Capítulo 51

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O capítulo possui 1039 palavras

Kátia

Os dias estavam muito cansativos. Havia muita coisa para ser feita. Depois que tentaram invadir a residência real tudo ficou uma bagunça. As pessoas da cidade estavam voltando aos poucos, depois da fuga para a cidade vizinha, e eles estavam ajudando a limpar e organizar tudo que tinha sido destruído.

Eu finalmente tinha conhecido o Lobo. Ele parece ser uma boa pessoa, mas algumas coisas sobre ele ainda parecem um pouco estranhas. Ele parece alguém que já passou por muita coisa. Provavelmente era por isso que às vezes ele era bem direto sobre as coisas, mesmo parecendo ser só um pouco mais velho que eu.

Muitos ficaram desconfiados sobre ele no começo. Principalmente porque ele é um dos semi-humanos que mais odeia os humanos. Mas, agora, parece que ele conseguiu a confiança de todos. Em poucos dias ele estava dando ordens a todos para que tudo voltasse a seu lugar e eu não vi ninguém hesitar em fazer o que era pedido. Samuel estava muitas vezes ao seu lado e isso deve ter contribuído para que as ordens dele fossem aceitas.

Eu estava recebendo ajuda da Laura, que parecia muito interessada sobre as plantas e seu poder medicinal. Ela era praticamente minha assistente e era tão curiosa sobre tudo que isso a fazia parecer ainda mais fofa do que era. O que me faz pensar sobre os motivos que levariam alguém a querer machucá-la. A pessoa teria que ter um coração muito podre para isso.

Gisele, Ana e o Samuel do meu mundo também ficaram para ajudar. Eu ouvi o Samuel comentar com a Ana sobre como era estranho ter alguém idêntico a ele em outro mundo, e sobre como ele agora entendia o protagonista do filme "o confronto". Eles ficavam bem juntos, mas eu me perguntava se a Ana percebia isso. Depois que eu soube mais sobre ela eu passei a entendê-la melhor. Não poderia dizer que somos melhores amigas, mas posso entender porque ela agia daquela forma e acho que isso é um bom começo. Gisele já era outra história. Aquela ali não tinha jeito. Ela já estava ajudando com a arrumação da residência real, mas por algum motivo, todas as vezes que eu a via, ela estava conversando com o rei Henrique. Ela ia acabar arrumando confusão.

Páris estava bem melhor e já conseguia comer sozinho. A resistência que as pessoas daqui tinham era impressionante. Amanhã, o resto da população da cidade iria voltar e Páris teria que lidar com a fúria da Sabrina. Ela estava muito preocupada com ele pelo que eu soube e deve estar ainda mais furiosa porque o primeiro rei falou que ela só poderia voltar quando fosse seguro. Talvez fosse melhor tirar tudo que pudesse ser perigoso do quarto do Páris.

Estava indo para a cozinha com algumas plantas numa cesta quando eu ouvi alguém me chamar. Eu me virei para receber o dono daquela voz com um sorriso largo.

- Há muito tempo sem te ver. - Ele disse. - Estava com saudades.

Ele me puxou para mais perto dele e me beijou, demonstrando o quanto sentiu a minha falta. Eu soltei a cesta e me apoiei nele, me aproximando ainda mais. Tínhamos nos encontrado mais cedo, mas não estava reclamando da sua empolgação em me ver. Eu tinha a sensação que ele estava pensando que eu poderia desaparecer novamente a qualquer momento. E nesse caso, mesmo que eu dissesse qualquer coisa não ia resolver. Tudo que eu poderia fazer era ficar ao seu lado e deixar isso passar com o tempo.

- Também senti sua falta. - Falei, quando ele interrompeu o beijo.

Ele colocou uma mecha de cabelo que tinha caído nos meus olhos atrás da minha orelha.

- Sua mãe estava te procurando. - Ele disse. - Ela estava reclamando que tem te visto pouco.

Minha mãe e ele ficaram muito amigos, principalmente porque a minha mãe é muito mais aberta para falar as coisas do que eu, e ela contou toda a minha vida para o Samuel, até as vergonhas que eu passei. Eu queria achar um buraco para me enterrar, mas Samuel é sempre fofo sobre tudo e ele dizia coisas legais até sobre as maiores vergonhas da minha vida.

- Eu estou ocupada. Aquele médico é um pouco devagar, mas não vou julgar, ele tem muitas coisas do meu mundo pra aprender ainda. - Falei. - O que me lembra..... Eu estava pensando....

Eu não sabia como colocar em palavras aquilo, apesar de ter pensado muito no assunto. Ainda era algo que eu não sabia se seria permitido que eu fizesse.

- O que você está pensando? - Ele disse. - Pode fazer o que quiser. Só me dizer o que precisa e eu te ajudo.

- Fácil assim? - Perguntei com um sorriso. Meu coração batia forte, quem resistiria a isso? Todo dia eu estava um pouco mais apaixonada.

- É claro que é fácil assim. Tudo pela minha princesa.

Eu ri.

- E você é meu cavaleiro de armadura brilhante, imagino. - Falei.

- Isso é algo bom? - Ele perguntou confuso.

Eu afirmei com a cabeça que sim e ele sorriu.

- Então.... - Ele sussurrou perto do meu ouvido. - Vai me contar o que estava pensando?

Eu fiquei arrepiada. Tentei fingir que estava tudo certo enquanto balançava a cabeça que sim. Como eu ia falar agora? Ele tinha acabado com a minha voz.

Laura chegou para acabar com a minha vergonha. Ela disse que estava na hora de trocar os curativos de um dos feridos do ataque. Samuel disse um oi para Laura e acenou e ela faz a mesma coisa para ele. Ele sorriu e piscou para mim antes de ir embora, mas parou alguns passos depois e me olhou.

- Vou esperar ansioso para ouvir o que passa nos seus pensamentos. - Ele disse. - E lembre-se de ir ver sua mãe.

- Tá bem. - Respondi, minha voz havia voltado.

Ele sorriu e foi embora. Eu respirei fundo, acalmando meu coração acelerado antes de pegar a cesta no chão e ir fazer o meu trabalho.

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Beijos.

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