CAPÍTULO TRINTA E SETE

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Marley começou a latir para entrar, mas não me virei para deixa-lo entrar.

Continuei no mesmo canto, na mesma posição, tentando parecer mais corajosa do que realmente sou.

Tento não deixar perceptível que a faca treme em minhas mãos.

A primeira pessoa a ter alguma reação é Vanessa; que começar a rir, depois a chorar, então seus ombros tremem e os soluços começaram.

Depois de dez segundos em silêncio, Paulo toca no ombro dela, mas não fala com ela, fala comigo.

—Espero que esteja preparada para arcar com as consequências dessa brincadeira de mau gosto.

De quais consequências será que ele se referindo? Pesadelos eu já tenho. Sem falar nas vezes em que andarei pelas ruas com medo de achar alguém sangrando e em seguida, acaba morto em meus braços.

Mesmo sendo uma péssima ideia, olho para Honie. Não faço ideia do que ele está pensando de mim agora, se é que está pensando em mim. Ou em mim como eu era antes, no caso, Hanna.

Tento explicar de uma forma menos complicada, usando mais eufemismo do que a situação precisa. As expressões vão mudando de acordo com minhas falas: medo, raiva, incerteza. Incerteza, incerteza.

Mesmo com minha boca se movendo, não faço ideia em que parte estou e se já os choquei o suficiente, sinto meu celular vibrar no bolso e sem que é, mas ainda não preciso olhar a mensagem. Paro de falar e tomo fôlego, um enorme fôlego para enfim, olhá-los.

Não fico surpresa ao perceber que ninguém em encara. Me tornei uma estranha.

— Amanda... — Honie murmura. — Era você? Na festa?

Sinto um nó no estômago e ar nenhum poderia resolver.

—Sim.

—Também era você na piscina. No clube. — Não foram perguntas.

Não abri a boca para confirmar nada. O jeito que ele me olhava estava mostrando o quanto de decepção eu conseguia plantar em alguém. Nele, em Nathan, Vanessa.

Não me sinto tão certa.

— Eu estava cansada. —Digo como se a frase pudesse resolver tudo.

— Você é louca.

— Cansada de ouvir sobre traições, sobre dinheiro e sobre como vocês foram horríveis. Com Hanna. Mas ela também não foi a melhor das pessoas sei disso. Você tentou compra-la. —Olhei para Paulo. —Você a deixou intimidada. —Digo para Carmen. —E você a fez ter medo. —Olho para Oliver.

—Como você ainda está aqui? Vá embora. Agora.

—Não vou a lugar nenhum. Seu babaca.

Paulo se levanta com uma força absurda. Quando ele anda na minha direção com uma mão estendida, pronta para acertar em mim, puxo o telefone do bolso que mostra uma ligação com Christina.

—Qualquer movimento eu vou atender. E ela vai direito chamar a policia.

—E você se dará mal.

—É difícil por a culpa em alguém que acabou de ser agredida. Bate, vamos ver quem vai se dar mal.

Paulo hesita. Ele olha para a faca na minha mão, está claro que ele não está convencido que eu vá usá-la. Mando ele sentar. Ele o faz.

—Agora... —Começo, ainda atônita com tudo. —Qual de vocês a matou?

Um minuto de silêncio se passa. Quando já iria completar o segundo minuto, eu praticamente grito na cara deles:

—Quem foi? Falem!

Com toda a família olhando para baixo, para seus próprios pés, envergonhados demais para encara a mulher que se parece com sua própria filha e irmã, cunhada e sobrinha... Todos levantam a mão.

A faca escorrega dos meus dedos no mesmo minuto que um suspiro de medo escapa dos meus lábios. As luzes continuam piscando e piscando e piscando quando escorrego pela porta. Todos eles. Todos eles foram. 

Eu, HannaOnde histórias criam vida. Descubra agora