É QUE EU... TE AMO!

Capítulo 24

Alô, Alô! Vocês sabem quem sou eu?

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LUCAS

Estava tomando banho quente no meu quarto, já que há algumas horas eu fui expulso do hospital pelos pais da minha namorada, que tiveram o apoio dos meus pais e da minha irmã, pois decidiram que eu tinha que descansar... já fazia um dia desde a cirurgia e ela só tinha acordado uma vez durante a madrugada, mas voltou a dormir de novo, por causa do efeito da anestesia que ainda estava em seu organismo. O pai dela e o irmão também já tinha ido para casa, para arrumar tudo antes que a mãe pudesse ir, já que ela quem decidiu ficar com a filha e por causa da politica do hospital, que dizia que apenas um poderia ficar dentro do quarto como acompanhante, não pudemos nem ao menos vê-la, pois sua mãe quis e tinha o direito de ficar com a filha.

No momento em que me disseram isso, eu fiquei puto, não vou negar o óbvio, já que essa tal regra do hospital não funciona de todas as formas e para todos, também não funcionam em todos os momentos, mas eu decidi evitar conflitos lá dentro e preservar a paz da minha amada.

É... eu já havia aceitado que estava além de apaixonado por ela, o que eu devo dizer, é muito diferente do que eu passei com meus outros relacionamentos e eu posso ser sincero? É maravilhoso, mas também é uma merda!

Agora parecia que meus dias eram voltados para ela e para tudo o que ela estava passando no dia. Suas alegrias e tristezas. Felicidade e mágoa. Raiva e amor. Ódio e amor.

Desliguei o chuveiro e me envolvi em uma toalha branca me secando lentamente, não tinha motivos para pressa. Saí do banheiro uns dois ou três minutos depois, não lembro muito bem, seguindo direto para o meu closet. Escolhi uma roupa casual e desci as escadas com meu telefone na mão, respondendo os meus amigos sobre o motivo de eu ter passado uns dias sem me conectar na internet.

Não disse a verdade, porque não era algo que eu devia falar a ninguém, já que a vida não era minha.

- Eu consigo ver saindo fumaça da sua cabeça. – Minha irmã passou por mim e sorriu em minha direção, fazendo um carinho no meu braço. Ela estava linda, igual a minha mãe e o tempo só a favorecia... a nossa genética era, realmente, muito boa. – Não precisa se preocupar com nada, a Leonarda é forte e destemida, não era algo assim que a derrubaria e você sabe bem disso!

- É, mas ela também é muito insegura e também tem muitos medos que a fazem ficar paranoica. – Suspirei.

- Mas isso é completamente normal, Lu. A vivencia dela é muito diferente da nossa, até mesmo relacionado a como ela vive sua sexualidade. – Me sentei no sofá ao seu lado e ela pegou uma de minhas mãos, acariciando com leveza o local. – Eu tive a oportunidade de conversar duas vezes com ela, em todo o tempo que vocês ficaram juntos e olha que apesar de não ser muito, ela já veio aqui algumas vezes.

- É... ela acha que vocês não vão muito com a cara dela. – Sorri, lembrando do dia que ela me deu um tapão no braço por eu leva-la a minha casa desarrumada, porque pensou que minha família iria confabular depois que ela saísse, que ela não os respeitava por aparecer sem maquiagem e com uma roupa de ficar em casa.

Quem julga como desrespeitoso uma pessoa que não a visita arrumada, quando nem ao menos sabia que iria visitar alguém?

- Eu a adoro. – Sorriu. – Mas voltando, isso são reflexos que ela adquiriu com o tempo. Não é difícil imaginar o que ela já passou... preconceito, rejeição, perda de amigas ou conhecidas que ainda teriam uma vida inteira pela frente. – Pausou para suspirar. – Só disse algumas coisas que mais acontecem, e olha que ainda conseguiria dizer muito mais. – Concordei silenciosamente com ela. – Disforia também é algo que pode deixar as pessoas trans gêneros inseguros e inseguras. Não acontece com todos e nem com todas, mas quando acontece é de partir o coração. – Complementou.