Capítulo 52

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O capítulo possui 884 palavras

Páris

Meu irmão tinha vindo me visitar depois que suas próprias feridas sararam. Provavelmente alguém cujo nome começa com a letra "K" havia ameaçado ele para que ficasse quieto. Ele estava sentado na cadeira que Samuel havia colocado ao lado da minha cama.

Uma das minhas lembranças mais antigas era de quando eu estava doente e meu irmão ficou ao meu lado todo tempo, ele estava sempre ao meu lado quando éramos mais novos e talvez por isso doía tanto ser deixado de lado por ele.

Mas ele estava ao meu lado agora. Eu me lembro bem que ele disse que me explicaria tudo, mas agora ele estava apenas me encarando e não disse nada.

- Sabia que, se você nunca começar nada, nunca vai terminar nada? - Falei, tentando fazê-lo falar de uma vez. - Eu não morri atravessado por uma espada, mas esse suspense pode muito bem me matar.

- Essa suas piadas são péssimas e ninguém gosta. - Maycon disse. - Acho que alguém precisava te dizer.

Eu ri e isso fez com que eu sentisse dor, mas era suportável.

- Já disseram. - Falei. - Sinto muito irmão, você está atrasado. Onde está a Sabrina? Ela não voltou?

- Ela vai voltar quando estiver quase tudo pronto. - Ele disse. - Ordens de Henrique.

- Ótimo, assim a raiva dela fica mais distribuída.

- Bem....Você nos deixou preocupados. O que você estava pensando para pular na minha frente daquele jeito?

- Que mal agradecido. - Falei, mas eu percebi que ele estava nervoso. - Nem um obrigado.

- Pelo que eu deveria agradecer? Você quase morreu e eu..... - Ele se levantou e começou a andar pelo quarto. Depois parou do nada. - Eu não sabia o que fazer, eu só pude ficar olhando enquanto..... Se não fosse a Kátia, você não estaria aqui. É isso, eu tenho que agradecê-la. Ela foi muito corajosa.

- Espera aí, e o meu agradecimento? - Perguntei.

- Você tem que parar de ser imprudente, seu idiota.

- Idiota é você, que quase foi morto. - Respondi.

- Quem quase foi morto foi você.

- Por culpa sua, que fica bancando o bonzão, mas não sabe se defender.

- Como é? - Ele falou vindo na minha direção.

Fomos interrompidos por uma voz bem humorada.

- Eu pensei que tinha vindo ver o Páris, mas acho que entrei numa creche. - Falou Henrique.

Nós paramos de discutir e olhamos para o primeiro rei.

- Eu pensei que você tinha vindo conversar e se entender com seu irmão. - Ele disse para Maycon.

- E eu vim. - Maycon respondeu.

- Não parecia. - Falei para ele.

- Cale-se.

- Vem me calar.

- Ok, ok. - Disse o rei, se colocando ele entre nós. - Porque não conversamos um pouco.

Henrique faz Maycon sentar em uma cadeira e paga uma para ele.

- Como você está se sentindo? - Henrique me pergunta.

- Estou bem melhor. - Falei. - Eu soube que vocês estão reconstruindo as áreas destruídas. Ainda vai demorar muito?

Kátia entra no quarto com um copo na mão. Deve ser aquele líquido com plantas estranhas que ela vive me fazendo beber.

- Não vai, a gente vai terminar em breve. - Ele disse. - Não precisa se preocupar, a Sabrina volta logo. Achei melhor ela só voltar quando estiver tudo mais calmo.

Eu sorri enquanto eu bebo aquele líquido de gosto horrível, se bem que estava me acostumando com o suco verde.

- Ela não vai levar isso numa boa. - Falei.

Ele deu de ombros e parecia bem relaxado.

- Você conhece a Sabrina a muito tempo? - Kátia pergunta ao rei.

Acho que ela estava bem curiosa.

- Ela é minha irmã. - Ele responde. - Ou o mais próximo disso que eu tenho. Fomos criados juntos.

Kátia parece surpresa.

- Sério? - Ela disse. - Eu nem imaginava.

- Não falamos sobre isso. Ela não iria ficar segura se as pessoas soubessem da nossa conexão. Ela é filha da minha antiga babá, mas a mãe dela morreu quando ainda éramos crianças e meu pai a adotou como parte da nossa família.

- Imagino que vocês sejam muito próximos. - Ela disse. - Sabrina fala muito bem de você.

- Nós éramos mais próximos, mas sabe como é, tem gente que aparece e rouba as nossas irmãs. - O rei disse isso me olhando.

Eu engasguei e comecei a tossir. O rei riu da minha cara e Kátia correu para pegar água. Eu me senti um pouco melhor depois de beber água, mas Henrique ainda estava me encarando.

- Como vocês se conheceram? - Ela perguntou, mudando de assunto.

- Por causa do Maycon. - Henrique falou. - Ele era do crime.

- Eu estou bem aqui. - Maycon falou.

Ficou um clima estranho com as pessoas olhando umas para as outras sem dizer nada. Henrique deu de ombros como se não se importasse e Maycon suspirou.

Kátia disse que precisava ir ver como estava outra pessoa e depois de um tempo Henrique disse que ia embora também.

- Não briguem crianças. - Henrique falou como se fosse um velho sábio. - Todo mundo tem seus próprios motivos para fazer as coisas, então, mesmo que vocês não concordem, é bom entender o lado do outro.

Ele saiu e ficamos em silêncio por um tempo antes de Maycon falar.

- Acho que devo começar pedindo desculpas.

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Beijos.

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