Capítulo 53 - Parte 2

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O capítulo possui 1033 palavras

Maycon

Foi preciso muito tempo até conseguirmos mover a porta de entrada do abrigo. Algumas tábuas haviam caído em cima da porta e estavam atrapalhando. Páris me ajudou a empurrar e conseguimos sair.

Eu pedi que meu irmão esperasse por mim do lado de fora da casa. Ele não queria ficar sozinho, mas eu não podia deixá-lo entrar. Principalmente se houvesse algum corpo na nossa casa. A mulher foi bem clara sobre ter matado os nossos pais. Eu não queria que meu irmão visse o corpo deles. Além disso, eu tinha que nos tirar rápido dalí. Haveria tempo para chorar por eles depois. Eu estava com medo, eu queria meus pais e queria a nossa família junto de novo, mas eu tinha que cuidar do meu irmão.

Eu entrei na casa e não vi nenhum corpo, porém o chão estava com poças de sangue e manchas de sangue espalhadas pela casa, como se houvessem arrastado os corpos deles. Procurei por nossos pertences, tirei nossas coisas de dentro do fundo falso que havia no guarda roupa. Coloquei a pasta que a mamãe me entregou na minha bolsa, depois de revistar tudo que tinha sido colocado lá. Fiz o mesmo com a bolsa do meu irmão e então saí da casa.

Peguei Páris pela mão e passamos pela cerca do vizinho. Como ele não tinha cachorro, não ia nem notar que passamos por lá. Saímos da casa dele pela rua oposta a da casa em que estávamos. Fomos andando para a rodoviária. As passagens de ônibus na minha bolsa eram para a noite anterior, então eu teria que dar um jeito de trocá-las. Caminhamos por vinte minutos até parar em frente ao guichê de troca de passagem da rodoviária.

- Olá. - Eu disse para a senhora atrás do vidro. - Poderia, por favor, trocar essas passagens?

Eu passo os bilhetes pela abertura da janela de vidro e a senhora me olha desconfiada.

- Onde estão seus pais criança? - Ela pergunta.

- Papai me mandou vir trocar os bilhetes enquanto ele foi ao banheiro. - Eu disse a primeira coisa que consegui pensar. - Ele quer que seja o primeiro ônibus para esse destino que você tiver.

Ela me olha e parece acreditar. Ele checa as opções no computador.

- Temos um ônibus saindo em vinte minutos. - Ela disse. - Vocês foram sortudos. Temos três vagas nele.

Ela faz a troca e nos devolve as passagens corretas. Eu agradeço e ando em direção aonde ficam os banheiros tentando disfarçar a minha mentira e nervosismo. Eu seguro firme a mão de Páris. Um homem sai do banheiro e para ao lado de uma loja. Nós paramos ao lado dele.

- Aja naturalmente. - Digo ao meu irmão enquanto limpo uma sujeira em seu rosto. Seguimos o homem distraído como se o conhecêssemos e com isso ninguém nos dedicar sequer um segundo olhar e entramos no ônibus com facilidade.

A viagem leva algum tempo, mas passamos a maior parte do tempo dormindo. O problema agora será chegar até a casa da nossa avó.

Andamos até a saída da rodoviária, mas uma voz nos faz parar.

- Paulo? - Uma senhora aparece e fala o nome do meu pai enquanto olha para Páris. Ela sorri. - Você é a cara do meu filho.

Eu puxo meu irmão e fico na frente dele.

A mulher me olha com lágrimas nos olhos.

- Calma querido, eu não vou machucá-los. - Ela disse. - Pelo seu olhar eu posso imaginar que algo ruim aconteceu. Meu filho fez a coisa certa salvando vocês. Então, por favor, me deixe cuidar de vocês. Se vocês estiverem se perguntando o que faço aqui, saiba que eu vim pois fiquei preocupada. Meu filho disse que chegaria a noite, mas não apareceu e nem avisou. Então eu vim esperar aqui.

- Mas como sabe que somos quem você está procurando? - Perguntei.

- O seu irmão é igual ao meu filho e eu me lembro de você Maycon. - Ela fala e sorri para nós.

Eu não tinha escolha a não ser confiar nela por enquanto.

Fomos para a casa que ela tinha e pudemos ficar triste e chorar por nossos pais. No fim, aquela senhora era uma boa pessoa e cuidou bem de nós.

Isso durou alguns anos. Foram anos tranquilos e felizes onde tivemos a oportunidade de fazer amigos e morar na mesma casa por um tempo. Porém, nada seria tão fácil. A minha avó, em um momento que menos esperávamos nos disse que teríamos que nos mudar. Páris ficou confuso, mas eu sabia que eles tinham voltado. Aquelas pessoas que queria a pesquisa dos nossos pais.

Mas eu não queria essa vida novamente. Eu não queria que meu irmão passasse por aquilo de novo. Então, eu tomei a minha decisão. Peguei os documentos que os meus pais nos entregaram naquele dia e li tudo. Antes, eu queria esquecer tudo que aconteceu, mas tinha chegado a hora de encarar os fantasmas do passado.

Os documentos que meus pais tinham não eram sobre coisas boas, na verdade, eles desenvolveram pesquisa para acabar com as pessoas "meio humanas" e "meio animais" também conhecidas como semi-humanos. Eles iam estimular o não aparecimento dos genes animais dos semi-humanos, tornando-os humanos "puros", porém eles ainda teriam as forças e capacidades de pessoas semi-humanas. Aparentemente, a ideia da pesquisa surgiu com o nascimento de um semi-humano que não possuía características físicas animais de nenhum de seus pais. Isso disseminou a ideia de humano "puro" e aumentou o preconceito com os semi-humanos.

Por alguma razão, ler aquilo me fazia sentir enjoado. Porque meus pais guardaram aqueles papéis? Se a base de toda a pesquisa deles caísse nas mãos das pessoas que os mataram nós estávamos numa situação bem ruim.

Ao fim dos papéis havia uma carta. Na frente do envelope tinha o meu nome escrito. Depois de ler a carta eu queimei aqueles documentos, e logo em seguida abandonei o meu irmão e minha avó. Fiz um acordo com as pessoas que estavam nos caçando e assim protegi minha família.

 Fiz um acordo com as pessoas que estavam nos caçando e assim protegi minha família

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