You Belong To Me - 2° temporada

Para sempre

Minha boca abria e fechava sem conseguir soltar nada. A frase que Katherine disse rondava a minha mente e me impossibilitava de responder qualquer coisa. Harry está morrendo. O amor da minha vida está me deixando e é para sempre. Não sinto mais o meu coração bater e nem as lágrimas descerem, o meu estado de choque não permitia que eu tivesse nenhuma reação a não ser ficar parado tentando absorver alguma coisa que a ruiva me dizia, mas não conseguia captar nada. Tudo girava numa velocidade ridiculamente devagar e isso me estressava, não dava para reagir e isso estava me sufocando. O ar dos meus pulmões começou a se tornar escasso e então sinto que não estou respirando, agora tudo gira rapidamente e do nada a escuridão toma a minha vista e a partir daquele momento nada mais importava e nem fazia sentido.
- Matthew por favor acorda. - Ouço de longe Katherine me chamar mas mesmo assim não tenho forças para voltar para a superfície, meu corpo está indo embora e eu não podia fazer nada para impedir que isso aconteça. - Harry, você precisa vir agora para o hotel onde o Matthew está hospedado. - A ruiva diz desesperada e começa a tocar no meu pescoço. - Ele ainda tem batimentos mas está fraco de mais. - Sua voz a cada instante ficava ainda mais distante e uma correnteza me levava para longe dela. - Eu contei que você está morrendo e no mesmo instante ele entrou em choque, parou de respirar e então caiu duro na cama. Ok. Eu estou te esperando, o quarto dele é o 202. Corre, a pulsação dele tá diminuindo.
Na minha longa jornada, uma luz branca me chama a atenção e a correnteza começa a me levar para ela, tento reagir mas não tenho forças o suficiente para lutar contra aquela maldita correnteza, percebo que nada posso fazer então me entrego e deixo com que ela faça comigo o que quiser. Ela finalmente me vence e eu vou de encontro a luz branca.

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Afasta!
De longe ouço alguém gritar e depois uma corrente elétrica invade o meu corpo.
Nada.
Mais uma vez a voz desconhecida grita e outra vez a corrente elétrica invade o meu corpo.
Nada.
Mais 5 vezes seguidas isso acontece e mesmo assim nada. Meu corpo desistiu de tudo e a única coisa que ele não quer fazer é lutar.
- Matthew. Meu amor. Volta para mim.
Aquela voz invadiu meus ouvidos e enfim meu corpo reage, mas como não tinha força o suficiente não adiantou de nada. Deram mais um choque e então eu ouvi mesmo que de longe o apito dos aparelhos. Eu estava no hospital e Harry estava ali comigo.
- Harry, já é a terceira parada cardíaca que ele tem hoje. Já faz quase dois meses que ele está em coma e não reage. Me desculpa mas infelizmente está chegando a hora.
Dois meses? Eu estou em coma a dois meses? E como assim está chegando a hora? Eu estou vivo. Olhem para mim. Eu estou aqui!
- Alicia, não! - O que Alicia estava fazendo aqui? - Eu não vou desistir dele Alicia. Eu sinto que ele está aqui comigo e eu não vou deixar ele só por que você acha que ele está morrendo. - Harry diz com a voz embargada. O durão do meu noivo está chorando!
- Meu amor, por favor me escuta. - Meu amor? Quem ela acha que é? - Ele não tem forças para voltar, ele está esgotado, mergulhou de cabeça nisso e está demonstrando que não quer mais voltar. Ele não consegue mais lutar.
- Que se foda! Eu vou lutar por mim e por ele. Eu vou e ninguém vai me impedir. O Matthew só vai sair daqui quando ganhar alta, eu não permito que vocês mandem ele pra casa para morrer. - Harry agora assume a sua pose autoritária e intimidadora. Ele não vai desistir de mim e eu também não posso desistir dele e nem do nosso amor. Preciso arrumar um jeito para sair daqui.
- Ok Harry. Você venceu. Agora vamos falar sobre você. - Harry suspira e depois de um tempo arrasta o que eu acho ser uma cadeira.
- Cresceu mais né? - Suspira derrotado.
- Mais dois centímetros, por isso as náuseas, o vômito, a falta de apetite e as confusões mentais. A cada dia você morre um pouco e se não fizer a craniotomia vai morrer de uma vez. - Ouvir aquilo abriu um buraco imenso no meu peito. Harry está morrendo e eu nem posso estar ao seu lado. - Se ao menos você voltasse para a quimioterapia...
- Eu não posso deixar o Matthew sozinho, não dá Alicia.
- Se você não fizer a cirurgia vai deixar ele sozinho para sempre Harry. Caralho! Você não consegue perceber isso? Já faz um mês que você vem adiando a maldita cirurgia que pode te ajudar a ter mais alguns anos de vida. Mas não. Você prefere ficar do lado do Matthew que nem sabe o que está acontecendo aqui fora. Sua vida está escorrendo pelos seus dedos, você está vendo isso e continua não se importando. - Harry aperta mais forte a minha mão e um arrepio invade a parte interna do meu corpo. - Você tem até amanhã para me dar uma resposta. Ao contrário disso se considere um homem morto.
Ouço o barulho de saltos batendo no chão e então concluo que Alicia foi embora. Harry continua ao meu lado. Eu posso sentir a sua respiração pesada na minha orelha e seus dedos apertarem os meus. Eu preciso sair dessa. O meu noivo precisa de mim. Todos precisam de mim e eu preciso deles. Meu Deus por favor me ajuda! Eu preciso voltar. Eu preciso voltar. Eu preciso voltar.
Os aparelhos começam a apitar com mais força e depois param. Essa é a minha hora. O meu momento. A equipe médica invade o quarto e então começam a ressuscitação. Respiro fundo e me preparo para a hora que o choque vá invadir a minha corrente sanguínea e assim ele vem. Me concentro e ali deposito todas as minhas forças que não são muitas. Nada. Penso em tudo o que eu estou perdendo lá fora e então vem mais um choque. Nada.
- Por favor baby! Reage. - Harry diz ao pé do meu ouvido e então vem uma força de um lugar que eu nem sei.
Como se fosse uma âncora vindo ao meu resgate eu agarro ela mas a correnteza continua forte. Nada. Eles irão dar mais um choque, já chorando por dentro me agarro mais forte na âncora e finalmente ela me tira daquele mar ilusório. Eu consegui. Eu estou de volta.
Uma sensação horrível cerca a minha garganta então começo a engasgar. O que quer que seja aquilo, não era de Deus.
- Alguém chama a doutora Alicia e avisa que o paciente do 314 voltou. - Uma voz desconhecida diz. - Ele voltou senhor Shum.
Tentei abrir os meus olhos mas a claridade me incomodava e Harry percebendo isso pede para que diminuam a intensidade da luz. Rapidamente fizeram isso e então aos poucos abro os olhos e dou de cara com Harry. O meu Harry.
Ah como ele estava lindo. Claramente mais magro, barba para fazer e os olhos fundos. A tal doença estava acabando com ele mas mesmo assim continuava sendo a coisa mais linda que os meus olhos já contemplaram.
Seu sorriso continuava o mesmo e até estimulava o meu a aparecer. Seus olhos me avaliam e então seu sorriso se abre mais.
O objeto ainda estava na minha garganta e quando vou tentar dizer alguma coisa me engasgo novamente com aquele instrumento do diabo. A enfermeira logo vem e retira o tubo de mim e então tudo dá uma melhorada. Ela me oferece um pequeno copo de água e eu aceito já que estava morrendo de sede. Mas ela me engana facilmente e apenas molha os meus lábios com a água que estava dentro de uma seringa.
Ensaio dizer alguma coisa mas a secura da minha garganta me impedia e o olhar de empolgação de Harry fazia o mesmo. Quando decido tentar falar alguma coisa, a prima de Harry, Alicia, passa pela porta e vem com um sorriso enorme até a mim.
- Seja muito bem vindo de volta Matthew! - Diz com uma empolgação contagiante. - Como está se sentindo?
- Acabado. - Arrisco dizer. - E com muita sede. Alguém poderia me dar água?
- Lívia, pode dar água para o Matthew. Mantém na seringa e dê em poucas quantidades. - Alicia diz. Bom saber que a prima do meu noivo é médica. - Pietro? Marca uma tomografia, uma radiografia e um raio x. Todos com urgência. - Harry olha para ela com uma cara de preocupação e ela trata logo de explicar. - Se eu não pedir com urgência eles enrolam muito. O drama resolve tudo. - Ela diz e Harry dá a ela um mínimo sorriso e logo volta a sua atenção para mim. - Vou fazer alguns exames rápidos, ok Matthew? - Diz se aproximando com uma luz nas mãos e então eu concordo. - Segue a luz para mim. - Faço o que ela pede e em troca ganho um sorriso. - Aperta as minhas mãos com as suas duas mãos. - Sem nenhuma dificuldade atendo ao seu pedido. - Mexe os dedos dos pés por favor. - Ela levanta o pano que cobre o meu pé e então mexo os dedos dos pés, sinto uma dor aguda e solto um gemido por conta do desconforto. - Está tudo bem Matthew?
- Só doeu um pouco mas já está melhor.
- Pode ficar tranquilo, isso é totalmente normal. É um milagre você ter conseguido fazer o que eu te pedi, merece até um parabéns. - Diz e eu dou uma risada envergonhada e sinto agora uma pontada na costela, não consigo disfarçar a feição de dor e então ela me olha atenta. - Seu corpo estava morto Matthew, acostume-se com esses pequenos desconfortos. A morfina vai ajudar bastante com isso e logo você vai estar bem, te prometo. Vou deixar vocês sozinhos, preciso resolver algumas coisas e mais uma vez, seja bem vindo Matthew. Você não sabe o que te espera.