Capítulo 7

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O capítulo possui 902 palavras

Bônus Samuel

A viagem estava quase no fim. Eu sentia a animação dos meus homens com a possibilidade de voltar para casa e ter sua vida de volta, com suas famílias e seus cargos. Foram seis meses bem difíceis. Além de procurar a Kátia e derrotar os inimigos do trono, eles ainda tinham que prender várias pessoas por traição e levar para a cidade para julgamento.

Aqueles que tentaram lutar contra nós acabavam mortos, não era o que queríamos, mas como toda guerra contra traidores do trono era o que acontecia. Assumimos a fama de saqueadores e eliminamos aqueles que não quiseram nos ajudar a chegar na mulher que se dizia filha do rei e que queria tomar o poder.

Essa era a primeira vez que eu voltava para casa depois desse tempo todo. Eu sentia falta das pessoas que aprendi a chamar de família, apesar de não ter nenhuma ligação sanguínea com eles. Só não voltei antes porque tinha que encontrar a maior traidora de todas. A Kátia desestabilizou o reino e prejudicou a minha família inteira, não voltaria sem poder levá-la a julgamento

Minha maior surpresa ao encontrá-la foi vê-la defender o irmão e o fato de ela não entender o meu idioma. Eu pensei a princípio que ela estava tentando me enganar para poder escapar, mas depois de conversar com meu melhor amigo Páris e de ver a forma que ela agia, comecei a suspeitar de que ela não era a pessoa que nós passamos tanto tempo procurando. E ainda tinha aquela roupa esquisita de algo que ela chamava de unicórnio que me deixou mais confuso sobre ela.

Todos notaram a diferença dela e era raro encontrar alguém que ainda tivesse raiva dela, mesmo que a distância e sem perceber, eles enxergaram a diferença. Minha maior preocupação era que eu conseguia detectar essa diferença bem demais, a ponto de esquecer várias vezes que eu a odiava e que ela não merecia confiança.

Depois do que Hannibal fez com ela eu me tornei incrivelmente protetor. Isso era novidade, até para mim. Sempre deixava alguém a vigiando, quando não era eu mesmo a pessoa a fazer isso. Acho que ela nunca notou e espero que continue assim.

Aquele dia, foi pura sorte que um dos meus homens decidiu me falar o que tinha acontecido. Na época, todos a odiavam e não ligavam para o que acontecesse com ela, mas esse homem sabia que ela tinha que ir a julgamento e não seria Hannibal a decidir o que aconteceria com ela, e por isso ela não morreu. Sinto meu corpo gelar só de pensar que ela poderia estar morta agora.

Era melhor não pensar mais sobre isso. Daqui a pouco eu não poderia mais disfarçar meu interesse por ela. Não quero que ela veja que o seu jeito corajoso e me maluco me deixou curioso demais sobre ela. É totalmente diferente de tudo que eu já vi e de todos que eu já conheci. Talvez com o tempo isso passe.

Acho que ficar tanto tempo perto dela também não está me fazendo bem. Fico suscetível a ela com toda essa proximidade. Quando ela me perguntou se eu a entendia eu fiquei muito tentado a dizer a verdade e falar que, sim, eu a entendia. Mas por sorte, no último instante eu desisti e achei melhor me fazer de doido, fingindo que não sabia o que ela falava.

Eu precisa criar uma distância entre nós novamente, mas não sabia como.

Pensei em mandar ela terminar a viagem com Páris enquanto terminava de colocar a sela do meu cavalo. Foi quando eu senti alguém me agarrar com força. Olhei para Kátia e ela parecia tremer da cabeça aos pés e eu fiquei muito preocupado que algo pudesse ter acontecido com ela.

- O que aconteceu? - Perguntei no meu idioma, mas sabia que ela não entenderia.

Ela me apertou um pouco mais e falou:

- Hannibal.

Será que aquele desgraçado havia feito mal a ela outra vez? Senti meu sangue ferver e eu queria ir atrás do maldito, mas ao olhar para ela para ver se estava bem e senti suas mãos geladas e o desespero nos olhos dela me fez puxá-la para mais perto e ajudá-la a se sentir melhor.

Quando ela parou de tremer eu fiquei mais calmo, mas isso não ficaria assim. Hannibal me pagaria pelo que fez. Era só uma questão de tempo até o rei saber o que ele fez. Eu já sabia que o rei a queria de volta inteira e que ela não iria morrer, por causa de um mensageiro que tinha chegado hoje, mas ele não sabia e ele teria que acertar as contas com o rei. E eu iria fazer o favor de contar isso a ele quando ele não pudesse fugir.

Coloquei Kátia em cima do cavalo e subi logo depois. Ela usava as minhas roupas e estava muito engraçada com elas. Isso não me incomodou nem um pouco. Páris já tinha me falado que ela tinha pegado as minhas coisas. Por mim, ela podia pegar tudo que quisesse.

Começamos a cavalgada para a cidade e depois de um tempo ela dormiu, por isso eu a apertei mais nos meus braços. Ela ia ficar bem, ia garantir isso.

 Ela ia ficar bem, ia garantir isso

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