Capítulo 1

239 46 591
                                    

O capítulo possui 2195  palavras

Eu odeio trabalhar em hospitais. Isso é irônico já que eu me formei em medicina. Algumas pessoas perguntariam porque eu segui na profissão se eu odeio trabalhar nela. A resposta é simples: Eu queria salvar vidas, mas cada vez que eu vejo alguém morrer eu me sinto impotente. 

Me pergunto o que eu fiz de errado dessa vez e se haveria um jeito de evitar isso no futuro. A família do homem que acabou de morrer no centro cirúrgico vítima de uma bala perdida vai sofrer porque eu não consegui salvá-lo. Ele estava sobre minha responsabilidade e eu falhei, assim como falhei com os meus irmãos. Me sinto péssima e ainda pior depois de dar a notícia a família do homem.

- Você está precisando de uma bebida. - Disse Gisele, minha melhor amiga, ao entrar sem bater no meu consultório.

- Da última vez que eu bebi com você, eu acordei na praia sem fazer a menor ideia de como eu cheguei lá. - Respondi olhando alguns dos papéis que estavam na minha mesa.

- Você tem que aprender a se divertir.

Ela saiu rindo e dizendo que me encontrava às 19:00 horas no bar perto das nossas casas. Morávamos no mesmo prédio.

Eu continuei sentada atrás da minha mesa pensando em como eu diria não a ela. Gisele estava acostumada a conseguir o que queria, geralmente eu não conseguia dizer não a ela.

Atendi mais alguns pacientes que não eram tão graves e encaminhei outros para hospitais mais especializados, quando era o caso. Depois q acabou o meu turno eu fui para casa.

No fim das contas, eu nem precisei dizer não a Gisele. Isso porque eu a encontrei no bar onde ela me esperava.

Ela já tinha pedido algo para nós duas. E aparentemente já estava de olho em alguém. Um homem muito bonito do outro lado do bar. Me aproximei de onde ela estava e sentei em uma das cadeiras.

- O que eu não faço por você? - Falei, soltando um suspiro cansado logo em seguida.

- Ficar em casa de pijama assistindo "muito bem acompanhada" na netflix? - Gisele pergunta.

- Não tem nada de errado em assistir esse filme. - Resmunguei.

Gisele concorda, mas para o meu azar ela não para por aí.

- O que está errado é fazer isso sexta à noite. - Ela disse.

- Você é uma chata.

- Mas você me ama mesmo assim.

- Convencida

Gisele riu e continua tentando chamar a atenção do homem. Ele não dava a mínima atenção e deu para entender o porque quando uma mulher se aproximou dele. Ele estava acompanhado. O problema é quando eu vi quem o acompanhava.

De todos os lugares que a filhote de cruz credo poderia escolher, ela tinha que escolher o lugar mais perto da minha casa para aparecer. A filha idiota, do meu padrasto idiota. Sua função na vida era perturbar a minha. Alguns podem achar arrogância minha dizer isso, mas isso é porque eles não conhecem a megera.

Gisele virou para mim decepcionada com o que viu. Ela conhece a Ana e sabe muito bem o quanto ela é má e todas as coisas que ela fez comigo. Só esperava que a cria de satã não percebesse que eu também estava no bar. A verdade é que eu queria ir embora, mas não daria essa satisfação a Ana.

Gisele, então, passou a procurar a próxima vítima dela, enquanto eu aproveitava a minha cerveja. Minutos depois a Ana apareceu na nossa mesa para estragar a felicidade alheia.

Mundos Opostos - Perdida (Sem Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora