O capítulo possui 962 palavras
Carta
"Queridos filhos,
se vocês estiverem lendo essa carta agora é provável que o pior tenha acontecido. Essa não era a forma que eu gostaria de contar sobre o que eu e seu pai fizemos, mas eu passei muito tempo pensando e carregando esse segredo, sem saber como falar. Espero que possam nos perdoar depois de tudo.
A muito tempo atrás, eu trabalhava em uma empresa de manipulação genética. A mesma empresa fundada pelo pai da genética, Klaus, o geneticista que desenvolveu o medicamento que fez o nosso mundo voltar ao normal. E como vocês sabem, o nosso mundo mudou bastante depois disso. Foi por causa desse medicamento que os semi-humanos surgiram. Claro que, na época, ninguém imaginava que existiria esse tipo de efeito colateral.
Os semi-humanos não são monstros, eles apenas evoluíram de uma forma diferente, mas como vocês já devem ter percebido existe muito preconceito com relação a eles, ao ponto de muitos quererem vê-los mortos. Porém, esse nunca foi o meu desejo. Tudo que eu queria era que pudéssemos nos tornar mais fortes juntos. Os semi-humanos têm uma alta resistência, eles raramente ficam doentes e se recuperam rápido. A evolução deles não chega perto de qualquer alteração genética já feita no mundo.
Por causa disso, nosso laboratório estudava uma forma de acabar com todas as doenças. Uma alteração genética, a partir dos estudos de Klaus, que tornariam as pessoas muito mais saudáveis. Ou foi o que eu pensei.
A realidade do que acontecia naquela empresa era muito diferente. O que eles queriam era eliminar os semi-humanos, eles os consideravam como defeituosos. Mas eu só descobri isso muito tempo depois.
Quando eu tinha 28 anos, eu trabalhava na área de testes de medicamentos, mas fui transferida para o setor de recolhimento de dados e desenvolvimento de amostras. Muitas pessoas como eu passaram por uma transferência também. No começo, todos estavam confusos, mas foi então que um bebê nos foi apresentado. Não posso nem definir o choque que foi para nós quando os soldados trouxeram aquele bebê para dentro do complexo e nos mandar tomar conta dele. Mas não era só isso, além de termos que cuidar dele, nós tínhamos que recolher amostras e estudá-lo.
Todos estavam em choque. Porque faríamos isso a um bebê? Ninguém se mexia ou fazia qualquer coisa, apenas olhávamos para aquele bebê. Isso até o presidente da empresa aparecer e explicar a situação. Aquele bebê era um semi-humano.
No começo ninguém entendeu, já que o bebê não parecia semi-humano. Ele parecia com um bebê comum e ninguém entendeu. Disseram que aquela criança apesar de semi-humano não nasceu com as características de um bebê semi-humano. Ele nasceu como um humano e começaram a chamá-lo de bebê "puro". E queriam transformar todos os semi-humanos em "puros" também.
A criança não tinha nome, família e crescia em um laboratório estéril. Colhiam amostras de sangue, cabelo e tecido, faziam exames regulares de sua saúde e desenvolvimento. Mas ninguém chegava a uma conclusão sobre como ou porque ele era diferente. Porém, tudo era usado como uma desculpa para dizer que os semi-humanos poderiam se tornar humanos e torná-los na mente das pessoas criaturas anormais e às vezes monstros.
Eu não me sentia bem com aquilo, em ver uma criança sofrer. Não era por isso que eu trabalhava lá. Odiar os semi-humanos, que nunca nos fizeram mal, era algo que eu nunca entendia. Porque tínhamos que ser assim? A criança não tinha culpa e eu só podia imaginar o que fizeram com os pais do bebê. Eles provavelmente tinham morrido nas mãos do exército do meu país. Nas mãos de Sianurab. Por mais que os semi-humanos fossem fortes, sozinhos eles não poderiam resistir.
Eu me escondia e chorava por aquele bebê. Eu não aguentava mais ver aquilo. Eu queria ir embora, mas sabia que isso só me deixaria com a consciência pesada. Seria como abandoná-lo. Eu fiquei lá. Deveria ter um jeito de tirá-lo daquele lugar.
Foi então que eu conheci alguém que pensava como eu, seu nome era Paulo. Eu pensei que ele era como os outros e estava tentando me enganar com sua história de se sentir mal por aquele bebê semi-humano. Mas eu decidi arriscar. Ele já tinha me visto sofrer pela forma como a criança era tratada e ainda não tinha me denunciado.
Em uma semana nós preparamos um plano para tirar o bebê, que já estava com 9 meses de lá. Na noite daquele dia a segurança ia ficar mais fraca porque iriam receber material para os laboratórios. As pessoas da empresa estariam trabalhando no recebimento do material e a segurança ia diminuir, apenas uma pessoa ficaria responsável por vigiar o bebê, mas nós colocamos remédio para dormir no café dele e ele não seria problema.
Depois disso, nós fugimos de Sianurab com o bebê e desde então somos perseguidos por eles. Eu sei que deve ser ruim ter passado a vida inteira fugindo e eu peço desculpas a vocês. Mas não me arrependo de ter tirado aquele bebê de lá. Não me arrependo de poder tê-lo visto crescer, Maycon, você parecia tão feliz e isso me fazia feliz. Fazia valer a pena tudo.
Paulo, o pai de vocês, era uma boa pessoa, nós nos conhecemos melhor ao longo dos anos e nos tornamos mesmo uma família. Tivemos o Páris, um garoto tão inteligente. Ele gostaria de vê-los crescer mais, mas talvez não seja possível.
Eu espero apenas que vocês saibam que eu amo vocês dois mais que tudo, meus filhos. Vocês me fizeram uma pessoa muito mais feliz do que eu poderia imaginar ser.
Com amor,
mamãe"
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Beijos.
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Mundos Opostos - Perdida (Sem Revisão)
ChickLitKátia, ou Kat para os mais próximos, descobriu que a mais sobre o mundo do que ela conhecia. Na verdade, ela descobriu que existiam outros mundos. Como ela descobriu isso? Bom..... um belo dia ela foi dormir em sua cama macia e com lençóis macios e...