Fico em dúvida se deixo o meu áudio junto aos de Hanna.
Então percebo que, a) só falta apenas um podcast para que tudo isso acabe, b) meu áudio pode tanto ajudar Oliver a me perdoar como pode acabar com o teatrinho de Carmen e Paulo e, c) deixar que Nathan e Oliver saiam dessa casa, finalmente.
Vou até as gavetas de Hanna e procuro algum pendrive.
Acho um vermelho e preto.
Antes que eu pudesse plugar no computador penso no que mais eu posso encontrar entre os arquivos. Posso encontrar tipo de vídeos como o de Oliver, fotos de Hanna com alguém, coisas sobre Carmen, sobre Vanessa ou o pai dela, ou sobre Christina. Decido plugar.
Há duas pastas. Ambas sem um nome especifico. Abro a primeira e, demorando alguns segundos, vejo várias fotos do que parece ser esta família tirando férias. É um lugar lindo, água cristalina e areia dourada pelo por do sol, há fotos de Vanessa e Hanna, Oliver e Honie. Clico no primeiro vídeo que vejo e me preparo para ouvir a voz de Hanna.
"Estamos há dois dias nesta pequenina ilha e acabo de perceber que Honie quer levar uma tartaruga para casa, o que eu acho que é ilegal".
"Oliver estava distraído demais com algumas coisas que nem percebeu que uma das atendentes do bar estava flertando com ele".
"Não sei o porquê nosso pai decidiu nos trazer aqui, mas agradeço por isso, eu estava mesmo precisando e... Olha como essa água é maravilhosa! Prometi a Lucie que levaria algumas flores para ela."
"Já é meia noite e não estou com sono, aqui do meu quarto eu consigo mostrar as estrelas e caralho é a coisa mais linda que já vi, nem mesmo a cidade pode competir com isso, eu queria muito ter isso todo dia."
"Hoje é aniversário de Oliver, nós estamos bem, eu até comprei um presente para ele, mas não vou contar isso a mais ninguém e talvez eu mude de ideia sobre dar o presente".
"Aconteceu uma coisa... Estou morrendo de medo... Eu... Na verdade... Ai caramba eu ia me afogar... eu nunca...".
A gravação acabou por aí; mostrando apenas os pés dela em um chão de madeira.
A outras partes foram intervalos mostrando a praia, uma mesa de um bar paradisíaco e a própria Hanna e sua família. Fico parada vendo apenas a tela do computador, depois volto a ver as fotos tentando entender a última parte do vídeo.
A segunda pasta não tinha nada. Arrastei o meu áudio para a pasta do pendrive e o primeiro podcast de Hanna junto, os outros... Se eu os encontrei, qualquer um aqui pode. Os deixo no mesmo canto. Apago o meu depois e agora só existe o do pendrive.
Pronto. Próxima coisa que tenho de fazer está guardado debaixo do colchão. Pego aqueles papeizinhos e os coloco em cima da cama, arrumados em fileiras, como soldados. Hanna não tinha uma impressora no quarto e acho que se tem alguma pela casa está no porão e a última coisa que quero é entrar lá; penso em outra coisa para usar já que fazer uma remontagem das Meninas Malvadas não vai rolar do jeito que eu pensara. Já é noite, oito horas para ser exata, mas até agora ninguém veio me chamar para jantar.
Levanto da cama e deixo os papéis no edredom. Acabo saindo do quarto e indo para o corredor escuro, não há barulho nos quartos. Vou à cozinha e encontro Lucie.
—Onde está todo mundo?
—Eu não sei... Seu pai disse que ia dar uma saída e sua tia também saiu minutos depois.
—E minha mãe? —Pergunto com a garganta voltando a doer.
—No quarto eu acho.
Lucie está limpando alguns pratos de porcelana e os colocando à mesa, está fazendo tudo rápido demais, como se quisesse terminar logo. Para ir embora logo.
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Eu, Hanna
Художественная прозаVer uma pessoa morrer não é nada de tão incomum. Mas se a pessoa que você visse morrer for idêntica a você? E se ela lhe pedisse um último favor? E se você aceitasse? A vida de Amanda Voz, uma escritora amadora, agora se resume no "e se". Decidida...