Faça isso pela nossa família

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A primeira semana na casa da minha mãe foi um tanto agitada o que fez com que eu perdesse a paciência com muita facilidade já que minha mãe estava dando mais trabalho do que eu imaginava e isso consistia em ela fazer birra para não poder ir às consultas com a psicóloga, esconder os remédios e não tomar-los e até se esconder dentro do guarda roupa somente para não comer alguma coisa que eu sempre insistia em trazer. Nesse exato momento ela está em baixo da cama chorando só por que meu pai disse que tinha que ir trabalhar.
- Mãe você precisa sair daí. - Digo deitado de barriga para baixo no chão olhando para debaixo da cama.
- Ele vai me deixar Matt que nem quando você me deixou, tudo está acontecendo de novo. - Minha mãe diz gritando e chorando ao mesmo tempo.
- Não dá mais mãe. Ele não vai ir embora, só vai trabalhar e você vai na sua consulta com a doutora Juliana que está te esperando a 3 dias naquele consultório. Agora sai de baixo dessa cama que eu vou mandar a Sônia vir te trocar e eu não aceito um não como resposta.
Digo isso com a voz mais calma o possivel e no mesmo instante ela para de chorar e sai correndo debaixo da cama e se tranca no banheiro, talvez tivéssemos que voltar a estudar a opção de interna-lá em uma clínica psiquiátrica, não era o que queríamos mas talvez seja preciso.
- Mãe por favor você precisa me escutar. - Apoio na parede do banheiro jogando a cabeça pra trás e colocando as mãos nos olhos. - Está sendo tão difícil pra todos nós ver você nesse estado e mais difícil ainda é saber que você não quer a nossa ajuda. Eu, meu pai, a Emeraude e até o Max estamos tentando fazer de tudo para você ficar bem, eu larguei o meu trabalho, minha casa, meu noivo, meus afazeres, a programação do meu casamento para poder vir pra Califórnia somente pra te ajudar e ser a sua âncora e me desculpe mas eu estou me arrependendo de ter feito isso. - Minha voz estava trêmula por conta do choro que eu segurava na garganta. - Se não for por você faça isso pela nossa família que está sendo devastada por conta disso, a gente sabe que a culpa não é sua e nunca foi mas por favor luta mãe, reage, faça alguma coisa para sair desse poço que você entrou. Eu vou estar ali fora se você ainda quiser ir para a consulta com a doutora Juliana, se você não vier no final da semana eu vou voltar para Seattle, as minhas forças estão se esgotando e somente o Harry pode me ajudar com isso. - Respiro fundo e me abraço tentando suprir a falta que Harry estava fazendo naqueles momentos. - Pensa com calma, eu estou ali fora.
Sai do quarto da minha mãe e fui para o corredor que dava acesso para todos os quartos da casa e o escritório do meu pai, dou uma examinada no local e vejo que estou sozinho e sendo assim permito que as lágrimas que eu estava segurando saíssem limpando a minha alma. Minha respiração estava desgovernada e as lágrimas não paravam, minha única saída era ligar para ele e pedir por ajuda. Tiro o celular do bolso e procuro o contato de Harry ligando para ele e clamando para que ele me atendesse, depois de alguns toques eu finalmente ouço a voz dele o problema era que eu não conseguia falar nada.
Ligação on:
- Baby? - A voz de Harry ecoa pelo o meu ouvido me acalmando ligeiramente. - Matt, você tá aí?
- Eu não... - Respiro e volto a chorar descontrolando a minha respiração novamente.
- O que aconteceu Matthew, por favor fala comigo meu amor. - Harry diz expressando pela sua voz preocupação.
- Eu preciso de você, eu não aguento mais Harry. - Eu não enxergava nada por conta das lágrimas que inundavam os meus olhos. - Por favor me ajuda.
- O que aconteceu baby, sua mãe tá bem? Eu vou ligar pelo Skype, me atende.
Harry desliga e eu fico esperando pela sua ligação de vídeo, talvez ver o rosto dele fosse me ajudar. Meu celular toca e antes mesmo de dar o segundo toque eu atendo, isso tudo pela necessidade de ver o meu noivo.
- Baby, porque você tá chorando. - Harry me olhava com uma certa dó mas acima de tudo preocupação. - Deixa eu te ajudar meu amor.
- Isso tudo ta me matando Harry, eu não aguento mais tentar ajudar a minha mãe e ser tratado que nem um inútil. Eu estou aqui a uma semana e ela ao menos saiu do quarto, toda vez que eu tento conversar ela se esconde ou fingi que não está escutando. - Escorrego dramaticamente pela parede e me sento no chão colocando o celular entre os meus joelhos para poder esconder o meu rosto com as minhas mãos. - Eu estou cansado, estou com saudade de você. Eu deixei tudo para poder evitar que ela ficasse pior e pelo o que parece ela não entende isso, eu não vejo a hora de te ver e somente sentar no seu colo molhar toda a sua camisa de choro, não vejo a hora de voltar a dormir e acordar ao seu lado, não vejo a hora de sentir os seus beijos, sentir sua mão no meu corpo, eu não vejo a hora de voltar pra casa amor. - Volto a chorar descontroladamente deixando também um Harry triste do outro lado da tela do celular.
- Baby eu preciso que você resista mais um pouco, tá difícil aqui também. A casa fica muito vazia sem você por aqui, a empresa fica sem graça já que estamos sem a sua alegria pra poder colorir tudo ao redor, tudo na minha vida está preto e branco, mas nesse momento você tem que colorir a vida de outra pessoa baby e essa pessoa é a sua mãe. - Escuto tudo atentamente e até me acalmo mais. - Você teve tanta paciência comigo e eu quero que seja assim com a sua mãe também, essa semana eu não vou poder ir aí mas na próxima eu vou dar o meu máximo para ficar pelo menos 3 dias com você.
- Eu não aguento mais essa saudade Harry, eu preciso ter você comigo. - Digo e Harry se espreguiça na cadeira dele.
- Falta pouco para terminar a semana você consegue ficar mais 2 dias suportando tudo isso. Faz o seguinte, sempre que estiver assim me liga, talvez a Lana atenda mas mesmo assim manda ela passar a ligação pra mim, mesmo que eu esteja em alguma reunião você vai ter a permissão de interromper a reunião porque eu me importo mais com você do que com qualquer outra coisa nesse mundo.
- Eu te amo Harry, te amo demais e com todas as minhas forças. Obrigado por você não ter me abandonado no meu pior momento, eu te amo muito meu amor. - Digo tudo isso com a voz ainda um pouco chorosa mas bem melhor do que antes.
- Eu te amo muito mais baby e eu nunca vou te abandonar, prometo. Eu vou precisar desligar por que tenho um puta rolo pra resolver mas prometo que a noite vou ligar e se você quiser passo a noite toda acordado com você.
- Ok, obrigado mesmo meu amor. Eu te amo e estou com muita saudade de você.
- Eu também estou morrendo de saudade baby e espero te ver logo, eu te amo com toda a minha alma baby. TE AMOOO. - Harry grita me fazendo sorrir, depois manda um beijo e eu retribuo aquela demonstração de carinho desligando em seguida.
Me levanto do chão e concluo que minha mãe não iria para a consulta mas de qualquer forma voltei ao seu quarto, bato na porta e mesmo sem receber um aviso de que poderia entrar abri a porta e vejo que minha mãe estava sentada na cama com um quadro que eu, ela e o Harry tínhamos tirado no desfile que ela fez em Seattle.
- Vocês são um casal muito bonito. - Ouço a voz fraca da minha mãe. - Desculpa por te separar dele, eu não queria fazer isso filho.
- Ei, tá tudo bem mãe. - Digo indo até a cama e me sentando ao lado dela que se afasta um pouco. - O Harry que pediu para eu vir, não foi você quem ligou implorando para que eu viesse te ver. Somos um casal e temos que apoiar e isso o Harry sabe fazer muito bem e falando nisso por favor depois agradeça a ele pois se não fosse por ele eu já estaria em um avião voltando agora para Seattle.
- Eu escutei tudo o que você disse para ele e peço desculpas por não deixar você me ajudar meu filho. Tudo está tão difícil para mim e sei que estando assim isso não só me afeta como afeta todos as pessoas que eu amo.
- Me fala o que eu posso fazer pra te ajudar mãe? Eu juro que faço qualquer coisa por você. - Seguro nas suas mãos e olho para as suas órbitas azuis que estavam alagadas pelas lágrimas que insistiam em ficar ali.
- Me leva para a consulta com a doutora Juliana por favor filho, é tudo o que você pode fazer no momento. - Ela diz e instantâneamente eu abro um sorriso e dou um beijo na bochecha dela.
Finalmente ela estava reagindo e fazendo alguma coisa para poder melhorar e eu me orgulhava muito disso, muito mesmo.

You Belong To Me - 2° temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora