Nathan Oliver Voz está parado a três degraus de mim. Ele está mais alto, com um piercing no nariz, mais forte. Mas ainda o reconheceria de longe; os mesmos olhos castanhos curiosos, o mesmo sinal de nascença no pescoço e a mesma corrente que eu vi quando foi embora. A maldita corrente de pássaro. Paro de pensar no jeito que ele está e paro para pensar que meu irmão é gay. Ele não me contou essa parte da sua vida, mas não me sinto tão magoada porque eu também não contei várias coisas para ele. Não contei sobre quando comecei a escrever no blog quando ainda tinha dezesseis anos, ou quando o vi se masturbando acidentalmente.
— Amanda?
Olho para os lados em busca de apoio. Olhares igualmente confusos.
— Essa é minha irmã, Hanna. — Oliver fala sucinto.
Olho desafiadoramente para Nathan. Sei que ele não consegue encarar pessoas por muito tempo e faço exatamente isso. Ele desvia o olhar.
— Desculpe é que você se parece muito com minha irmã.
— Eu duvido. — Falo. — Cadê ela?
— Ah... Eu... Bem... — Nathan coça a nuca, constrangido. — Não a vejo faz um tempo.
Um tempo é exato um ano e três meses. Lucie apareceu de repente e pegou a sacola das mãos de Oliver.
— Então vocês têm o mesmo nome? — Honie pergunta. Confesso que estou ansiosa também para mudar o clima.
— Sim! Meu segundo nome é Oliver, em homenagem ao meu bisavô. — Nathan sorri para todos.
Ele sempre teve facilidade de se entrosar em qualquer assunto ou situação, era como a droga de um camaleão de assuntos. Não sei como isso pode piorar agora. Nathan está aqui e por cima ainda namorando o irmão mais velho de Hanna, o que dar a entender que mesmo sendo estranho... vou ter dois irmãos se pegando.
Paulo aperta a mão de Nathan e fez questão de segurar por mais tempo que o necessário. Mordo a parte da minha bochecha para não dizer o quanto Nathan odeia olhares incisivos e o olhar de Paulo Albertelli pareceu fumegar para ele. Como sempre, Vanessa inicia um diálogo ameno com Nathan e Oliver e falando o quanto estava feliz em conhecê—lo. Não acredito que estou vendo isso realmente acontecer.
Nathan não para de me olhar de esguio, não estou acostumada a ter a droga do seu olhar novamente; ele ainda faz aquele negócio de franzir o cenho e piscar.
— Mande seu namorado parar de me olhar assim. — Murmuro para Oliver.
— Cale a boca. — Ele retruca. — Vem aqui.
Segui para a cozinha com Oliver. Não deixei que ele segurasse meu braço como pretendia fazer; fiquei perto do faqueiro e ele perto da geladeira, ficamos nos encarando. Percebi que se algo sair do controle eu ainda posso erguer uma faca para ele.
— Você não vai estragar isso. Estou de saco cheio, estou falando sério Hanna eu estou com meu namorado aqui e pode ser minha única chance.
— Porque estava com meu celular?
— Espera, como? Você entrou no meu...
— Eu não estou nem ai! Porque estava com ele? Porque não me deu de volta? O que você fez?
A tensão emanada dele me deixa duplamente tensa. Oliver sempre manteve a compostura, mas agora o desespero está manchando sua face, como tinta sendo derramada em tecido branco.
— Pare de tentar monopolizar tudo! — Ele explode. — Você está obcecada por atenção, Hanna. Mas hoje é o meu namorado que está naquela sala da para entender? Eu desejei isso bastante antes de me assumir e eu estou vendo que até nosso pai está se esforçando para manter a postura dele enquanto você está se rebaixado a um nível ridículo como fez várias outras vezes e eu não acredito que você está me perguntando pela droga do seu celular!
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Eu, Hanna
General FictionVer uma pessoa morrer não é nada de tão incomum. Mas se a pessoa que você visse morrer for idêntica a você? E se ela lhe pedisse um último favor? E se você aceitasse? A vida de Amanda Voz, uma escritora amadora, agora se resume no "e se". Decidida...