Capítulo 35

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O capítulo possui 1548  palavras

Ana

Em outro mundo.........

Desde que eu posso me lembrar que o meu pai foi um homem cruel, ele sempre arranjava um motivo para maltratar a mim e a minha mãe, é por isso que eu não a culpo por ter ido embora, mesmo que sem mim. Torcia que ela estivesse em um lugar melhor agora do que com ele.

Eu me lembro muito bem de tudo do dia em que a minha mãe partiu. Apesar de alguns acontecimentos daquele dia terem ficado muito confusos em minha mente. Na época eu tinha sete anos e morria de medo toda as vezes que o meu pai estava em casa.

[Lembrança]

- Querida, você não irá para a escola hoje. - Disse minha mãe. - Apenas fique quietinha e eu vou dizer ao seu pai que você está doente.

Meu pai me levava todos os dias para a escola e sempre fazia questão de me lembrar que se eu falasse algo sobre o que acontecia em casa para alguém ele machucaria ainda mais a minha mãe.

A minha mãe sempre me protegia das crises de raiva dele e sempre levava a pior por minha causa. Eu me sentia mal por isso, já que eu sentia que precisava proteger a minha mãe, mas era incapaz de fazer qualquer coisa por ela.

Eu não tinha entendido porque a minha mãe queria que eu ficasse em casa. Ela tinha me mandado para a cama mais cedo no dia anterior e disse que eu não podia sair do meu quarto. Eu vi à noite o meu pai abrindo a porta do quarto e conferindo se eu estava mesmo lá antes de ir embora. Ele sempre ficava atento a tudo que eu e a minha mãe fazíamos, como se tivesse medo de nós, como se quisesse nos manter aprisionadas e sem escapatória. No fim das contas era assim que eu realmente me sentia.

Meia hora se passou até a minha mãe voltar novamente para o meu quarto. Ela pediu que eu separasse algumas coisas que eu mais gostasse e tirou algumas roupas do meu guarda roupa e levou embora. Eu não entendi o que ela queria fazer, mas obedeci e peguei alguns objetos que eu gostava e entreguei a ela.

Eu me parecia muito com a minha mãe, o mesmo tom de pele, os mesmos olhos e até a os cachos do nosso cabelo eram os mesmos. As pessoas sempre ficavam impressionadas sobre como éramos muito parecidas.

Minha mãe voltou a aparecer e sorriu para mim.

- Hoje nós vamos a um lugar especial, Ana. - Ela disse. - Vista uma roupa quente porque está muito frio hoje.

- Tudo bem mamãe. Onde a gente vai? - Perguntei. - E se o papai ficar bravo? Ele vai te machucar de novo? Não quero que se machuque.

Minha mãe afastou o seu olhar de mim e passou a mão pelo rosto. Ela estava chorando? Ela, então, voltou seu olhar para o meu novamente.

- Não vai acontecer nada de ruim. Tudo bem? Só vamos dar uma volta, o seu pai sabe.

- Tudo bem então. - Respondi e fui me aprontar.

Vesti a roupa mais quente que encontrei no guarda roupa, estava um dia frio e eu nunca me acostumei com dias assim. Ao menor vento frio me encolhia e começava a tremer. Não eram os meus dias favoritos se eu precisava sair de casa.

Encontrei a minha mãe, ela também vestia uma roupa quente e levava uma mochila que parecia bem pesada nas costas. Eu me ofereci para ajudá-las, mas ela respondeu que não precisava.

Estávamos para sair de casa quando meu pai apareceu de repente atrás da minha mãe.

- Onde você acha que vai? - Ele perguntou.

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