés na rua, pareço estar pelado, pela forma que as pessoas me olham. Dinheiro agora me sobra, mesmo antes eu não passando necessidade, não tinha para tantos luxos e hoje no momento que eu quero, eu apenas posso fazer uma ligação e já recebo qualquer coisa do meu tamanho.

Entretanto, minha vida ficou vazia, no final.

Não o final de morte em si, mas é como os doutores da psique humana dizem: o trauma, é o maior matador.

Crises de pânico eu desenvolvi, pela maneira como estou sendo tratada por todos a minha volta. Preconceituosos, em sua maioria.

Porém, tudo tem um outro lado.

O lado das pessoas poderosas e que nem ao menos sofrem represálias ou qualquer outro tipo de preconceito, afinal de contas.

Os pais de Lucas estavam cada vez mais ricos e poderosos. O mundo dos negócios literalmente deitou para os dois, visto que a empresa deles havia recebido tanto foco de jornais e revistas importantes no meio que nenhuma das outras jamais havia visto, também tornou sua empresa popular. Abriram mais quatro filiais pelo Brasil e empregaram mais de vinte mil pessoas com as empresas que eles têm em mãos.

Mas apesar de todas as coisas começarem a se erguer em sua direção, eles não me esqueceram e apenas me usariam quando precisassem de promoção, como eu achei que seria. Eu fui transformada em um símbolo dentro da empresa, como uma das pessoas que ajudaram a moldar o que hoje todos os funcionários conhecem e eu não perdi tempo ao dar minha primeira opinião para os mesmos: contratar pessoas transexuais e travestis, as colocando em cargos que as competem.

Estava cansada desde sempre de ver minhas irmãs tendo formações superiores em seus currículos, sendo chamadas para ocupar um cargo de zeladora de tal lugar. Não que não seja uma profissão digna, mas se elas têm capacidade de fazer algo mais acima desse cargo, porque as mandam para lá? Muitas vezes sendo humilhadas e nem ao menos podendo usar maquiagem, como um caso que eu vi em uma determinada rede social.

Uma travesti que não podia passar maquiagem, tinha de usar roupas masculinas e não era tratada por seu nome social e sim seu nome que constava a primeira certidão de nascimento. Isso quando eu li, foi como se aquilo estivesse sendo comigo, porque apesar de eu saber que sou privilegiada em vários aspectos sociais, como por exemplo, não ter sido expulsa de casa e poder estudar em um bom colégio, tendo uma boa formação no currículo.

Meu maior estado de êxtase, foi quando eu vi a mudança realmente acontecendo e nós, as pessoas da letra T sendo literalmente reconhecidas pelas pessoas. Mas eu não queria apenas que mulheres transexuais fossem contratados, os homens transexuais entraram também nos meus planos depois de um tempo e de pouco em pouco, nas empresas, a mudança começou a acontecer e eu acho que ninguém vai saber como é estar na minha pele depois de ter feito algo assim e ajudado, realmente, as pessoas.

As crises de ansiedade e de pânico são o preço que eu tenho que pagar por isso. Por uma exposição em uma mídia gigantesca e em um país que as pessoas não noção do que significa a palavra respeito pelo próximo. Porém, quando eu paro para pensar nas vidas que eu estou ajudando, esse preço se torna algo tão pequeno, sabe? Que mesmo durante os dias que eu me sinto uma bosta, que não consegue porra nenhuma da vida, é só eu lembrar do sorriso daquelas meninas quando ingressaram na empresa, que diminuem os sintomas.

Principalmente ao lembrar daquelas que não tem uma passabilidade, que poderiam não conseguir empregos por sua aparência e hoje estão aí, lutando cada dia para mudar todas as estatísticas do que é ser uma mulher no Brasil, no geral, um adendo.

- O que eu tô fazendo da vida, caralho? – Sorri quando escutei Lucas dizer ao meu lado.

- Você sabe o que está fazendo, Lucas. É só olhar para o começo da questão e grifar pontos importantes e que você ache que será um ponto a mais para a resolução da questão. – Paciência sempre foi algo que eu tive e quando eu preciso passar os meus conhecimentos para frente, minha paciência fica bem mais evidente.

Eu amo o jeito que eu explico para as pessoas e o jeito que as pessoas ficam quando entendem o que eu expliquei. É uma sensação de dever cumprido.

- Como você sabe as coisas do terceiro ano, quando ainda está no segundo? – Dei de ombros.

- Eu sempre amei ler, então toda oportunidade que eu tenho, eu estou lendo. – Ele me olhou com estranheza. – Continua resolvendo essa questão enquanto eu vou tomar um copo de água.

Segui em direção a cozinha enquanto cantarolava baixinho a melodia de uma música qualquer. Já iria dar quase duas horas da tarde e eu ainda não havia almoçado, porque estava com preguiça de fazer almoço, restava apenas que eu ligasse para um restaurante que tem no começo da comunidade que eles viriam fazer a entrega aqui na minha casa e o melhor era que eu não precisava pagar pela entrega.

Deixei o copo cair da minha mão quando ouvi o baque da porta da frente sendo arrombada e quando olhei para trás, estavam mais ou menos uns cinco homens armados até os dentes me encarando. Não demorou cinco segundos e lá vinha Lucas correndo em direção a cozinha, mas quando nossos olhos se encontraram, uma das armas disparou um dardo em direção a ele e o mesmo caiu instantaneamente no chão.

Minha mão foi rápida ao meu pescoço depois de uma dor fina surgir na região e quando eu olhei para baixo, havia sido acertada com o mesmo material que acertou Lucas. Minha visão começou a escurecer e minhas pernas ficaram sem forças de repente, e enquanto caia, os homens se aproximavam de nós. Quando finalmente me entreguei a escuridão total, a única coisa que vi, foi um dos homens tirando a mascara e sorrindo macabro.

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O que acham que irá acontecer? 

Alguém tem algum palpite? 

É QUE EU... TE AMO!Onde histórias criam vida. Descubra agora