CAPÍTULO QUARENTA

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—O que aconteceu depois? —Pergunto.

Manter a voz controlada enquanto você está chorando é um dos maiores desafios que é pouco reconhecido. Minhas lágrimas são as palavras que eu não consigo dizer, é todo o meu desespero se esvaindo de outra forma do meu corpo.

Carmen, diferentemente, chora copiosamente e não tenta disfarça que não. Ela está chorando principalmente porque fez a irmã chorar. Vanessa, a única que não se mostrou compactuada com essa... coisa, está inerte no mesmo canto, olhos totalmente arregalados e lacrimejando. Ela ainda não falou nada, ainda está tendo o choque da realidade em sua cabeça.

Meu coração está disparado como nunca; nunca pensei que, ao sentir a necessidade de correr eu iria fazer totalmente o oposto. Sentada no chão, segurando uma faca por entre dos dedos que tremem, olhando para cada pessoa com medo de que qualquer coisa aconteça de repente. Mas todos parecem colados em seus cantos, nem mesmo parecem respirar, apenas me olham e depois olham para o chão; se não fossem os movimentos apáticos dos seus olhos eu os jugaria como mortos, bonecos de cera, o que seja.

—Depois... Ela caiu. Não se mexeu mais. Eu achei que tinha quebrado o pescoço, ouvi algum osso dela quebrando. Eu ouvi, Ouvi mesmo. Tenho certeza.

—E?

—Porque insiste em saber disso? —Paulo rosna dessa vez até seu rosto está lacrimejado.

—Eu também quero saber. —Vanessa fala rápida, quase sem mover os lábios. —O que aconteceu depois, Carmen?

Preparo-me para ouvir. Mas o meu telefone toca e assusta a todos nós.

—Quem é? —Nathan pergunta.

—Nolan. Calem a boca.

—Não ouse...

Ignoro o pai de Hanna e atendo a ligação, deixando no viva-voz apenas para fazer Paulo ter a decência de se calar.

—Amanda? Tudo bem?

Nathan olha para mim, um olhar significativo. "Ele sabe?", ele formou as palavras sem realmente ditá-las. Não lhe respondi.

—Estou bem. Ainda estou na casa dela.

—Você precisa de carona? Amanda está tudo bem? Você está chorando?

—Não. Nolan, eu estou ocupada... Eu aceito a carona. Pode vir lá pelas quatro?

—De boa. Se cuida.

Fim da chamada.

—Como ele sabe? Você...

—Sim. Eu resolvi algumas coisas por Hanna. Dei o seu vídeo —Olhei para Oliver. —, Concertei as coisas com Nolan e com Christina. Até mesmo o cachorro de vocês confia em mim agora.

—Você é idêntica a ela. —Honie murmura.

—Mas não sou ela.

Não quis pontuar que eu agia como Hanna apenas para conseguir me habituar, apenas para tentar forçar uma relação efêmera nesta família. Apenas para meu livro no começo, depois Nathan aconteceu e eu fingia um pouco mais para enganá-lo pelo maior tempo que consegui. Depois Honie aconteceu, mas suspeito que desde o primeiro dia ele já vinha tendo um espaço nesta questão toda, eu só não sabia que o irmão mais novo dela seria tão importante para mim. Nem mesmo sabia que eu teria coragem de beijá-lo e a ousadia de dizer que gostei.

—Você é louca. —Oliver diz.

Era certo dizer que, a mulher que fingiu ser sua irmã por mais de um mês, que jantou com você à mesa e que ouviu mais sobre você do que gostaria, fosse propensa a ser mesmo uma louca.

Eu, HannaOnde histórias criam vida. Descubra agora