Gente, eu iria publicar anteontem, mas como tava chovendo e eu fiquei com uma preguiçona, acabei não terminando o capítulo - que ficou minúsculo, porque tô planejando uma coisa pro livro -.
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LEONARDA
Tudo parecia estar parado no tempo... As copas das árvores não se movimentavam pela falta de vento; nós não estávamos trocando muitas palavras, talvez pelo fato de estarmos muito concentrados em sair desse lugar e, caso algo desse errado, não ficarmos tão decepcionados.
Quando saímos de dentro da floresta e encontramos o dito rio que tinha no mapa, foi um alívio, mas ainda tinha o fator mais difícil: encontrarmos o ligar que nos levaria de volta para casa. Diferente do interior da floresta, do lado do rio estava bem mais claro e mesmo com a luz do sol diminuindo e o astro começando a se pôr, ainda estava confiante que tínhamos mais um pouco de tempo para uma caminhada mais a fundo!
- Nós temos que encontrar um lugar seguro, que passaremos a noite. - Assenti devagar, enquanto Lucas parecia procurar por algo, ou melhor, um lugar para ficarmos. Eu não o ajudei, porquê mesmo assistindo o Bear Grylls, eu descobri que não conseguia colocar em ação o que aprendia! Triste!
- Temos que fazer uma fogueira também, porquê aqui parece ser bem mais frio do que no interior da floresta!
- Sim. Como você está se sentindo? - Dei de ombros.
- Estou normal, eu acho. E você?
- Eu estou bem! - Sorriu em minha direção. Eu sentei em uma das raízes que estavam dispostas ali no lado do rio. - Vou procurar alguma lenha, para acendermos uma fogueira e você pode continuar a procurar um lugar pra gente ficar?
- Claro! Pode ir!
Passei de um lado do rio para o outro em busca de um local no qual pudéssemos ficar abrigados, como era bem raso, não tinha perigo ao ultrapassar de uma margem a outra. Mal cobria meus pés. E depois de muito tempo procurando por algo, eu encontrei um pouco a frente de onde estávamos uma árvore que era muito grande. O tronco dela era muito grosso e a mesma de destacava das outras por causa de suas raízes que pareciam se entrelaçarem, formando uma espécie de pequena caverna, que não tinha mais de um metro.
Fiquei com medo daquela árvore cair em cima de nós, enquanto estivéssemos dormindo.
Mas se ela está aí há muito tempo, não tem perigo, não é? - Pensei.
Claro que sim! Não é possível que eu seja tão azarado a este ponto. - Respondi a mim mesmo, no pensamento.
- Voltei! - Dei um pulo alto e um grito mais alto ainda, depois de ter escutado uma voz sussurrando no meu ouvido. Lucas. Eu já devia imaginar. - Então... Vamos ficar aqui em baixo dessas raízes mesmo?
- Acho que sim! - Ponderei, enquanto olhava Lucas depositando a pilha pequena de lenha que ele encontrou na floresta, ali do lado das raízes. Engoli em seco quando notei o mesmo se sentando.
Calma, Leonarda, tu já viu muita coisa dele. Não tem motivo pra ficar tão eriçada assim apenas com os músculos fortes do braço dele.
Respirei fundo me concentrando em qualquer coisa aleatória que ficasse atrás dele. No fim, depois de um bom tempo parada e de pé, finalmente sentei. Tirei o sapato e deixei o mesmo no meu lado, eu já havia trago as duas mochilas para cá antes mesmo que ele chegasse, para que não tivéssemos que demorar mais naquele lugar.
Não sei o motivo ainda, mas ali eu estava me sentindo observado e a sensação ficava pior a cada minuto. Deve ser coisa da minha cabeça, devido aos acontecimentos e a falta dos meus hormônios.
Essa era a coisa que mais estava me deixando puta. Olhando meu reflexo na água, já consegui notar que no meu rosto começava a crescer uma barba, mesmo que muito pequena já era o suficiente pra me desestabilizar. Essa é uma das coisas que mais tenho de lutar para me desconstruir, o que eu acho que é o "ser mulher".
- No que você pensa, tão concentrada? - Dei de ombros, abraçando minhas pernas. - Eu acho que você está muito linda! - Ele disse do nada, me encarando com um sorriso terno em seu rosto.
- Obrigada! - Minha cara devia estar o próprio tomate de tanto que estava vermelha. Levei uma mecha do meu cabelo para trás da orelha e mesmo não olhando diretamente para Lucas, sei que aquele ato surtira certo efeito em si.
E o inesperado aconteceu. Eu chorei. Sim, eu chorei.
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Lucas
- Por que você está chorando? - Me aproximei de Leonarda e enxuguei suas lágrimas gentilmente. A trouxe para próximo de mim em um movimento rápido, repousando sua cabeça em meu peito e afagando seus cabelos. Não fiz mais nenhuma pergunta, respeitando seu momento de silêncio. Respeitando sua dor.
Já sabia o motivo pelo qual ela estava chorando, pois não é de agora que venho percebendo nos mais singelos atos, que a mesma não está feliz com sua aparência. Não acho certo eu dizer que como ela deve agir com relação a si própria, até porque eu não sei quais os problemas internos que uma pessoa transexual enfrenta. Seria cruel com ela eu dizer como ela deveria enfrentar qualquer problema, levando em conta que não temos tanta intimidade para que eu soubesse de qual forma que ela preferia resolver seus problemas. Ou até mesmo jogando uma daquelas frases clichês que as pessoas amam dizer, enquanto as outras do seu lado sofrem.
Eu entendo o que está passando! Mentira! Na maioria das vezes as pessoas não entendem a dor da outra, mas querem a minimizar e fazer com que ela se sinta mal - na minha opinião -, já que a magnitude de um problema tem diferentes proporções de uma pessoa para outra. Me levo como exemplo, eu não tenho problemas tão graves. Nunca tive. Não sou transexual, que precisa a todo instante agradecer por continuar mais um dia viva, depois de mais um dia de jornada de trabalho. Eu sempre tive tudo o que queria, nunca passei por nenhuma necessidade de NADA.
O que me resta fazer, é deixar com que ela chore e deixe com que suas dores extravasem através de lágrimas. E eu faria questão de estar ao seu lado, enquanto ela continuasse chorando.
- Você quer que eu prepare o lugar pra você entrar e deitar? - Ela assentiu um pouco mais calma.
Levantei dali e peguei dois cobertores e coloquei no chão, um deles estava forrando o chão e o outro estava ali para que nós pudéssemos nos aquecer mais tarde. Não tinha muito o que der feito. Não era um quarto de hotel, infelizmente. Joguei as duas mochilas lá dentro e coloquei o tênis dela lá dentro também.
- Quando a gente sair daqui, a primeira coisa que eu vou fazer será tomar um banho bem demorado. - Assenti. Eu também estava precisando.
Não demorou muito tempo até que nos levantássemos e fossemos rumo a uma parte um pouco mais funda do rio, levando conosco as mochilas. Tiramos as roupas - mesmo com um pouco de relutancia da parte de Leonarda -, por isso virei para o outro lado até que ela entrasse no rio e não se sentisse mais tão desconfortável quanto ela estava. Não fiz questão de me aproximar naquele momento tão íntimo dela, até porque só de tirar a roupa ela já estava desconfortável, caso eu chegasse perto ela ficaria MUITO MAIS desconfortável do que já estava.
Não me incomoda o fato de ela ter um pau no meio das pernas, isso eu vim trabalhando o meu inconsciente mesmo que eu não soubesse que estava o fazendo. Entretanto, não sou eu quem deve achar alguma coisa relacionada ao corpo de outra pessoa. Quando terminamos o banho, saímos e diferente da hora de tirarmos a roupa, parece que ela estava bem mais confortável com minha presença e saiu sem maiores problemas.
- Cadê. As. Mochilas?
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É QUE EU... TE AMO!
RomanceQuando Leonarda, uma menina Trans, vê a oportunidade de mudar sua vida, a vida de seus pais e seu irmão, a aceita. Seu lema de vida sempre foi: farei tudo o que desejar, contanto que o meu desejo não atrapalhe a vida de ninguém. Lucas, por outro la...