You Belong To Me - 2° temporada

Ele não sabia

Espera aí. A Shelby era esposa do Thomas? Ela traiu ele e o pobre coitado nem sabe ainda. Eu preciso acabar com isso e logo.
- É bom te ver novamente Matthew, mesmo que as circunstâncias sejam horríveis. - Diz suspirando pesadamente.
- Queria poder dizer a mesma coisa Shelby. - Assumo um tom de voz áspero que fez Thomas pegar na mão dela sutilmente.
- A gente precisa conversar sobre o que aconteceu no jantar. - Shelby se sentou ao meu lado e de relance eu me levantei. - Por favor Matthew, eu preciso te falar o que estava acontecendo lá.
- Você estava beijando o meu marido. - Senti uma pontada no peito quando disse aquilo. - Eu perdoei ele, tanto que agora estamos casados e já somos até pais de um lindo menino que está no terceiro andar com a avó dele.
- Ele não sabia que estava me beijando. - Ela disse tranquila, tocou o meu braço e silenciosamente pediu para que eu me sentasse ao seu lado e foi isso que eu fiz. Com um sinal positivo, autorizo que Shelby continue a me contar o que realmente aconteceu. - Eu chamei ele para dançar já que estava desacompanhada, mas ele rejeitou. Depois Harry saiu para poder te encontrar e te chamar para dançar aquela música lenta que era super apropriada para casais apaixonados, o que não era o meu caso com o Harry. Mesmo sendo rejeitada por um amigo, segui caminho até onde estavam os casais e encontrei um par que me acompanhou na dança até Harry voltar, chateado e cabisbaixo por não ter te encontrado. - O aperto no meu peito aumentou ao saber que Harry tinha ido me procurar enquanto eu relembrava alguns momentos que tinha tido com Chai. - Eu vi que ele não estava bem e ofereci um ombro amigo, e então ele aceitou. Harry me contou sobre o tumor e que estava tentando achar uma melhor forma para te contar. Ele disse que estava com medo de te perder e até confessou que morria de apreensão se te contasse e você sumisse no mundo, virando as costas para ele.
- Eu nunca faria isso... - Balbuciei e Shelby pegou nas minhas mãos frias e deu um aperto confortante.
- Eu sei Matthew, todos nós sabemos que você nunca abandonaria o Harry, não importando a situação. Mas Harry é um cabeça dura e por conta do tumor, ele não conseguia pensar direito. Depois que ele me contou tudo eu lhe dei um abraço e tentei confortar ele da melhor forma, quando eu me livrei dos seus braços, nós acabamos nos beijando. - A cena preencheu minha mente e um nó se formou na minha garganta. - Ele não sabia que era eu, Matthew. O Harry não sabia o que estava acontecendo e nem o que ele estava fazendo. O tumor está em uma área do cérebro dele que o faz ter confusões mentais, a mente dele te projetou no meu lugar e então ele me beijou. - Shelby segurou mais forte em minhas mãos, me obrigando a olha-lá nos olhos. - Foi o seu nome que ele gemeu na minha boca. Era sua boca que ele pensou que estava beijando. Eram nos seus cabelos que ele acreditava estar tocando. Era você quem ele estava amando naquele momento e não só em pensamento. Quando nossos lábios se separaram ele sussurrou um "eu te amo Matthew".
Ele não sabia o que estava fazendo e eu o condenei sem nem ao menos tentar saber o que tinha acontecido. O tumor estava pregando peças na mente dele e ao invés de ajudá-lo, eu fugi, deixando o amor da minha vida sozinho quando nada ao seu redor fazia sentido, a não ser a certeza do amor dele por mim.
- Mas e a aproximação de vocês dois no início do jantar? Ele ficava sempre com a mão em você e você nele. Sem contar as risadinhas. - Digo e ela ri fraco, sendo acompanhada por Thomas que sentou ao lado de sua esposa.
- Tudo isso foi pura encenação Matthew. - Thomas disse ainda rindo um pouco. - E confesso que quem pediu foi eu.
- Por que? - Pergunto tentando entender o motivo daquilo.
- Para que ninguém colocasse um dedo se quer na minha mulher. - Ele diz simples. - Todas as vezes que Shelby está em um evento e que eu não posso estar presente e que Harry possa estar, peço para que ele cuide dela por mim. Então tudo aquilo que aconteceu, simplesmente foi o seu marido cuidando da esposa do primo dele que não pode ir ao jantar por que estava em cirurgia.
- Entendi... - Digo querendo perguntar mais algumas coisas que estavam na minha cabeça.
- Mas? - Shelby me incentiva a perguntar.
- Você já teve um relacionamento com o Harry?
- Eu era a modelo que sempre acompanhava ele nos eventos de gala ou coisas parecidas. - Lembrei de ver o seu rosto em uma das fotos que o Google fornecia de Harry. - Eu era contratada para isso Matthew e a nossa relação não foi além disso. Tirando as vezes que nós nos beijamos, mas te garanto que não passava disso, eram somente beijos que os paparazzis adoravam capturar.
- Mas você se apresentou como ex namorada do Harry.
- Outra brincadeira entre nós dois! Sempre gostei de deixar Harry constrangido e quando me apresentava como ex dele, ele nem sabia como lidar. - Ela diz com um sorriso no rosto. - Além de que amei ver a sua reação quando escutou que eu já tinha "namorado" com o Harry. - Shelby faz as aspas com os dedos.
- Seu marido teve o mesmo prazer quando fez a mesma coisa. - Disse fuzilando Thomas com os olhos, lembrando que ele tinha dito que namorou o Harry mais cedo naquele dia. - Quem era a Victória que atrapalhou o seu relacionamento com o Harry?
- Eu! - Thom se manifestou e eu o olho confuso. - Prazer, Thomas Victorino Banner. Seu maridinho sempre fez piadinhas sobre o meu sobrenome e isso se tornou uma arma para Shelby que sempre adorava provocar as acompanhantes de Harry com isso. O que dava a entender que podia fazer com que ele trocasse facilmente uma pessoa por outra.
- Isso é sujo Shelby! Muito sujo! - Digo semicerrando os olhos. - Muito obrigado por me contar a verdade e por favor me desculpe por ter te tratado tão mal desde que nos conhecemos.
- Fica tranquilo Matthew. Se fosse comigo eu reagiria da mesma forma ou até mesmo pior. - Concordo com a cabeça. - Eu só precisava que você soubesse que ele não tinha te traído e tenho certeza que ele nunca vai fazer isso, já que até nos lábios de outra pessoa, foi o seu nome que ele disse.
Com os olhos repletos de lágrimas, surpreendo Shelby com um abraço sincero que expressava a minha gratidão por ela ter sido tão sincera comigo ao dizer o que realmente aconteceu naquela noite que havia se tornado tão perturbadora para mim. Ao largar a linda modelo, vejo que a enfermeira que Alicia tinha designado a nos dar informações, estava na minha frente e seu olhar era tão impassível que fez o meu coração apertar tanto que quase partiu em milhares de pedacinhos.
- Eles acabaram de receber o resultado da biópsia do tumor do seu marido. - A enfermeira diz tranquilamente. - O gioblastoma dele é benigno e com isso quero dizer que a expectativa de vida dele é bem maior. - Ela sai com um mínimo sorriso no rosto.
Shelby sem hesitar, me abraça e eu começo a chorar. Thomas acariciou meus ombros e logo todo mundo que espera por notícias estava a minha volta perguntando incansavelmente se o pior havia acontecido.
- O tumor do Harry é benigno. - Digo me separando dos braços de Shelby que sorria para todos que estavam atrás de mim. - Ele ainda vai ter muitos anos de vida!
Uma comemoração rolou durante alguns minutos, até que Thomas pede para nos controlamos. Abracei a todos, ainda estava um pouco tenso por não poder ver Harry. Mas estava muito feliz em saber que o meu marido não iria me deixar tão cedo.
Depois de receber aquela notícia, meu corpo começou a relaxar e o sono veio com peso. Lembrei do apartamento que Violet tinha dito e tentei criar coragem para dar uma passadinha lá, até por que o meu filho estava lá.
Em que universo eu poderia imaginar que aos 28 anos, já estaria casado, sendo pai, tendo um emprego estável, uma empresa que comandaria com o meu marido e até um gatinho de estimação. Mesmo que tudo tenha acontecido muito rápido, eu não me arrependia de nada do que tinha vivido até agora e aguardava ansiosamente para as cenas do próximo capítulo, por que uma história dessas só acontece em novelas.
- Eu vou subir para ver como o Léo está. - Aviso e me levanto um pouco tonto. - Por favor, se a enfermeira voltar, nem pensem duas vezes antes de me chamar.
- Ok. - Disseram em uníssono e eu agradeci sorrindo.
- Eu te levo lá. - Minha ruivinha se oferece já vindo em minha direção enquanto pega na minha mão e me guia. - Matt, sei que esse não é o momento apropriado para isso, mas eu posso te perguntar uma coisa?
- Claro Kat. - Entramos no elevador e Kat aperta o botão do último andar.
- Eu tenho certeza que o meu padrinho já contou pra você sobre a minha história com o Luke, estou certa? - Concordo com a cabeça. - Eu descobri ontem que o meu filho está na cidade e ele quer me ver.
- Ele é uma criança ainda. Como descobriu que é adotado e pior, como sabe que você é a mãe dele?
- O menino é muito inteligente. Harry faz todos os meses depósitos altíssimos para a família que adotou ele para que os pais dele não deixem faltar nada. Ele rastreou a conta e descobriu que quem depositava era o Harry, depois fez uma pesquisa sobre quem era o doador nada anônimo, o que levou ele até a mim. - Ela solta tudo e suspira. - Ele é a minha cara Matt.
- Ô meu amor. - A pegando de mal jeito, dou um abraço e um beijo em sua cabeleira ruiva. - E o que você pretende fazer?
- Eu não sei. Tenho medo de ir ao encontro e me apegar. Também nem sei qual vai ser a reação do Sebastian ao saber que eu aos 20 anos já sou mãe?
- Ele vai ficar chocado! - Ela me olha e confirma com a cabeça. - Isso se ele levar em conta que você aos 20 anos além de ser mãe, é uma profissional excelente. Trabalha desde os 16 na empresa do seu padrinho e hoje é a gerente de administração na Ghodes. Imagina se ele souber que você enfrentou todo mundo quando tudo dizia que você não iria conseguir. Eu nem quero imaginar o que ele vai pensar quando descobrir que você foi concluiu a faculdade aos 18. Se ele souber que namora um mulherão da porra vai tremer na base.
- Eu amo você tio Matt! - Ela me abraça desesperada.
- Quando esses pensamentos voltarem, quero que lembre-se de quem você é! Eu morro de orgulho de você Kat. - Beijo seu rosto e vejo um leve rubor subir até as suas bochechas. - O Harry era super novinho quando você nasceu né? - Pergunto e ela sorri.
- Pouquíssimos anos de diferença da minha idade, mas desde que me conheceu, se apaixonou por mim e prometeu para a minha mãe que iria cuidar de mim até que desse o último suspiro.
- Ele conheceu sua mãe?
- Não. Ele prometeu aos céus pois dizia para mim que a minha mãe era um anjo e que lá de cima estava olhando para todos nós. - Um pequeno sorriso surge em seus lábios e então as portas do elevador se abrem. - A senha do apartamento é 'shum91'. Violet deve estar no quarto de hóspedes que é a terceira porta a esquerda.
- Obrigado Kat, e por favor pensa bem sobre o assunto de conhecer o seu filho.
- Eu vou pensar Matt e obrigada por me incentivar a fazer isso, você é demais. - Se colocando nas pontinhas dos pés, ela me dá um beijo na bochecha e me empurra para que eu saísse do elevador, antes que as portas se fechassem.- Agora é a sua vez de ir ver o seu filho. Qualquer notícia que tivermos do Harry, pode ter certeza que venho te contar.
- Ok.
O elevador fecha as portas e então fui até a última porta de um corredor repleto de quadros que em sua maioria tinha fotos da família dele em lindas pinturas. Outro quadro era algo mais enigmático, o desenho era um olho lacrimejando com diamantes cravados entre as lágrimas.
Deixando os quadros de lado, fui até a porta e digitei a senha no painel que logo se ascendeu e permitiu a minha entrada. Fiz como Katherine tinha me instruído e fui até um corredor que dava acesso para sete portas. O apartamento, como era de se esperar, era enorme e capaz de abrigar uma grande família.
Caminhei pelo corredor e abri a terceira porta a esquerda dando de cara com Violet que dormia junto do meu pequeno, dois travesseiros faziam um cercadinho para que ele não caísse da cama. A paz que aquela cena transmitia era inexplicável.
Andei até a cama e conferi que os dois dormiam pesadamente, o que me fez pensar. O que Léo iria comer quando acordasse? Um tanto quanto desesperado, resolvo sair do quarto e ligar para a minha mãe que atende o telefone no terceiro toque.
- Oi filhinho, a enfermeira ainda não voltou. - Diz com a sua voz aguda porém firme.
- Oi mãe, eu não liguei pra isso. Queria saber o que eu posso fazer para o Léo comer quando ele acordar. - Digo indo até a cozinha que era consideravelmente grande. Abri alguns armários e vi que não tinha nenhum tipo de alimento para nenéns de 2 meses.
- Eu vou pedir para que o pessoal da ala da maternidade mande alguma coisa para ele. - Solto um suspiro de alívio e sento em um banquinho e me apoio sobre a ilha da cozinha. - E você vai querer comer o que? Thomas me disse que você está no soro ainda. - Olhei para o braço vi o líquido indo em direção a minha veia. A bolsa do soro estava aclopada a minha camisa social que eu ainda usava desde a cerimônia.
- Eu não estou com fome ainda mãe e também não pretendo passar muito tempo aqui em cima, só vim ver como o Léo estava e se a Violet precisava de alguma coisa. - Aperto levemente as têmporas tentando fazer a dor de cabeça repentina passar. - Será que o Thomas poderia vir checar a minha pressão?
- Vou pedir para ele subir, aliás, fiquei muito feliz em ver você e a Shelby bem. - Seu tom de voz era baixo mas mesmo assim ainda conseguia escutar perfeitamente o que ela dizia. - Você sabe que a culpa não foi de nenhum dos dois né filho?
- Agora eu sei mãe. De qualquer forma eu já tinha perdoado o Harry pelo o que aconteceu.
- Que bom filho! Thomas disse que já vai subir, tenta descansar um pouco por que ainda falta um tempo para a enfermeira voltar com notícias e já vou conversar com aquela enfermeira que estava no seu casamento e pedir para que ela providencie as coisas do Léo.
- Muito obrigado mãe, eu te amo.
- Ai meu filho, eu te amo muito mais.
Depois de desligar a chamada, vou para o sofá da sala ainda com a cabeça latejando de dor. Ouço o barulho das portas do elevador e depois vejo que Thomas entra pela porta e me olha com um pequeno sorriso no rosto.
- Como está se sentindo? - Ele pergunta tirando o medidor de pressão da maleta que trouxe.
- Um caco. - Coloco a mão sobre o olho tentando impedir a claridade.
- Você acabou de voltar de um coma de quase 2 meses, casou a quase 3 horas, tem a responsabilidade de cuidar de um bebê e ainda por cima o seu marido está com o crânio aberto em uma mesa de cirurgia. Você estava achando que ia ficar bem de uma hora para a outra? - Ouvir tudo aquilo fez o meu estômago remexer impacientemente. - Após medir a sua pressão você vai entrar em um dos quartos e vai descansar por tempo indeterminado! O Harry está bem e qualquer mudança no quadro dele eu prometo que venho te informar. E só pra constar que isso não é uma sugestão e sim um mandato que você vai respeitar pois eu sou a autoridade do momento.
- Sim, senhor capitão! - Faço continência e Thomas ri.
- Me dá esse braços, respira fundo e solta devagar. - Faço o que ele manda e então o aparelho de medir a pressão começa a apertar o meu pulso fazendo com que eu tivesse a sensação de que ele iria explodir. - 16 por 9. Sua pressão está péssima Matthew! Vou te dar esse remédio aqui e você vai ir deitar um pouco.
- Mas eu nem estou cansado Thomas!
- A Sophie vai subir e trocar o soro por outro que tenha uma medicação mais pesada. - Ignorando totalmente a minha rejeição ao descanso ele me levanta e me guia até o quarto sem parar de falar. - Quando ela subir, também vai trazer a mamadeira, fraldas e uma troca de roupa para o seu filho, e fica tranquilo que tudo o que vier para ele, já estava na bolsa que a Samantha mandou.
- Promete para mim que vai me dizer qualquer coisa sobre a cirurgia do Harry? - Me ajeito na cama.
- Prometo Matt, mas agora você precisa descansar um pouco.
Assenti e fiquei na posição que costumava dormir, aos poucos o mundo ao meu redor foi se tornando distante e eu era transportado para um mundo onde tudo era mais fácil. O mundo dos sonhos.

Oie pessoal!!
Faltam apenas dois capítulos para darmos tchau para YBTM.
Vou postar o penúltimo amanhã e o último na quinta.
Espero que vocês gostem do final do nosso amado casal ❤
Obrigada por tudo ❤
- M