O silêncio prevaleceu até Nathan dá uma risadinha.
Ele aproveita que Honie não disse mais nada apenas para colocar o suco na geladeira e deixa o copo em cima da pia. Depois ele vai para o quarto, olhando para nós dois enquanto saia da cozinha.
Escoro minhas costas na parede, bem perto de Honie.
—Está tudo bem?
—Sim.
—Um sim não é suficiente.
—Estou bem, sério. —Olho para ele, olho sua roupa de dormir e encaro mais ainda quando percebo que ele está sem camisa. —Porque está acordado?
—Me deu sede. E você?
—Também, mas eu já bebi água. Também fiz um cappuccino.
Ele olha para a xícara na mesa.
—Comeu biscoitos.
—Ah, é. Isso também. Eles são até que bons.
—Sei disso. —Honie se serve um copo d'água.
Pego o celular de Hanna. Olho para o celular, desapontada.
—Você esqueceu a sua senha?
Honie não perguntou de modo estranho, não perguntou como se duvidasse realmente que eu poderia esquecer a senha. Apenas balanço a cabeça afirmando. Isso faz ele dá uma risadinha abafada.
—Acontece comigo o tempo todo. —Ele diz. —Sua senha, dá última vi você a usando, era 23, 11, 18.
Memorizo os números, mas não os digito agora.
—Porque não usou seu rosto para desbloquear?
—Estou tão feia que o celular não aceitaria tal imagem. —Nós rimos, então percebi que Hanna não diria isso. Eu mesma, Amanda Voz, diria. —Eu só queria saber a senha de novo, só isso.
—Tudo bem. Ei, quer ir ao clube depois?
—Que clube?
— O clube onde nosso pai é sócio. Acho que seria legal... Acho que Oliver vai levar o namorado dele.
Ambos ficamos desconfortáveis com a ideia. Não sei qual a impressão concreta que ele tem de Nathan. Acabo notando que nem eu mesma sei. Ele não era o melhor dos irmãos, mas mudou bastante.
— Ele é meio assustador. — Ele retoma ao assunto. — Como... Um Pinscher.
Abafo a risada com a mão, quando ele percebe meu desespero para me manter quieta, ele acaba imitando um latido fino.
—Pare com isso, vai acordar a casa inteira. Honie, eu estou falando sério. —Ambos sabíamos que eu não estava falando tão sério assim.
Honie para sua imitação barata de um pinscher e vem até mim, ele para ao meu lado, por ele ser mais alto eu acabo com a cabeça um pouco depois do seu ombro. Olhar para seu braço torneado me faz lembrar-se do dia da piscina, o dia em que ele me abraçou e eu tive de fingir que não gostei.
—Hanna.—Ele sussurra. —Está tudo bem, você sabe que ninguém dorme de verdade. —Elesobe a escada com pressa.

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Eu, Hanna
General FictionVer uma pessoa morrer não é nada de tão incomum. Mas se a pessoa que você visse morrer for idêntica a você? E se ela lhe pedisse um último favor? E se você aceitasse? A vida de Amanda Voz, uma escritora amadora, agora se resume no "e se". Decidida...