Capítulo 8

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O capítulo possui 2523 palavras

- Kátia.

Ouvi o meu nome ser chamado por uma voz forte e abri meus olhos lentamente. Olhei para Samuel e ele estava me olhando com aquele lindos olhos negros.

Esse pensamento me fez acordar.

Quando foi que os olhos dele saíram de assustadores para lindos?

Eu deveria estar muito bêbada de sono mesmo.

- O que foi? - Perguntei.

Ele olhou para frente e eu também. Estávamos quase chegando em um lugar com o muro e o portão mais altos que eu já vi em minha vida. Eu nunca tinha ido a muralha da china, mas imaginava que teria um muro tão alto quando a daquela cidade. O portão dourado brilhava imponente ao sol do fim de tarde.

Em poucos minutos estávamos atravessando o grande portão e indo em direção ao palácio do rei. Esperava apenas que Deus me protegesse e eu não acabasse morta, de preferência. Se não fosse pedir demais.

Quando chegamos ao palácio, o rei já nos esperava, e eu estava tremendo só de pensar que a minha cabeça ia rolar. Literalmente. Samuel não desceu do cavalo e também não me afastou dele. Não sabia o que ele estava esperando para se livrar de mim, mas também não estava reclamando.

O rei parou a alguns passos de nós e a mulher de pele escura e cabelo liso, que estava ao lado dele, e parecia ter quase 40, se aproximou de onde estávamos e olhou para Samuel. Ela disse a ele algo e sorriu. Samuel resmungou alguma coisa e desceu do cavalo. Depois me ajudou a descer e eu fiquei lá parada sem saber o que fazer. Olhei para o meus próprios pés que ainda estavam com as botas de Samuel e não disse nada.

Uma mão delicada encostou no meu queixo e me fez levantar a cabeça. Olhei para os olhos castanhos da mulher e ela sorriu para mim. Esse sorriso me deu esperança. Talvez eu não acabasse morta no fim das contas. Ela disse algo que eu não entendi.

- Eu não te entendo. - Respondi.

- Desculpe. - Ela falou. - Pensei que conhecesse esse idioma. Sendo sincera, eu prefiro falar no meu idioma natural do que no outro.

O que ela disse me tranquilizou mais, mas eu fui direto ao que estava me incomodando.

- Eu vou morrer? - Perguntei a ela.

- Não querida. - Ela disse eu respirei aliviada. - Estava com medo, não é?

Assenti. Ela sorriu, me passando segurança.

- Eu convenci o meu marido a conversar com você e tentar ter uma boa relação com você. Você não tem culpa do que aconteceu e às vezes, para termos atenção dos nossos pais, fazemos coisas que nos arrependemos depois. Você não vai ser condenada por isso, mas terá que se comportar agora.

Assenti, mas algo me incomodava.

- O que aconteceu que eu não tenho culpa? - Perguntei, sendo a maluca que eu sempre sou.

- Você não sabe?

Ok. Sei que eu deveria saber o que estava acontecendo, mas mentir sempre tornava tudo pior, mesmo que me chamassem de louca, eu não ia fingir que tinha noção do que estava acontecendo quando não tinha.

- Não. - Respondi.

Ela falou algo para Samuel e ele respondeu. Ficava sempre frustrada por não entender o que falavam nesse idioma.

- Eu vou te explicar tudo querida, mas você também terá que me contar algumas coisas. Tudo bem para você?

- Acho que sim.

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